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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Não confundir Hipersexualidade com Compulsão Sexual


Antes de começar a falar sobre qualquer questão a respeito da compulsão sexual, é preciso primeiro esclarecer, tanto ao público em geral como aos próprios Borderline, que existe uma enorme diferença entre ser compulsivo e gostar muito de sexo (hipersexualidade).
Antes de fazer alguma afirmação ou resolver "aconselhar" o próximo mesmo pensando que está a fazer algo benéfico, se não tiver conhecimento técnico para tal não o faça ou pode estar cometendo um grave erro, além de estar a contribuir para mais um tabu e estigma contra os pacientes com TPB.


Não confunda hipersexualidade com compulsão sexual. O fato da pessoa ter uma vida sexual intensa, de maneira alguma é um sintoma da compulsão sexual. Ter muita vontade de transar não caracteriza nenhum transtorno. A diferença é que o obsessivo/compulsivo não consegue resistir aos pensamentos e desejos, que precisam ser saciados no mesmo momento, não importando com quem, em que lugar ou circunstância.
Uma coisa é ter um ritmo sexual elevado em relação à normalidade ou segundo os padrões de ordem social, outra coisa bastante diferente é ter obsessão e compulsão constante sem qualquer regra para transar ou se masturbar. 


Um compulsivo, além de ocupar a maior parte do seu tempo com essa obsessão também acaba com a sua relação sócio-afetiva. O indivíduo deixa de conseguir se relacionar com os demais, trabalhar e, dependendo da gravidade, o individuo pode se tornar uma pessoa agressiva para conseguir satisfazer a sua compulsão literalmente a qualquer custo.
A patologia geralmente começa com pensamentos repetitivos assemelhando-se à necessidade de uma droga dura na sua abstinência, chegando ao ponto da pessoa não conseguir conter o comportamento.


Como o próprio compulsivo tem dificuldade de perceber que sofre de um transtorno, geralmente os primeiros que notam os sintomas são os familiares, amigos e colegas de trabalho. A pessoa começa a apresentar modificações relevantes no comportamento como ir constantemente ao banheiro para se masturbar, deixar de conviver com outros indivíduos nas horas livres, etc. Esse transtorno está intimamente relacionado à ansiedade e a outros transtornos obsessivos compulsivos.
Quem sofre desse problema tem dificuldade de pensar e se concentrar em coisas que não estejam relacionadas ao sexo. Além disso, outra característica do compulsivo é agir por impulso, sem premeditar, ou seja, primeiro faz e depois vê o que fez.

A compulsão sexual começa com a fissura. A pessoa vai até um determinado local para a atividade sexual acontecer. Passada essa etapa, ela tem a gratificação, ou seja, transou, saciou a vontade. Depois chega a fase do desespero, porque muitas vezes esse sexo acontece com qualquer um. E não adianta ela ter uma relação agora, porque em meia hora ou apenas alguns minutos vai começar tudo de novo.

O grande problema de lidar com essa doença é o fato de que o sexo envolve prazer. Nesse sentido, a compulsão não incomoda e, a princípio, não parece fazer mal. Por isso é bastante comum que o compulsivo sexual conviva com esse transtorno por muitos anos, antes de perceber que se trata de um problema sério. Essas pessoas geralmente só buscam tratamento quando já estão com a vida social totalmente abalada, convivendo com problemas na família, no casamento, no trabalho e até perante as normas da sociedade resultando em problemas com a lei.

A aceitação de um transtorno piora quando a própria sociedade acaba  por considerar o homem que se dedica tanto ao sexo como viril e machão. Já em relação às mulheres, esse tipo de atitude é muito descriminada.
A compulsão sexual não tem cura até aos dias de hoje e é necessidade máxima ser tratada para ser controlada.

A terapia sexual é extremamente necessária para controlar o comportamento a nível psicológico e comportamental. Em associação ao processo terapêutico, geralmente também é necessária a administração de antidepressivos e estabilizadores de humor que auxiliam na diminuição do desejo. Só com ajuda o indivíduo perceberá que é dependente e que não está mais no controle das suas vontades e desejos. O importante é que ele entenda em quais situações fica mais ansioso e, a partir daí, possa aprender a se controlar.

A análise para se identificar a compulsão sexual nem sempre é fácil. O comportamento tem de causal sofrimento e prejuízo tanto ao indivíduo como aos que o rodeiam por mais de 1 ano e apresentar dentro de um período de um mês, 3 ou mais dos seguintes sintomas:

1 - As práticas sexuais começarem a ser cada vez mais intensas e frequentes para se obter a mesma satisfação que havia no início do quadro mesmo que o corpo dele/a não aguente.


2 – Presença de sintomas físicos ou psíquicos, tal qual como as doenças de dependência de álcool e drogas, que causam aumento de batimento cardíaco, tremor a assim por diante mediante a abstinência.


3 – Aumento da duração e intensidade do comportamento.


4 - Fracasso em controlar a compulsão.


5 – Gastar muito tempo com atividades para obter o sexo. A pessoa passa longos períodos envolvida na obsessão do pensamento de como obter satisfação sexual imediata.


6 - Prejuízo em todas as atividades da sua vida. O paciente fica cada vez menos no trabalho, muito menos com os amigos, muito menos com a família, porque está obcecado em conseguir prazer.


7 – Dar continuidade à obsessão e compulsão mesmo depois de ter contraído alguma doença sexualmente transmissível fazendo-o alienar das suas responsabilidades sociais.


Espero ter conseguido esclarecer a diferença entre a vontade fora do comportamento normal da sociedade e o transtorno que deve ser tratado antes de causar problemas sérios ao paciente e aos que o rodeiam.

Informe-se e não se autodiagnostique e intitule de coisas que só aumentarão o seu sofrimento sem nenhum sentido.
Se você sofre do transtorno procure um médico o mais brevemente possível. Se tem hiperatividade sexual relaxe e desfrute.

Apenas e só isso!!

By: L.M. - Blog Apeas Borderline

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