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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Terapia do Esquema de Jeffrey Young


Voltando ao TPOC como POSSÍVEL comorbidade do TPB,  e falando hoje sobre uma das terapias que mais têm resultado, especialmente no Brasil, tanto num como no outro transtorno, hoje vamos falar sobre a Terapia do Esquema de Jeffrey Young.
A Terapia do Esquema de Jeffrey Young foi desenvolvida especialmente para trabalhar com indivíduos com transtornos de personalidade que foca nos modelos iniciais desadaptativos.

Vale sempre a pena lembrar que qualquer transtorno de personalidade será sempre mais complexo que os ditos transtornos clínicos do Eixo 1 e com toda a certeza uma terapia de longo prazo e exigirá muito mais tanto do profissional como do paciente.

Este modelo ou terapia entende os transtornos de personalidade sob 3 pontos básicos:

- RIGIDEZ E INFLEXIBILIDADE NA PERSONALIDADE - O mesmo padrão de comportamento tende a mentar-se mesmo que os contextos sociais, econômicos ou ambientais mudem.

- EVITAÇÃO - Evitação cognitiva de acontecimentos, situações ou lembranças que possam ativar os gatilhos de atos ou sentimentos aversivos. O indivíduo opta por suprimir todos e quaisquer relacionamentos ou contato com o que lhe causa algum tipo de transtorno à sua "rotina de bem-estar".
A evitação comportamental neste caso faz com que o indivíduo, pelas suas certezas ou suposições, evite lugares, pessoas ou situações e desta forma o seu mundo fica cada vez mais pequeno e as relações cada vez mais reduzidas. Tudo isso para evitar o sofrimento emocional.

RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS DISFUNCIONAIS - Os relacionamentos destes indivíduos adquirem uma disfunção crônica. A não permissão de se darem e desfrutarem dos demais causa distanciamento, falta de empatia e a cada dia uma dificuldade maior de confiança nos demais. É muito raro acontecerem vínculos de intimidade maior com este indivíduos... não porque eles sejam desprovidos de emoção mas precisamente o contrário. Eles foram machucados demais por esse excesso e por isso deixaram de acreditar e passaram a evitar a qualquer custo.


Este modelo vai, portanto, trabalhar nestes três principais aspetos. Este esquema trabalha especialmente nos esquemas iniciais desadaptativos como: temas extremamente estáveis e duradouros que se desenvolvem durante a infância, são elaborados durante a vida do indivíduo e são disfuncionais em grau significativo.

Os sistemas desadaptativos mais prevalentes em indivíduos com Personalidade Obsessiva Compulsiva são 4:

- NEGATIVISMO E PESSIMISMO: estes indivíduos focam o seu dia-a-dia nos aspetos negativos da vida e abolem praticamente toda a positividade que possa surgir através do seu negativismo exacerbado.
Os seus pensamentos de negatividade e suposições pessimistas tornam-se até por vezes delirantes devido à sua improbabilidade causados pelas ações derrotistas.

- INIBIÇÃO EMOCIONAL - O indivíduo evita demostrações de sentimentos ou expressões espontâneas por pavor ao sentimento de desaprovação, sentimento de culpa ou perda de controle. Eles inibem os seus sentimentos e espontaneidade para não aumentarem a possibilidade de serem expostos a situações desconfortáveis ou que saiam fora do seu controle.

- INFLEXIBILIDADE - Esses indivíduos creem que só estando á altura no desempenho de padrões e regras muito elevados por eles mesmos criados são dignos de interagir na sociedade e isso quase nunca acontece com eles. São extremamente exigentes consigo mesmos e com os outros. Como consequência os sintomas de ansiedade e insatisfação são sempre elevadíssimos.

- PUNIÇÃO - Estes indivíduos elaboram esquemas de punição para aqueles que não cumpram as suas normas. Por isso são habitualmente indivíduos intolerantes, impacientes, extremamente críticos com o comportamento de todos que não estão dentro do padrão que eles esperam, inflexíveis, rígidos, muitas vezes agressivos devido à sua impulsividade e ansiedade sempre presente na sua conduta.

Jeffrey Young chamou ao modelo de tratamento destes transtornos de esquemas desadaptativos... e no próximo artigo continuaremos a falar disso mesmo.
Se estiver interessado não deixe de nos seguir.

By: L.M. - Blog Apenas Borderline

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Como as pessoas com TPOC se vêem e vêm os outros


Os indivíduos com Transtorno Obsessivo Compulsivo têm uma visão de si mesmos de pessoas responsáveis, competentes, meticulosos e confiáveis. Já a forma como eles vêm os demais costuma ser bastante crítica, ou seja, tudo ao contrário deles: irresponsáveis, incompetentes, casuais e preguiçosos. Isso tudo baseado no que referi no artigo anterior das causas do transtorno. Crenças rígidas e distorcidas da realidade do que é ser saudável. Eles se comportam como tendo a certeza de que sabem o que é melhor, os detalhes de cada coisa são super importantes, todos os demais deveriam se esforçar tanto como eles em todas as situações, etc. Tudo isso leva a uma necessidade de controle dos demais na forma organização, crítica e punição. Ou seja eles tendem a repetir rituais mesmo que muitas vezes de forma inconsciente, porque o aprendizado deles foi deficiente e não têm outras bases de referência, mesmo que muitas vezes isso os tenha feito sofrer.

Essas características e o medo de cometerem erros fazem com que esses indivíduos se isolem. A forma de olhar o mundo rígida destes indivíduos vão, pela vida fora, impedindo as mudanças do seu comportamento e personalidade.A necessidade de evitar erros a qualquer custo, qualificar os erros como intoleráveis, o cuidado e método que têm de ter com tudo faz com que a ansiedade destes indivíduos seja uma característica que não os abandona jamais,vão onde forem e estejam com quem estiverem.

A rigidez do que é certo ou errado na vida é demasiadamente notória e marcante nestes indivíduos. O perfeccionismo é extremo, ou seja, se não está feito da forma que ele considera certa então é completamente errado, sem sentido!A preocupação com a suposta evitação de desastres é notória, ou seja, eles têm a ideia que se fizerem as coisas da forma certa, repetir hábitos que deram sempre certo, só assim poderão evitar acidentes ou eventos desagradáveis. 
O poder das preocupações está sempre presente nesses indivíduos impedindo-os de ter momentos de relaxamento, mesmo que por vezes eles tentem mostrar o contrário por meio da negação. Mas mais tarde falaremos disso.

No próximo artigo falarei duma forma de terapia que costuma funcionar muito bem nos indivíduos com Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo.

Até breve.


By: L.M. - Blog Apenas Borderline


Fatores que desencadeiam o TPOC


Continuando o tema do último mês deste ano (o TPOC como possível comorbidade do TPB) vamos falar hoje sobre o fator principal que parece estar na origem do transtorno e manutenção do mesmo:
Fator ambiental relacionado principalmente à família.


Os indivíduos portadores do Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo crescem no meio de comportamentos de controle de punição e reforçamento negativo para controlar o comportamento do indivíduo.Defina-se como punição um tipo de atitude que impede um determinado comportamento de voltar a ocorrer.

Voltando a falar dos fatores ambientais e especificar melhor do que estamos falando:

- Os pais destes indivíduos normalmente tomam atitudes de firmeza, repressão, inflexibilidade e muitas vezes de punição (física e/ou emocional). Os pais ou cuidadores destes indivíduos são indivíduos que também possuem regras rígidas a respeito de "educação" e manifestam esses comportamentos com os filhos.

- Os indivíduos com TPOC crescem com uma submissão excessiva às exigências dos pais (ou cuidadores) que é mantida pelo reforço negativo. Submetem-se à repressão, submissão, inflexibilidade para evitar punições, represálias e/ou críticas. O indivíduo ao observar o comportamento rígido (jamais se entenda esta rigidez neste caso por comportamentos saudáveis ou corretos) e vai construindo a sua personalidade à semelhança dos pais.

- A aprendizagem destes indivíduos baseia-se em termos de responsabilidade que resultam em culpa e ansiedade quando não são seguidos. Esses indivíduos desde crianças são expostos a regras de responsabilidade e moral rígidas distorcidas.

Hoje a publicação é bem pequena e básica, apenas com função de explicar a origem deste transtorno, pelo menos até onde se sabe no momento.


No próximo artigo vamos entender melhor como os indivíduos com Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo se vêm a eles mesmos e vêm os demais, ou seja, a sua forma de ver o mundo.
Isso e muito mais até ao final deste mês.


Até breve.

