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domingo, 7 de dezembro de 2014

TOC - Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo


Como todos os que acompanham o Blog Apenas Borderline já sabem, este mês vai ser dedicado ao Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo.
Este é um dos transtornos que mais tem prevalência como comorbidade do TPB embora muitos pacientes ignorem o fato por desconhecimento do que realmente é o transtorno.
É diferente do transtorno obsessivo-compulsivo. Enquanto no TOC a pessoa tem pensamentos fora de seu controle, mas que ela gostaria de evitar, quem tem transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva não percebe que seu padrão de pensamento é problemático. A pessoa acredita que seu perfeccionismo e necessidade de controle são pensamentos certos, e que todas as pessoas estão agindo de forma errada.


Comecemos então esclarecendo alguns pontos pela definição base que o DSM-4 dá para esse transtorno duma forma que todos possam entender.

O DSM-4 define o transtorno como um padrão geral de preocupação com ordem, perfeccionismo emocional e controle mental e interpessoal à custa da flexibilidade, espontaneidade e da eficiência. Todas estas características são marcadas por extremos. Ordem, regras, princípios e uma auto-exigência extrema.

O DSM-4 nos mostra igualmente 8 critérios para ajudar a definir um diagnóstico correto sobre o TOC, sendo que o paciente necessita apresentar pelo menos 4 para se encaixar neste padrão. 

- Uma preocupação exagerada com detalhes, normas, listas, ordem, organização ou horários até ao ponto de perder de vista o objetivo principal da atividade e interferir diretamente no quotidiano do indivíduo. Esses indivíduos não dão valor a atividades de relaxamento.

- Vulnerabilidade à critica e avaliação negativa devido ao plano elevado de perfeccionismo e ao fato de não tolerarem o erro. Temem a exposição e avaliação dos demais por terem uma hipersensibilidade à crítica. Esse perfeccionismo é uma compensação que eles mesmos se cobram por terem por detrás uma auto-imagem frágil.

- Estabelecimento de relações formais com os seus pais. Devido à adoção do comportamento pessoal exacerbado eles resolvem não ativar em si mesmos emoções que para eles têm reação aversiva. O contato publico se vê como não muito próximo e íntimo com os seus pais estabelecendo desta forma relações formais e distantes.


- Pensamento extremamente rígido que se centra numa atenção exagerada em detalhes funcionando baseado apenas em elementos concretos. Eles não conseguem ter uma visão do todo o que torna as relações interpessoais, por exemplo, bastante complicadas. O seu pensamento é muito centrado em detalhes específicos. São muito apegados a princípios morais, éticos e comunitários. Formam princípios rígidos acerca de regras em relação à sociedade que são difíceis de modificar até por meio de terapia porque são princípios formados provavelmente desde as suas infâncias.

- Preocupação excessiva com eventos improváveis, ou seja, perda de realidade. O indivíduo faz previsões extremamente negativas de eventos futuros o que mantém o padrão de ansiedade permanentemente elevado.

- São indivíduos carentes de imaginação. O pensamento desses indivíduos, como já se falou antes, é muito concreto, sendo assim, em determinadas situações têm dificuldades em encontrar soluções alternativas para determinados obstáculos do quotidiano ficando excessivamente centrados em um pensamento que é marcado por uma rigidez e não consegue encontrar soluções alternativas.

- São indivíduos pouco afetivos, normalmente são reservados e são regidos pelo intelecto. São indivíduos que muitas vezes são rotulados como frios, desprovidos de emoção e distantes. Não porque eles não tenham a capacidade de sentir mas porque eles utilizam de mecanismos, de fuga esquiva das emoções. São indivíduos que tendem a se isolar e as relações interpessoais ficam mais restritas ao campo profissional. São indivíduos que não têm muitos amigos ou se têm amigos não existe uma relação de intimidade muito profunda. Eles evitam absolutamente esse tipo de relações.

- Apresentação de um padrão de ansiedade e tensão crônicos, o medo do fracasso e consequentemente, também nesta área, um controle emocional extremo o que leva ao aparecimento de sérios sintomas psico-somáticos e diversos problemas de saúde. São indivíduos que somatizam muito as suas emoções. Não raramente esses indivíduos apresentam problemas de gastrite, úlceras, problemas neuro-musculares, a musculatura é sempre muito tensa sendo observada pelos olhos mais atentos mesmo no comportamento não verbal dos indivíduos.

O DSM-4 diz que há uma prevalência de 1% deste transtorno na população geral e de 5% entre os pacientes com transtornos psiquiátricos.
Diz também que o TOC é mais comum em sociedades desenvolvidas ocidentais, em homens do que em mulheres...


Eu tenho sempre uma certa relutância em aceitar este tipo de estatísticas porque existem uma série de fatores a serem considerados que efetivamente não são como por exemplo, serem baseados nos casos diagnosticados que, como podem perceber, são muito raros e quase sempre baseados nos casos mais graves da patologia. Raramente é diagnosticado um TOC e menos TPOC num indivíduo que não apresente o primeiro ponto apresentado pelo DSM-4, então um olhar mais atento sobre este ponto estatístico tem de ser feito.
O transtorno tende a se agravar com o passar do tempo se não for diagnosticado a tempo e tratado adequadamente então vale a pena ficar atento a alguns dos traços, sintomas e comportamentos e serem levados em consideração.
Os pacientes devem levar estas preocupações aos seus médicos e terapeutas e dar a importância que realmente eles têm.
A frase: "Eu sou assim, sempre fui e não vou mudar" faz parte da época da "pré-história", duma mente em negação e conformada. Você pode mudar sim, ser ajudado sim e ter uma vida melhor e mais saudável sim!!
O caminho não é fácil mas é possível.
Cabe a você e só a você querer mudar e jamais desistir!
A responsabilidade dos especialistas é apenas de 50%... os outros 50% terá de caminhar você!!

Esta foi a primeira abordagem sobre o tema deste mês. Como sempre tentei descrever da forma mais simples cada um dos pontos para melhor entendimento.
Espero que tenha sido útil e esclarecedora de alguma forma.


Ao longo do mês encontrará aqui muito mais sobre o Transtorno Obsessivo Compulsivo. Não deixem de nos acompanhar.

By: L.M. - Blog Apenas Borderline


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