By: L.M. - Blog Apenas Borderline

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Série Dupla identidade inspirada na série britânica The Fall

The Fall e Dupla Identidade com Jamie Dornan e Bruno Gagliasso



Cenas da série Dupla Identidade da Rede Globo com Bruno Gagliasso inspirada na série britânica The Fall da Canal BBC Two com Jamie Dornan, ator que irá fazer Christian Grey nos cinemas!


Por agora deixo apenas aqui as duas fantásticas séries disponíveis online para vocês assistirem.
Mais tarde farei um artigo sobre a personagem da série brasileira Ray, portadora do Transtorno de Personalidade Borderline e farei algumas considerações sobre o personagem.


Vale lembrar duas questões muito importantes:

1 - A Dupla identidade é uma série televisiva de FICÇÃO, ou seja, nada mais que isso.
Se fosse para ser realidade a produção teria feito um documentário.

2 - A série tem como personagem principal o Edu, um psicopata serial killer que é protagonizado e muito bem por um ator excelente e que teve a possibilidade de se ir preparar para o papel nos EUA com os melhores especialistas sobre o tema permitindo um desempenho exímio.
Já a Ray é um personagem de carácter mais que secundário que, por acaso, se inspira numa pessoa com transtorno de personalidade borderline. Apesar de ser uma atriz muito capaz, ela não teve a sorte do protagonista da série e teve de se preparar com informações que obteve no Brasil... enfim, mais palavras para quê, verdade!?

Série: The Fall - Legendado

http://megafilmeshd.net/series/the-fall.html

ou em:

http://www.seriesvideobb.com/2013/05/assistir-the-fall-1-temporada-online.html

Série: Dupla identidade

http://www.dailymotion.com/video/x26cafv_serie-dupla-identidade-tv-globo-episodio-1_shortfilms

Até breve!

By: L.M. - Blog Apenas Borderline

domingo, 7 de dezembro de 2014

TOC - Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo


Como todos os que acompanham o Blog Apenas Borderline já sabem, este mês vai ser dedicado ao Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo.
Este é um dos transtornos que mais tem prevalência como comorbidade do TPB embora muitos pacientes ignorem o fato por desconhecimento do que realmente é o transtorno.
É diferente do transtorno obsessivo-compulsivo. Enquanto no TOC a pessoa tem pensamentos fora de seu controle, mas que ela gostaria de evitar, quem tem transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva não percebe que seu padrão de pensamento é problemático. A pessoa acredita que seu perfeccionismo e necessidade de controle são pensamentos certos, e que todas as pessoas estão agindo de forma errada.


Comecemos então esclarecendo alguns pontos pela definição base que o DSM-4 dá para esse transtorno duma forma que todos possam entender.

O DSM-4 define o transtorno como um padrão geral de preocupação com ordem, perfeccionismo emocional e controle mental e interpessoal à custa da flexibilidade, espontaneidade e da eficiência. Todas estas características são marcadas por extremos. Ordem, regras, princípios e uma auto-exigência extrema.

O DSM-4 nos mostra igualmente 8 critérios para ajudar a definir um diagnóstico correto sobre o TOC, sendo que o paciente necessita apresentar pelo menos 4 para se encaixar neste padrão. 

- Uma preocupação exagerada com detalhes, normas, listas, ordem, organização ou horários até ao ponto de perder de vista o objetivo principal da atividade e interferir diretamente no quotidiano do indivíduo. Esses indivíduos não dão valor a atividades de relaxamento.

- Vulnerabilidade à critica e avaliação negativa devido ao plano elevado de perfeccionismo e ao fato de não tolerarem o erro. Temem a exposição e avaliação dos demais por terem uma hipersensibilidade à crítica. Esse perfeccionismo é uma compensação que eles mesmos se cobram por terem por detrás uma auto-imagem frágil.

- Estabelecimento de relações formais com os seus pais. Devido à adoção do comportamento pessoal exacerbado eles resolvem não ativar em si mesmos emoções que para eles têm reação aversiva. O contato publico se vê como não muito próximo e íntimo com os seus pais estabelecendo desta forma relações formais e distantes.


- Pensamento extremamente rígido que se centra numa atenção exagerada em detalhes funcionando baseado apenas em elementos concretos. Eles não conseguem ter uma visão do todo o que torna as relações interpessoais, por exemplo, bastante complicadas. O seu pensamento é muito centrado em detalhes específicos. São muito apegados a princípios morais, éticos e comunitários. Formam princípios rígidos acerca de regras em relação à sociedade que são difíceis de modificar até por meio de terapia porque são princípios formados provavelmente desde as suas infâncias.

- Preocupação excessiva com eventos improváveis, ou seja, perda de realidade. O indivíduo faz previsões extremamente negativas de eventos futuros o que mantém o padrão de ansiedade permanentemente elevado.

- São indivíduos carentes de imaginação. O pensamento desses indivíduos, como já se falou antes, é muito concreto, sendo assim, em determinadas situações têm dificuldades em encontrar soluções alternativas para determinados obstáculos do quotidiano ficando excessivamente centrados em um pensamento que é marcado por uma rigidez e não consegue encontrar soluções alternativas.

- São indivíduos pouco afetivos, normalmente são reservados e são regidos pelo intelecto. São indivíduos que muitas vezes são rotulados como frios, desprovidos de emoção e distantes. Não porque eles não tenham a capacidade de sentir mas porque eles utilizam de mecanismos, de fuga esquiva das emoções. São indivíduos que tendem a se isolar e as relações interpessoais ficam mais restritas ao campo profissional. São indivíduos que não têm muitos amigos ou se têm amigos não existe uma relação de intimidade muito profunda. Eles evitam absolutamente esse tipo de relações.

- Apresentação de um padrão de ansiedade e tensão crônicos, o medo do fracasso e consequentemente, também nesta área, um controle emocional extremo o que leva ao aparecimento de sérios sintomas psico-somáticos e diversos problemas de saúde. São indivíduos que somatizam muito as suas emoções. Não raramente esses indivíduos apresentam problemas de gastrite, úlceras, problemas neuro-musculares, a musculatura é sempre muito tensa sendo observada pelos olhos mais atentos mesmo no comportamento não verbal dos indivíduos.

O DSM-4 diz que há uma prevalência de 1% deste transtorno na população geral e de 5% entre os pacientes com transtornos psiquiátricos.
Diz também que o TOC é mais comum em sociedades desenvolvidas ocidentais, em homens do que em mulheres...


Eu tenho sempre uma certa relutância em aceitar este tipo de estatísticas porque existem uma série de fatores a serem considerados que efetivamente não são como por exemplo, serem baseados nos casos diagnosticados que, como podem perceber, são muito raros e quase sempre baseados nos casos mais graves da patologia. Raramente é diagnosticado um TOC e menos TPOC num indivíduo que não apresente o primeiro ponto apresentado pelo DSM-4, então um olhar mais atento sobre este ponto estatístico tem de ser feito.
O transtorno tende a se agravar com o passar do tempo se não for diagnosticado a tempo e tratado adequadamente então vale a pena ficar atento a alguns dos traços, sintomas e comportamentos e serem levados em consideração.
Os pacientes devem levar estas preocupações aos seus médicos e terapeutas e dar a importância que realmente eles têm.
A frase: "Eu sou assim, sempre fui e não vou mudar" faz parte da época da "pré-história", duma mente em negação e conformada. Você pode mudar sim, ser ajudado sim e ter uma vida melhor e mais saudável sim!!
O caminho não é fácil mas é possível.
Cabe a você e só a você querer mudar e jamais desistir!
A responsabilidade dos especialistas é apenas de 50%... os outros 50% terá de caminhar você!!

Esta foi a primeira abordagem sobre o tema deste mês. Como sempre tentei descrever da forma mais simples cada um dos pontos para melhor entendimento.
Espero que tenha sido útil e esclarecedora de alguma forma.


Ao longo do mês encontrará aqui muito mais sobre o Transtorno Obsessivo Compulsivo. Não deixem de nos acompanhar.

By: L.M. - Blog Apenas Borderline


terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Clarice Lispector - Personalidade Limítrofe ou Borderline


Antes de começar o tema do mês de Dezembro relacionado com o TOC como POSSÍVEL comorbidade do TPB não resisti em publicar para vocês uma entrevista da escritora Clarice Lispector que me causou muito interesse a nível de análise da sua incrível personalidade.

Catalogada por alguns como ermita (como ela mesmo fala) e por outros como estranha, Clarice denota em todo o seu discurso forte característica depressiva, de inadequação social, angustias e desesperos infindáveis, aborrecimentos perante a vida absolutos e de forma quase contínua... estes e muitos outros sintomas ficam evidentes nesta pequena mas tão maravilhosa entrevista.

A luta pela descoberta do seu Self fez-se evidente nas suas narrativas que deixou para todos nós.

Como ela mesma falou a certa altura da sua entrevista:

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

"Eu não sou uma profissional. Só escrevo quando eu quero. Eu sou amadora e faço questão de continuar sendo amadora.
Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo ou então em relação ao outro... eu faço questão de não ser uma profissional. Para manter a minha liberdade!..."


Interview with Clarice Lispector - São Paulo, 1977 (English subtitles)




Quantas Clarice's haverão no mundo sem coragem de se assumir apenas porque a sociedade não permite?...
Apenas para reflexão!


Acompanhe a sua Obra e Vida na seguinte Playlist do Youtube:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLuoHW7HNDvEO_sjvWwtk0q4HxP9aT_ggW


By: L.M. - Blog Apenas Borderline

Personalidade e Transtorno de Personalidade - O que vem a ser um e o outro?


Personalidade e Transtorno de Personalidade são uns dos conceitos mais antigos na psicologia mas que, me parece, que ao mesmo tempo todos nós temos alguma dificuldade em entender e definir.Então esta publicação tem a ver com isso mesmo: esclarecimento e definição do que é um e o outro.
Pela minha experiência, quando questionados, tanto indivíduos sem conhecimento específico, estudantes ou mesmo especialistas da área, existe uma certa dificuldade muito evidente na definição do fenômeno. Mas uma coisa fica evidente: todos eles entendem como personalidade um padrão de respostas que se manifestam de uma forma habitual numa variedade de respostas nas vidas de cada um. Esse padrão de respostas ou comportamentos (como queiram chamar) é o que torna cada indivíduo único e isso é, sem dúvida a sua PERSONALIDADE!

Quando o termo "TRANSTORNO" se aborda, nos referimos a comportamentos que se desviam acentuadamente dos hábitos aceitáveis da sociedade ou cultura. (diferencie-se sociedade e cultura mediante o meio que o indivíduo está inserido). O indivíduo não responde ou não atende conforme as expectativas da sociedade em que está inserido... não segue por si só à regras pré-definidas do que é ser "normal"!
Por isso é muito delicado e relativo quando se determina como transtorno um comportamento que é visto como psicopatológico do ponto de vista sócio-cultural... até mesmo econômico.Na verdade o que seria correto era analisar cada um a nível de comportamentos dentro de cada contexto e não colocar tudo dentro do mesmo padrão.
Cada comportamento tem sempre um contexto e é isso que tem de se ter em conta! Só assim podemos entender e trabalhar as variáveis que determinam cada comportamento e poderemos eventualmente chegar a algum bom porto!



Lembrem-se sempre:Cada Ser é Único... haja como tal!!

By: L.M. - Blog Apenas Borderline

sábado, 29 de novembro de 2014

TPD pode ter outros transtornos como Comorbidade?


Com toda a certeza o TPD pode e terá outros transtornos como comorbidade. Os mais comuns são Transtornos Depressivos como a Distimia, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtornos alimentares como a Bulimia ou Anorexia e muitos outros sintomas que ainda não tivemos oportunidade de falar aqui no blog como o caso de fobias, obsessões, compulsões, irritabilidade, impulsividade, etc. Sem ajuda os portadores deste distúrbio não irão se enxergar, pois acham que são apenas traços da sua personalidade.
O mais provável é se indignarem se um amigo ou familiar lhe apontar alguma dessas características e as relacionar com o fato da dependência.

O problema aumenta quando por falta de não quererem enxergar a realidade não procuram ajuda para saírem desse sofrimento que causam a elas mesmas e aos que os rodeiam e necessitam da sua assistência e atenção (como muitas vezes acontece com os próprios filhos ou dependentes familiares) podendo resultar em problemas de angustia, impotência e sofrimento desmedidos a todos.

O Transtorno de Personalidade Borderline pode ser igualmente também uma comorbidade do TPD e/ou vice-versa.
Por essa e muitas outras razões vou abordar cada uma destas questões de forma pontual a cada mês mas focada apenas na forma de comorbidades do TPB/TPL.
Nas próximas publicações falaremos sobre isso mesmo: sintomas e transtornos como comorbidades do Transtorno de Personalidade Borderline/Transtorno de Personalidade Limítrofe e das formas mais eficazes como os tratar e combater.

Mas voltando ao Transtorno de Personalidade Dependente, e para terminarmos o tema deste mês que foi dedicado a este transtorno, hoje não conheço nenhum medicamento que cure ou trate este transtorno na forma original. As terapias PSI são as mais indicadas para o tratamento e a razão é perfeitamente entendível para todos:
Não existe pílula que cure a dependência duma pessoa por outra, apenas uma terapia eficaz poderá moldar, orientar e tentar educar a forma como o indivíduo vê e sente a si mesmo e às situações que o rodeiam.
O auto-conhecimento do paciente é o objetivo principal em todos os tratamentos terapêuticos, quer sejam eles apenas cognitivos, comportamentais ou cognitivo-comportamentais, mas nos casos de Transtornos de Personalidade é essencial.


Não deixe de nos seguir... as respostas a muitas das suas questões podem estar aqui mesmo.

By: L.M. - Blog Apenas Borderline

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Pessoas Dependentes O que são? Características? Como se comportam?


Palestra do Prof. Elias Lins no Auditório Virtual do ISEC 

publicada no Youtube em 17/10/2012




Este e mais vídeos do meu colega Elias Lins estão à sua disposição no canal do Youtube "Elias Lins". 
Basta acessar:
https://www.youtube.com/user/linsdimi/videos 
Desde já agradeço a sua disposição em participar no Blog Apenas Borderline e aproveito para manifestar aqui todo o apreço e orgulho quando tenho o privilégio de o chamar de colega e amigo. Além que excelente profissional na área da saúde mental é um excelente ser humano e chama os "bois pelos nomes" do jeitinho que eu gosto. rsrs

By: L.M. - Blog Apenas Borderline

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Quando a Alma dói o Corpo Grita - DOR PSICOSSOMÁTICA


Hoje vamos falar de um tipo de dor crônica: 
A DOR PSICOSSOMÁTICA.

Quando esta designação que surgiu nos últimos anos que nem uma pérola aos Manuais de Diagnósticos Médicos de todas as especialidades é usada por um especialista em frente a um paciente, a primeira reação do indivíduo é fazer a si mesmo a típica e inevitável pergunta:

"Esse cara está dizendo que não me dói nada?
Que é coisa da minha cabeça? Ou que estou louco?"


E de fato, por infelicidade, é quase isso mesmo que eles pensam. Quando a medicina não tem explicação efetiva dos sintomas relatados pelo paciente, não aparece nenhuma anomalia nos exames de diagnóstico, nas analíticas de sangue e de urina... então é coisa da mente, que no vocabulário médico quer dizer: "vá para casa e me deixe tratar de coisas sérias".rsrs 

A única coisa que parecem não perceber é que dói sim... e muito!
É uma dor que é tão real como você estar lendo neste momento este pequeno artigo e dói tanto a tantos níveis que é capaz de matar milhares de pessoas anualmente em todo o mundo! 

As manifestações fisiológicas e/ou somáticas resultantes do estresse adaptativo chamadas de somatizações, podem ser entendidas como uma forma não verbal de se expressar. E quanto menos eficientes são os mecanismos mentais ou cognitivos de sentir, falar e agir, mais o corpo será utilizado para expressar emoções através da dor.
Isso apenas significa que quanto mais "puras" forem as emoções, menos somáticas se tornarão e menos dor física poderão causar.


A dor emocional só pode ser retirada se capturada a causa na profundeza do inconsciente, tratada e solucionada. Mas lembrem-se sempre que se trata duma dor na alma, não de um corte na pele. Nada químico poderá acabar com a dor do seu inconsciente, apenas o poderá adormecer. 
Mas a grande pergunta é o que efetivamente causou esses sintomas?
Muitas pessoas, inclusive alguns profissionais, quando não encontram respostas plausíveis em exames clínicos onde possam ser lidas por todos os entendidos, são taxativos em dizer “isso é psicossomático... apenas uma somatização” (como se isso fosse suficiente para compreender toda a questão ou que isso por si só resolvesse o problema) e rendem-se à mesma evidência enganosa: "não existe nada a fazer". 

A grande questão é que todos necessitamos entender o que a palavra "psicossomático" quer dizer e propôr soluções adequadas e efetivas para solucionar os sintomas desse "diagnóstico" com o nome tão chique mas inútil, sem a reação conveniente de estipular um tratamento integrativo, correto e eficaz.
Gostaria de pensar que, num futuro bem próximo, seria prática comum diagnosticar um indivíduo segundo as bases: Corpo e Mente... esperar em algo como Corpo, Mente e Espírito já é pedir demasiado para estes tempos em que vivemos, então vamos ficar por aqui mesmo.
Por enquanto vou me alegrando porque hoje em dia já se assumir na classe médica que as emoções são altamente responsáveis na imunidade do corpo humano e, por isso responsável por algumas susceptibilidades a infeções e/ou recuperação de muitos casos clínicos já é uma vitória para muita gente... não faz muitos anos afirmações como estas seriam dignas de internamento psiquiátrico involuntário.rsrs

Deveríamos ir em busca das causas reais, para efetivamente complementar o tratamento adequado que foque também a causa do problema e não só e apenas os sintomas, como a grande maioria faz. 
Absolutamente tudo nesta vida tem uma causa e as doenças não são exceção! Vale sempre a pena querer ir mais fundo, enxergar a causa por detrás dos sintomas e tentar aprender a lidar com ela ou abolir-la da sua vida para que não continue a causar mais estragos cada vez mais difíceis de tratar.
Quando a dor passa a já não ser um "problema" com solução prática e objetiva e em vez disso começa a ser uma parte integrante do paciente, rasgando a sua personalidade, levando aos poucos tudo o que de mais valioso ele tem e nada nem ninguém consegue descobrir a causa, o paciente deixa de viver e começa a simplesmente existir. Quando se desiste de viver plenamente a dor física começa a sugar ainda mais o emocional já tão abalado e a situação não faz mais que se descontrolar aumentando a cada dia e nada do que tome ou faça conseguirá reverter esta situação.
E isso, caros leitores, é a dor mais profunda que o ser humano pode experimentar.

A partir desse momento a pessoa se lembra muitas vezes de sua vida antes e depois da dor... chega o dia que já optará por nem lembrar mais... apenas e só espera alguma melhora para poder funcionar em modo automático e mais que tudo que alguém a entenda e não lhe repita os famosos "amanhã já estará melhor", "faça exercício que isso passa" ou ainda a maior pérola de todas: "tire uns dias de férias e voltará nova". (a ignorância neste tipo de pessoas deveria ser punida por lei.rsrs)
Quando isso acontece a medicina inventou uma pilula milagrosa que foi inventada para fazer a vez da tão conhecida aspirina para a dor de cabeça... só que esta foi criada para a dor da alma (ou assim pensa a classe médica) que se chama antidepressivo. Todos têm de convir que o nome até é bem sugestivo... só que a grande verdade é que a maioria não vai adiantar absolutamente nada. 
O que precisa de muletas são as pernas, não a alma!
A alma necessita humanização, apoio, encaminhamento, soluções e acompanhamento para o indivíduo poder se fortalecer e começar a reaprender a caminhar por si só e desta vez duma forma correta e saudável.
As soluções nem sempre são rápidas e fáceis de alcançar mas certamente serão muito mais eficazes do que fazer um remendo no cimo de um vulcão que mais cedo ou mais tarde voltará a entrar em erupção.


Na minha opinião defino a dor psicossomática como uma dor que teve origem nos primórdios da nossa vida, quando ainda não tínhamos o poder de nos fortalecer e defender, camuflando-se até ao dia que resolveu usar o nosso corpo como hospedagem e se esconder como se fosse o pior dos criminosos e mestres no disfarce.
Essas dores vão aparecendo e aumentando sempre e quando a pessoa tem alguma contrariedade maior que não consegue ou não sabe como resolver. É como se o hóspede primário do seu corpo, o tal criminoso, fosse aos poucos juntando munições para o próximo ataque ficando a cada decaída sempre mais forte. Pode até ás vezes parecer que resolveu desocupar a casa tentando nos enganar duma forma ardilosa mas apenas está ganhando forças para escolher o momento exato de poder atacar de novo e em lugares que jamais será esperado.

Até ao dia que a totalidade da classe médica, donos de laboratórios farmacêuticos e "espécimes superiores" resolvam abrir as suas mentes, livrarem-se de interesses, e decidirem entender o ser humano como um todo, digno de respeito de forma igual independentemente da raça, cor, classe social ou status, continuaremos a ter pessoas adoecendo cada vez mais, desfrutando da vida cada vez menos e passando essa forma de existir aos os seus filhos, netos e assim sucessivamente.

"...se as emoções forem reprimidas, haverá constipação. A constipação é uma doença mais mental do que física; ela pertence mais à mente do que ao corpo. Mas, lembre-se, eu não estou dividindo a mente e o corpo em dois. Eles são dois aspectos do mesmo fenômeno. Mente e corpo não são duas coisas separadas; o seu corpo é um fenômeno psicossomático. A mente é a parte mais sutil do corpo, e o corpo é a parte mais grosseira da mente.
E eles afetam um ao outro; andam juntos. Se você estiver reprimindo alguma coisa na mente, o corpo começará uma jornada de repressão. Se a mente liberar alguma coisa, o corpo também liberará. É por isso que eu enfatizo tanto a catarse nas meditações que desenvolvo. A catarse é um processo de limpeza."

Osho, em "Saúde Emocional: Transforme o Medo, a Raiva e o Ciúme em Energia Criativa"

By: L.M. - Blog Apenas Borderline

sábado, 8 de novembro de 2014

Violência Psicológica POUCO abordada e valorizada



 A violência psicológica na infância e adolescência, no contexto familiar, ainda é pouco estudada. 
Este tema tem sido mais estudado na literatura internacional do que na brasileira, e que aumentou significativamente sua visibilidade na última década, porém ainda enfrenta dificuldades quanto à definição, conceituação e operacionalidade. Constatou-se que a violência psicológica ao sair da invisibilidade pode colaborar para o aumento da prevenção e da proteção desta natureza de violência.

Os psiquiatras e pediatras alertam: não é porque um pai não bate nem abusa sexualmente de seu filho que é o melhor cidadão do mundoO abuso psicológico ou emocional pode ser o tipo mais comum de abuso infantil, e o mais difícil de lidar.
É muito comum ouvir falar de campanhas contra abusos físicos ou sexuais de crianças. Aliás, bastantes pesquisas já mostraram que bater para educar pode não ser uma boa ideia, já que pode trazer diversos problemas psicológicos para as crianças agredidas, inclusive aumento do risco de desenvolver transtornos mentais.
Além dos riscos de depressão, ansiedade e vícios, estudos indicam que bater não tem um efeito positivo na educação.
Nem é preciso dizer que o abuso sexual é ainda pior para a saúde mental das crianças. A violência e o trauma de um abuso sexual são devastadores para ambos os sexos, e os homens podem ter mais dificuldades em se recuperar, por conta de seu “senso de masculinidade”.

Mas se existe algo que merece destaque nos últimos anos é o abuso emocional, especialmente na forma do bullying. Segundo os pediatras, o abuso psicológico, especialmente por parte dos pais, raramente recebe o mesmo tipo de atenção de outros abusos, o que é um erro, porque além de serem tão ou mais comuns, são igualmente prejudiciais.

O maior problema em combater o abuso emocional é que ele é muito difícil de identificar. Como diferenciar uma família em um “mau dia”, no qual a criança estava precisando de uma bronca, de uma família que abusa psicologicamente constantemente de seus membros?
Quando falamos de abuso emocional, estamos falando de probabilidade alta de danos, decorrente dos tipos de comportamento que fazem a criança sentir-se inútil, desprezada ou indesejada.
Maus-tratos psicológicos podem incluir aterrorizar a criança, menosprezá-la ou negligenciá-la. No entanto, é preciso diferenciar qualquer evento específico da natureza da relação entre o cuidador e a criança.
Por exemplo, manter uma criança em um estado constante de medo é abuso. “Corromper uma criança” – incentivá-la a usar drogas ilícitas ou se engajar em outras atividades ilegais – também. Já perder a calma e gritar uma vez, ou deixar a criança em seu quarto por uma hora quando ela bateu em seu irmão caçula não constituem abuso.

Uma série de pesquisas norte-americanas descobriu que mais adultos afirmam ter enfrentado maus tratos psicológicos do que qualquer outra forma de abuso na infância. Isto sugere que os maus tratos psicológicos podem ser a forma mais comum de abuso infantil.
Os psicólogos e pediatras recomendam que todas as figuras responsáveis próximas a uma criança sejam sensíveis aos sinais de maus tratos emocionais, que podem ser os mesmos sinais de abuso sexual ou físico, como a criança se isolar, se tornar agressiva, ter dificuldade de relacionamento, demonstrar medo de ficar perto de tal adulto ou de adultos, demonstrar vontade de não voltar para casa, depressão, problemas com sono, rebeldia, etc.
Também acreditam que intervenções deveriam ser consideradas em caso de abuso psicológico, e não apenas físico ou sexual, pois as crianças expostas a maus tratos psicológicos também podem exigir um nível de proteção como a remoção da casa dos pais. 


Se esses problemas continuarem a serem ignorados continuarão a aumentar os problemas psíquicos e, consequentemente psicossomáticos, ou seja, a sociedade continuará num ritmo de efemeridade contagiante e descontrolado.
ignorando o problema de base mais cedo do que todos pensamos tornar-se-á a epidemia mais terrível de todos os tempos.

Segundo os resultados bem recentes, uma porcentagem assustadora de 56% dos homens entrevistados admitiram ter tido atitudes violentas contra mulheres. Algumas formas de violência citadas incluem xingamentos, humilhações públicas, ameaças verbais, empurrões e proibições de sair de casa em algum momento, sendo os xingamentos os mais prevalentes.
A psicologia trabalha amplamente com a questão dos abusos verbais... infelizmente só se lembrou disso à cerca de menos de 3 décadas atrás e hoje ainda não é muito levada a sério quando se trata de crianças e adolescentes. Eu penso sinceramente que mais vale prevenir do que remediar... enxergar melhor nossas crianças desde cedo e formar todos os profissionais que tenham acesso a elas para que sejam sensibilizados quanto a esse aspeto, que na minha opinião, é o mais essencial de todos. O Que nos vale formação nas escolhas se não temos crianças capazes de adquirir aprendizado em condições e, para rematar, sem educação?
Sempre defenderei que formação jamais será sinônimo de educação... existem médicos, engenheiros, advogados (já para não falar nos ministros porque neste país pareceria uma piada...rsrs) com toda a formação do mundo mas a educação e humanidade deixa muito a desejar!!

Falando novamente sobre violência emocional já na idade adulta, a grande parte das demandas clínicas e de saúde mental  hoje em dia envolvem violência psicóloga, crises de ciúme e o podamento da liberdade do parceiro. É importante perceber que essas demandas são mais frequentes entre as mulheres e as estatísticas só servem para confirmar o recorte de gênero.
No entanto, as mortes e hematomas não são as únicas consequências que os abusos verbais precedem, pois a violência psicológica e emocional causa outros problemas gravíssimos.
Um comentário depreciativo é o suficiente para agredir a autoestima e a percepção de valor próprio do alvo, várias vezes minando sua vontade de viver. Gestos e palavras agressivas transformam uma mulher em um rascunho de ser humano, perdida na dependência emocional e sem forças para enxergar uma realidade melhor.
Os termos e chantagens são tão pesados que fazem com que a vítima não consiga entender que merece um relacionamento feliz, já que aquele contexto de sofrimento se torna o padrão, a única opção.

Mas não é necessário ser profissional ou estudante de Psicologia para compreender as consequências catastróficas dos abusos verbais... ou pelo menos eu gosto de pensar desta forma para as coisas me parecerem um pouco menos graves. Casos de violência física e homicídio muito frequentemente começam com xingamentos, manipulações e chantagens, formas de violência que não aparentam ser tão graves no começo, mas que pioram gradativamente. 

As narrativas são muito semelhantes e o agressor que esmurrou ou espancou sempre começa com comentários depreciativos, muitas vezes devido a crises de ciúmes.

Um dos fatores que dificultam solucionar os relacionamentos abusivos é que os abusos são, quase sempre, encarados como coisas normais dentro de um casamento, que “fazem parte da vida”. o.O
O discurso conformista é praticamente unânime. No entanto, permitir que a sociedade continue encarando brigas violentas, físicas ou verbais, como coisas indissociáveis dos relacionamentos, é uma colaboração com os intermináveis crimes misóginos. Se todos os comportamentos humanos acontecem devido a influências de suas raízes culturais, é óbvio que o modo como as pessoas lidam com os problemas no campo emocional é a própria base da violência doméstica. 

Não adianta tentar impedir os espancamentos e estupros, mas continuar se omitindo quando um casal discute e o homem dispara uma bomba de termos chulos, palavrões e críticas cruéis contra sua esposa.

O fato de que as mulheres e crianças (filhos do casal) são as maiores vítimas dos abusos psicológicos chama atenção para o machismo da sociedade. São as mulheres que crescem sob demandas violentas, sendo pressionadas a suportar toda espécie de xingamento, controle sobre seus corpos e podamento de suas liberdades... os filhos, por consequência, nunca ficam do lado de fora do jogo.
Os axiomas de sensibilidade, compreensão e cuidado continuam empurrando o sexo feminino para uma história única, sem variações significativas: ao invés de serem responsabilizados por seus atos, os homens problemáticos precisam de cuidado e compreensão, pois considera-se que somente uma mulher amorosa pode ser capaz de transformá-lo. 

Até parece um conto de fadas, só que nesses casos é a mulher que precisa ser maternal e se anular enquanto sujeito para salvar o homem de seus comportamentos impulsivos e desonestos.

Para além das idealizações, a resignação em um relacionamento infeliz é frequentemente exigida das mulheres. É por isso que quando são envolvidas questões de classe e religião, a manutenção do status econômico e a reputação na comunidade espiritual funcionam como correntes que mantêm as mulheres presas aos abusos – afinal, “o amor tudo suporta, tudo espera”. Tal constatação é extremamente preocupante, pois a sociedade pressiona e coage o gênero feminino a permanecer com maridos e namorados abusivos, mesmo que reconheçam que o homem está passando dos limites; a expectativa é de que com paciência tudo se resolva eventualmente.
Relacionar o amor com a tolerância ao machismo adoece os relacionamentos, tornando-os venenosos e perigosos. A sociedade induz as mulheres a se transformarem em mártires, e sob a pena de serem consideradas infiéis, vadias e negligentes, muitas delas se conformam com os relacionamentos abusivos. Não é à toa que se espera a desistência da autonomia por parte da mulher quando a mesma se diz apaixonada. Além disso, o sexismo ligado aos papéis de gênero contribui fortemente na manutenção dos abusos: os discursos culturais giram em torno da “irracionalidade” feminina e de como estão supostamente exagerando quando reclamam de atitudes dos parceiros. Desse modo, é fácil invalidar as denuncias das mulheres, pois se são cegas emocionalmente e sempre reclamam de tudo, nada garante que o homem está de fato sendo violento. É por isso que informação, apoio e educação sobre o tema são tão importantes, sendo ferramentas para que mais mulheres em relacionamentos possam pensar se sofrem risco de abuso.

É preciso alertar homens e mulheres sobre o que configura abuso emocional e psicológico e controle sobre a outra parte, como quando o parceiro passa a se incomodar com as roupas que a mulher usa, suas amizades ou locais que frequenta. Se um homem chega ao ponto de impedir a saída da mulher e o contato com outras pessoas, é porque ele está sendo abusivo e machista, tratando-a como um objeto sob seu controle. Lamentavelmente, a sociedade custa a entender isso e levanta muitos argumentos para justificar tais atitudes. As pessoas se acostumaram com o cerceamento, principalmente quando o sexo feminino é que está sendo cerceado.
Muitas mulheres não sabem que estão sendo vitimadas e permanecem condenadas a um cotidiano de violência. Por isso, é importante nos politizarmos e passarmos a nos posicionar a respeito da violência de gênero. Conscientizar a população sobre a violência psicológica e emocional deve ser prioridade, combatendo a menor manifestação de abuso contra qualquer mulher.

Apesar da violência psicológica que atinge crianças e adolescentes não ser recente, apenas há 30 anos recebeu atenção internacional com crescente conscientização e sensibilização de profissionais e do público em geral. É um fenômeno universal que não tem limites culturais, sociais, ideológicos ou geográficos e ainda está envolto por um pacto de silêncio, principal responsável pelo ainda tímido diagnóstico e pelo reduzido número de notificações. 

Entretanto, como se constitui em um problema social crescente que não se limita às áreas da saúde, assistência social ou de justiça, qualquer cidadão, ao entrar em contato com crianças e adolescentes, deveria ser capaz de diagnosticar, relatar e ajudar a orientar estas crianças e seus responsáveis.
Assim, esta revisão da literatura mundial sobre a exposição à violência psicológica na infância no contexto familiar (o caso aumenta quando se fala do Brasil), demonstra que a violência psicológica está saindo da invisibilidade, mas que ainda apresenta inúmeras dificuldades a serem vencidas, para o melhor enfrentamento de tão grave natureza de violência.


Mais uma vez peço perdão pelo texto mais longo de hoje... mas tem coisas que quando começo a falar sobre elas o meus dedos criam vida própria.rsrs
Este artigo não foi específico para portadores de TPD mas para alerta sob o que tem de ser feito para evitar que cheguemos a um Transtorno e comorbidades do mesmo.
Saúde Pública deveria ter por base a prevenção (não só nesta mas em todas as áreas) e não estar cheios de casos de pronto-socorro!!

By: L.M. - Blog Apenas Borderline

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Crianças Dependentes - TPD


O meio, forma e as influências a que as crianças são expostas durante a sua infância são fundamentais para o seu desenvolvimento, e claro está, quanto mais estruturado e equilibrado for o seu lar e o seu entorno menos possibilidades haverá de desenvolver o TPD ou utros transtornos psiuátivos de origem afetiva e emocional. Se assim for com certeza terão todas as possibilidades de mais tarde serem adultos seguros, confiantes e independentes física e emocionalmente.

Os adultos dependentes emocionalmente geralmente foram crianças que não se sentiram amadas, queridas e importantes, desta forma, sentem a necessidade quase que vital de dependerem da atenção de outras pessoas que não os seus pais. Como nunca foram ensinadas a Amar na sua verdadeira essência jamais poderão repetir algo que não sabem como fazer de forma correta. Confundem amor com necessidade de controle, carinho com dependência e dedicação com obrigação.

Existem pais que culpam, desprezam, humilham e que não respeitam os sentimentos de seus filhos. As crianças que são oriundas de lares completamente desestruturados sentem muitas vezes que não são dignas de serem queridas, amadas e passam a omitir seus sentimentos porque não sentem estes como sendo importantes.
Faz bem pouco tempo ouvi uma frase que dizia mais ou menos assim:
"Deixamos de ser jovens quando percebemos que falar de sentimentos é pura perda de tempo"... e de fato é o que acontece com estas crianças: quase que nascem já "velhas". Com toda a vida pela frente mas sem oportunidade de serem crianças, terem uma infância digna nem aprenderem realmente o que é o amor.

O fato não é que os pais não amem seus filhos, não pelo menos da sua forma ou do seu jeito, mas muitas vezes com a intenção de que os filhos sejam modelos de perfeição acabam por arruinar as suas infâncias porque eles não superam as suas expectativas. Como alguém que não é modelo de perfeição pode exigir ao outro que o seja... mais ainda a uma criança que só tem os valores que eles lhe passaram e muitas vezes sem o exemplo coincidente com as palavras e exigências!?
Outros tipos de pais protegem demasiadamente seus filhos. É bastante comum que muitos pais protejam seu filho em excesso, satisfazendo todas as suas necessidades econômicas, como uma forma de compensar a falta de carinho, assistência e negligências a nível emocional. Outros protegem demais por medo de “perder” o filho e ficarem sozinhos, como se alguma coisa fosse eterna nesta vida e as pessoas não tivessem de percorrer os seus caminhos para serem capazes de serem adultos saudáveis, equilibrados e responsáveis.


Assim, mesmo que inconscientemente e não percebendo o que vai acontecer a partir desta base, induzem os filhos a acreditarem que só debaixo de suas asas estarão seguros.
Os pais tornam-se permissivos em excesso, pagando todas as contas do filho, cedem coisas materiais sem limites e não incentivam os filhos a trabalhem fora para ganhar seu próprio sustento, ou seja, propiciam ao filho um mundo de fantasias que na realidade não existe.
Conclusão: gera-se aqui uma dependência mútua com o passar do tempo porque a criança não aprende a crescer e funcionar sozinha.
Enquanto os pais forem jovens, saudáveis e vivos tudo funcionará parecendo normal, pelo menos para os de fora. Mas e depois? O ciclo se repetirá!
É preciso tomar consciência que TPD é uma doença e que necessita ser tartada com urgência ou gerações serão destruídas.

Os pais precisam estimular seus filhos a adquirir autonomia, auto-estima e confiança neles mesmos demonstrando amor, validando as suas ações e fazendo sentir-los que a caminhada é deles mas os pais estarão sempre junto fazendo a parte da vida deles. Passando os sentimento que vencer e perder fazem parte da vida e que ambos são de igual importância para o desenvolvimento. Só sabendo como é perder podemos dar o valor quando ganhamos e isso não tem de ser sinônimo de frustração mas de oportunidade de crescimento.
A única aprovação para as suas ações deve ser a sua consciência, aquela que eles construirão com os exemplos dados pelos progenitores desde que se entendam por gente. Isso é o certo a fazer! De contrário só repetirão erros e as suas relações pela vida serão frustrantes, condenadas ao insucesso e sem mais nada a oferecer senão alguns momentos de alegria mascarada e sucesso empobrecido.


A criança precisa se sentir valorizada e amada para acreditar em si própria e na sua capacidade de se nutrir principalmente emocionalmente. Assim, se tornam pessoas completas e não pessoas que ficam à espera dos outros para se completar. 

Todos nós necessitamos nos sentir seguros na vida mas isso se chama cumplicidade, amor mútuo, compreensão e respeito pelas nossas vidas e segurança... de contrário se chamará dependência, necessidade de se salvar nem eles sabem bem do quê e diminuir a possibilidade de eles se sentirem mais frustrados.
Essa dependência causa nas suas vidas muito sofrimento embora muitas vezes seja encoberto por uma falsa arrogância, tentativa de comportamento soberbo e seguro. No fundo não passam das crianças assustadas e desamparadas que nunca deixaram de ser, esperando que alguém lhes venha ensinar o que realmente é amar.


Normalmente não têm muito êxito nesta missão já que não sabem identificar o verdadeiro amor nem atraem pessoas que consigam lidar com o seu temperamento e condição carente de emoção e afeto.
É como se alguém visse uma sobremesa numa revista, lhe parecesse que seria deliciosa mas se não for pegar jamais saberá qual é o sabor.
Neste caso preciso o caminho será primeiramente a aceitação de que tem um problema e o necessita resolver, seguidamente o objetivo será se tratar e no final poderá decidir o que fazer com a sua vida.
Se obtiver o sucesso acredito com toda a segurança que jamais permanecerá no lugar onde escolheu ficar anteriormente.
Mas quanto tempo terá uma pessoa para se dar conta que está doente?
Será que ela quer mudar?
Será que quer abandonar o seu porto seguro mesmo repleto de dor e sofrimento?
Será que sempre há tempo para mudar e resolver estragos feitos no passado?
Será que vai ter forças para recomeçar a qualquer preço?

Muitas perguntas verdade?
O melhor mesmo é tentar.
O que vier será com toda a certeza ganho porque não há nada que pague a nossa paz e a sensação de podermos ter a chance de recomeçar e sermos felizes!

By: L.M. - Blog Apenas Borderline

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Mulheres Agredidas - TPD


É um equívoco comum acreditar que todas as mulheres agredidas tenham o mesmo tipo de personalidade, se escondem, são fracas, humildes e incapazes de defender-se. Isso está longe de ser verdade. Existem várias formas de personalidades de mulheres agredidas.
Estamos aqui particularmente para falar das mulheres portadoras de TPD (Transtorno de Personalidade Dependente) e ao mesmo tempo saber como poderemos ajudar se este for o seu desejo. Digo isso porque, como em tudo na vida, só podemos ajudar alguém que queira ser ajudado senão será um trabalho inútil e em vão.

O lar pode ser um lugar muito perigoso!! isso é um fato e acontece em todo o mundo. 
Normalmente os cônjuges são provenientes de famílias com histórico de uso de agressão para resolver problemas. Eles próprios foram maltratados ou viram outros membros sofrerem maus-tratos. (o que não é desculpa nem regra geral mas é um fato sócio-cultural importante) Essas famílias adotam atitudes tradicionais com relação aos papéis homem-mulher, esperam que as mulheres sejam submissas, como vimos no histórico relacional. O pior de tudo é que geralmente eles escolhem vítimas perfeitas, acertam no alvo e jamais quererão sair daquela "rotina de prazer".

A violência física no casamento é contínua. No começo, os episódios são de "pouca importância" e a mulher tem ainda algum controle. Por exemplo, o marido pode acabar com a porta do interior da casa quando ela simplesmente atrasar com o jantar. Os incidentes menores multiplicam-se e um deles acaba em derramamento de sangue. Em geral, o homem aterroriza a mulher atacando-a brutalmente. Esta fase aguda é geralmente seguida de calmaria, ficando o marido atencioso, arrependido, gentil e compreensivo. O ciclo tende a se repetir, embora algumas mulheres, com apoio e acompanhamento especializado nas várias áreas, consigam rompê-lo.

A violência contra a mulher costuma ser acionada pelo alcoolismo ou por estresses que reduzem temporariamente o controle do marido. Eles usam a violência para encerrar discussões, resolver conflitos ou ajudar na comunicação. Em geral elas temem (mesmo que em silêncio) a solidão e aguentam tudo para que o abandono não aconteça.

Os períodos calmos são sedutores. Elas mantêm a esperança de que “tudo vai dar certo”. Quando esta ilusão desfaz-se, o medo mantém-nas ao lado de homens violentos.
A violência doméstica é uma das formas mais comuns de manifestação da violência e, no entanto, uma das mais invisíveis, sendo uma das violações dos direitos humanos mais praticadas e menos reconhecidas do mundo. Trata-se de um fenômeno mundial que não respeita fronteiras de classe social, raça ou etnia, religião, idade e grau de escolaridade, onde todas essas formas de violência, entretanto, podem não deixar marcas físicas, mas profundas marcas emocionais que serão carregadas por toda a vida.

As dificuldades na maioria das vezes em obter resultados amplos na proteção destas mulheres apenas refletiam a resistência que a pessoa agredida tem de falar sobre o seu problema. No princípio podem até desabafar com uma amiga mais próxima mas depois das dores passarem tudo é "esquecido" e volta ao "normal" como se nada tivesse acontecido. 

Tais pacientes mais regressivos opõem sérias resistências às mudanças e desejam manter as coisas como elas estão, não porque não desejem se curar, mas, sim, por não acreditarem nas melhoras, ou que as mereçam, ou por que eles correm o sério risco de voltar a sentir as dolorosas experiências passadas, de traição e humilhação. Por tudo isso, seu objetivo de vida é sobreviver e não viver.

As mulheres vítimas de violência doméstica com TPD não têm o sentimento de amor... nem próprio e muito menos pelos outros. O sofrimento delas é tanto que as leva a alienarem-se do mundo. Embora tenham o desejo de se libertarem do domínio e da submissão que lhe são impostos, devido á necessidade de terem um home ao lado, tornam-se dependentes emocionalmente de seus parceiros desde muito cedo e eles percebem isso de imediato. Elas se alienam e se negam como sujeitos sociais perante tudoe todos (embora consigam disfarçar muito bem para os de fora). Negam a sua identidade, sua individualidade, numa situação de constrangimento e sofrimento.


Há um trabalho a fazer? Claro que há!!
mas primeiro que tudo são elas que vão ter de admitir o problema e querer soluciona-lo!
Não vamos confundir a mulher com TPD com as que realmente desejam uma solução viável para elas e seus filhos.
A violência doméstica é uma situação lamentável para muitas mulheres. Mulheres agredidas vêm de todas as raças, origens e comunidades, e muitas vezes se sentem como se elas não tivessem recursos para a assistência.
No entanto, há algumas alternativas e programas no Brasil para ajudá-las.

O trabalho do Psicólogo é fundamental para atuar nestas instituições a fim de promover um trabalho de resgate do sentimento de pertencimento dessas mulheres. Bem como um trabalho com as instituições governamentais e não governamentais que atuam no processo jurídico/social com essas mulheres, para mudarem a postura de atuação. 
Um trabalho de acolhimento, respeito e compreensão.

Assistência imediata
Quando ocorre um ataque, a vítima deve ligar para 190 para uma resposta de emergência imediata. A polícia pode vir e conter imediatamente o suposto agressor.

Abrigos de abuso doméstico
Se uma mulher é vítima de abuso, ela deve ir para um abrigo de proteção à violência doméstica para fugir do agressor. Esses abrigos oferecem um lugar para ficar, e os trabalhadores fornecem assistência em programas de violência doméstica.

Ordem de restrição
A mulher também pode registrar uma ordem de restrição em tribunal, a qual manda o suposto abusador manter uma distância fixa da vítima. Se ele violar essa ordem judicial, pode enfrentar sanções ou cumprir pena na prisão.

Amigos e família
Amigos e membros da família podem oferecer suporte emocional e financeiro assim como possíveis locais de moradia.

Recursos para denunciar abusos
Existem números de telefone nacionais e estaduais criados para que uma pessoa possa ligar e obter informações de como lidar com uma situação de abuso doméstico. A pessoa pode ligar anonimamente, caso ela tenha medo de se identificar.


Por último gostaria de salientar que, embora as mulheres estejam na maioria dos casos denunciados existem igualmente homens que sofrem do mesmo problema. O abuso doméstico não só afeta mulheres e homens... as crianças que vivem neste ambiente familiar completamente desestruturado e repleto de violência também testemunham os abusos (no melhor dos casos) e destruídas psicologicamente por toda a vida.
Não adianta criticar porque isso se trata duma doença. Gostaria de sacrificado por ser portador de câncer? Não, verdade!? Então é absolutamente a mesma coisa. O que adianta é chegar perto, conversar, propôr ajuda e procurar elucidar a pessoa do possível problema psicológico a ser resolvido de forma terapêutica.
Também não adianta falar para pacientes com TPD que, se não quiserem lutar por eles mesmos que lutem pelos filhos... isso não existe para eles! Os filhos estão certos na vida deles, já os maridos não. Então há que continuar a "lutar por eles"! E a forma de lutar nestes casos é apanhando mais a cada dia.


Complicada a mente humana, verdade?


By: L.M. - Blog Apenas Borderline

domingo, 2 de novembro de 2014

Não confunda Transtorno de Personalidade Dependente com outros Transtornos


O Transtorno da Personalidade Dependente pode ocorrer em indivíduos (homens, mulheres ou crianças) que possuem uma séria condição médica (física ou psicológica), mas no caso de diagnóstico de transtorno, o indivíduo tem de possuir uma dificuldade em assumir responsabilidades muito além da condição ou deficiência sem explicação lógica. Por isso é considerado um Transtorno e não uma condição que pode ser transitória devido a uma circunstância que, dependendo do seguimento dos acontecimentos pode mudar ou até desaparecer por si só.

Por necessidade de constante aprovação os indivíduos com TPD muitas vezes têm dificuldade em expressar discordância dos outros, especialmente aqueles que dependem seja física ou emocionalmente. Estes indivíduos sentem-se tão incapazes de funcionar sozinhos que preferem concordar com o que consideram errado a arriscarem a perda daqueles em quem procuram amparo, muitas vezes irracional. Eles não ficam zangados quando seria adequado com as pessoas por medo de afastá-las.
É preciso diferenciar aqui o diagnóstico de TPD do que se pode chamar de medo de consequências que põem em risco a sua integridade física quando expressam a não concordância perante fatos reais de abuso. Nesses casos o comportamento do indivíduo não poderá ser considerado um transtorno mas um ato de concordância forçada mediante uma condição de impotência.

Os indivíduos com TPD têm a convicção de serem incapazes de funcionar de modo independente e apresentam-se como inaptos e carentes de constante auxílio. Entretanto, tendem a funcionar adequadamente quando recebem a garantia de que receberão supervisão e aprovação de outra pessoa. Podem ter medo de parecer ou de tornar-se mais competentes, por acreditar que isto levará ao abandono. Por isso não são raras as vezes que, mediante uma exigência, abandonem postos de trabalho, convívios com amigos de longa data ou mesmo familiares para evitarem o abandono assegurando assim o total controle do controlador. A sua dependência tende a ser cada vez mais perpetuada e a condição de abusado mais evidente e prejudicial para si mesmo e tantas as vezes para os filhos e pessoas que os amam de verdade.

Os indivíduos com TPD podem ir a extremos para obterem carinho e apoio, chegando ao ponto de se oferecerem para realizar tarefas desagradáveis, se este esta for a única forma de obterem os cuidados de que necessitam. Dispõem-se a fazer o que seja, mesmo que as exigências sejam irracionais. A sua necessidade de manter um vínculo emocional importante resulta na sua grande maioria em relacionamentos desequilibrados, disfuncionais e distorcidos. Podem fazer sacrifícios extraordinários ou tolerar abuso verbal, físico ou sexual. Volto a repetir que só se deverá considerar um transtorno quando o indivíduo não tenha quaisquer hipótese de sair dessas condições de abuso... embora nos dias de hoje seja cada vez menos difícil de crer que, com as medidas legais à disposição de todos (não estou falando de crianças obviamente) não exista outra forma de solucionar situações como estas sem ser se entregar ao sofrimento eterno.
Os indivíduos com este transtorno sentem desconforto ou desamparo quando estão sozinhos, por medo exagerado de serem incapazes de cuidar de si próprios. Podem ficar presos a outras pessoas nas suas vidas apenas para não ficarem sozinhos, mesmo que não tenham interesse ou envolvimento sentimental com os mesmos. Podem se sentir as pessoas mais miseráveis do mundo mas não sabem viver de outra forma. Sair da sua zona de conforto torna-se mais penoso para eles do que continuar a enfrentar o que sempre conheceram nas suas vidas.

Quando um relacionamento significativo termina os indivíduos com TPD podem sair correndo (mesmo que de forma inconsciente ao início) em busca de outro relacionamento que ofereça os cuidados e o apoio de que necessitam. A crença na sua incapacidade de funcionar na ausência de um relacionamento íntimo motiva estes indivíduos a envolverem-se rápida e indiscriminadamente com outra pessoa. Se der certo tudo bem, se não der não será nada de diferente do que estão habituados assim que essa preocupação não é uma prioridade para eles, por vezes nem um requisito fundamental. Eles só não querem ser abandonados nem deixados à própria sorte.
Arriscar e tentar que algo dê algo certo na vida deles não é uma opção nem consta na sua opção de vida.
A base é: vale mais pouco ou nada e certo do que muito e incerto.

Se este distúrbio não for tratado precocemente e a tempo o indivíduo corre sérios riscos de que se torne um problema bem maior como é o caso de evoluir para certos transtornos mentais de difícil resolução como é o caso de Transtornos do Humor, Transtornos de Ansiedade e Transtornos Afetivo-Emocionais.
Pode também acontecer que o TPD seja diagnosticado como comorbidade de transtornos de personalidade como é o caso do Transtornos da Personalidade Borderline, Esquiva e Histriônica mas atenção, JAMAIS se poderá confundir uns como os outros senão vai ser um grave problema para o seu tratamento ou resolução. Se todos fossem apenas um para que seriam identificados de forma diferente no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais?
Apenas fica como reflexão para muitos que continuam metendo tudo dentro da mesma sacola. Existem muitos dados disponíveis em livros, cursos de reciclagem, workshops, palestras e até na internet. Eu penso que basta apenas que as pessoas se preocupem e se interessem em vez de continuarem a agir de forma incoerente, irresponsável e até, muitas vezes, anti-ética.

Muitas vezes, com grande dor e sofrimento na alma, me pergunto onde terá ficado o juramento que todos os profissionais de saúde da área mental fazem aquando o seu mestrado?
Só alguns continuam se lembrando?

Juramento e Código de Ética (psicólogos)

Juramento do Psicólogo.


"...Como psicólogo, eu me comprometo a colocar minha profissão a serviço da sociedade brasileira, pautando meu trabalho nos princípios da qualidade técnica e do rigor ético.
Por meio do meu exercício profissional, contribuirei para o desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão na direção das demandas da sociedade, promovendo saúde e qualidade de vida de cada sujeito e de todos os cidadãos e instituições..."


Juramento e Código de Ética (psiquiatras)

O Juramento de Hipócrates

"...Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higéia e Panacéia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.
Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça..."


Longe de mim julgar alguém. Não quero nem posso devido á minha forma de ser e estar na vida e igualmente à minha condição humana... mas não posso calar a minha opinião vendo tantas atrocidades acontecerem á minha volta.
Poderia ser tudo tão diferente, verdade!?
Se cada um fizer o que humanamente pode não precisariam poucos de fazer muito!
Hoje é a vez deles, amanhã poderá ser a nossa.
Nada é eterno nem certo nesta vida amigos. Absolutamente nada!

By: L.M. - Blog Apenas Borderline

sábado, 1 de novembro de 2014

Homens Submissos - TPD


Contra o que a maioria pensa, mulher mandona, controladora e autoritária não é lenda. Infelizmente existem por todo o mundo e em grande escala.
Os fatores que levam um homem a ceder às ordens da mulher dentro de um relacionamento são vários mas maioritariamente dois: 

- o fator do homem que cresceu com uma mãe mandona e autoritária e que tem a tendência de levar esse modelo para os seus relacionamentos afetivos;
- a insegurança, ou mesmo o comodismo por parte dele em ceder à parceira as responsabilidades que não deseja assumir;
Desse modo, a mulher tende a assumir esse espaço com total liberdade e prévio consentimento para fazer e desfazer da vida dele a seu belo proveito.


O mais trágico disto tudo é que eles não se sentem vítimas já que, inconscientemente, foram eles que buscaram esta condição e não sabem viver de outro modo. Sem uma mulher assim se sentiriam completamente incompletos e desprotegidos.
Ao contrário do que parece, é grande o número de homens que depende emocionalmente de suas mulheres, entregando a elas a administração integral da vida e dos próprios desejos e vontades.
É claro que a dependência masculina não se mostra necessariamente tão óbvia, se apresentando na maioria das vezes de forma bem mais sutil mas não são raras as vezes que elas escolhem até o que o companheiro pode gostar ou não de comer, vestir ou até a forma como se devem comportar. Inacreditável, né? Mas podem acreditar que é absolutamente verdade.


Homens e mulheres têm um papel a desempenhar. Para serem aceitos como machos, os meninos têm que corresponder ao que deles se espera numa sociedade tipicamente machista — força, sucesso, poder. Não podem falhar, sentir medo e jamais chorar. Onde se esconde, então, toda a fragilidade e dependência que observamos, na intimidade de tantos casais? Sem dúvida, perseguir o ideal masculino gera angústias e tensões, sendo necessário então usar uma máscara de onipotência e independência absoluta.
Quando pequeno, o menino tem com a mãe um vínculo intenso, que deve ser rompido precocemente para que ele se desenvolva como homem. Permanecer muito perto da mãe só é permitido às filhas meninas. Para os meninos isso significa ser fraco e diminuído do papel de "homem". Os amigos e a própria família não perdem uma oportunidade de deboche ou piada se isso acontecer.
Então ele é forçado a cortar laços maternais para não ser discriminado e diminuído. Pode acontecer igualmente uma separação forçada da mãe por separação dos pais ou falecimento da mesma mas tudo pode resultar uma mesma consequência: O desejo de ser cuidado, acalentado e dependente é aflorado e intensificado nestas circunstâncias podendo dar lugar ao início de um transtorno: o Transtorno de Personalidade Dependente.


Na vida adulta os homens escondem a necessidade que têm das mulheres tentando se mostrar autossuficientes e desprezando-as tentando convencer a eles e aos demais de que são as esposas que precisam deles, do seu sustento, proteção e cuidados. Negam deste modo os seus próprios impulsos de dependência, se sentindo mais fortes e poderosos.
Na vida não é raro encontrarmos homens como estes em todos os círculos e ambientes sociais, contudo, chegará o dia em que o homem se sentirá realmente interessado por uma mulher e nessa altura a máscara vai cair. Por um lado, o desejo de intimidade, de aprofundar a relação e ser feliz. Por outro lado, o temor de se ver diante do seu próprio desamparo e do desejo intenso e profundo de ser cuidado por uma mulher.
Talvez isso explique por qual motivo tantos homens que resistem a uma relação mais séria e mesmo ao casamento optando por serem os machões da turma e os eternos solteirões que sempre desprezaram e criticaram hipocritamente todas as relações sérias que os seus amigos escolheram para eles. Chegará o momento que esses homens, por escolha sua e por ironia do destino, se casarão  e se tornarão submissos, dependentes e dominados pela mulher.


Outra ironia do destino é que esses são casos que raramente vêm à luz e não são diagnosticados nem relatados, fazendo que as estatísticas sejam maioritariamente de mulheres com Transtorno de Personalidade Dependente. Assim se formam as estatísticas... de dados documentados e não daquilo que a sociedade não quer ver nem se importa que exista.
Será sempre mais fácil ignorar os problemas, virar a cara, do que olhar nos olhos, deixar o preconceito de lado e estender uma mão.
E assim vai andando o mundo: cego, surto e mudo!
Até quando?


By: L.M. - Blog Apenas Borderline