Todos já ouvimos falar que o Transtorno Bipolar é uma doença crônica e que a forma mais eficaz de ser tratado é com base em medicamentos e terapias cognitivas e/ou comportamentais mas, estudos recentes têm demonstrado que alguns alimentos estimulantes e pobres em nutrientes têm efeitos negativos e aumentam a flutuação de humor. Sendo assim, o acompanhamento nutricional também é essencial para o sucesso do tratamento.
É muito importante saber quais são os grandes vilões da dieta para que seja possível evitar o consumo diário destes alimentos e com isso reduzir as oscilações de humor, como por exemplo:
Farinha Branca ou Refinada:
Um estudo publicado no “Journal of Affective Disorders” provou que o consumo de alimentos feitos à base de farinha especial enriquecida com ferro e ácido fólico (farinha branca ou refinada), leva a um aumento da taxa de açúcar no sangue e uma sensação de euforia momentânea. Como resposta, o corpo reduz a taxa de açúcar no sangue rapidamente, levando à hipoglicemia, acompanhada por uma sensação de mau humor, fome, fadiga e cansaço. Isto muitas vezes induz à compulsão alimentar por mais alimentos ricos em farinha branca, gerando um ciclo vicioso onde não é possível controlar o humor, o que piora muito o quadro da bipolaridade.
Açúcares de adição:
São todos os alimentos em que são adicionados algum tipo de açúcar, sendo os mais conhecidos o açúcar refinado, o açúcar invertido, o xarope de milho e o xarope de glicose. Estes açúcares adicionam calorias vazias (sem nutrientes) aos alimentos, que contribuem apenas para o ganho de peso (muito comum em pacientes com bipolaridade) e provocam o mesmo quadro de hiperglicemia que a farinha branca.Segundo o Dr. Wes Burgess, autor do livro “Manual do Paciente com Transtorno Bipolar: Perguntas da vida real com respostas atualizadas”, é importante evitar este tipo de ingrediente principalmente quando o paciente sente ansiedade com tensão e irritabilidade ou ainda algum tipo de comportamento frenético.
Estudos indicam igualmente que indivíduos que sofrem de transtorno bipolar apresentam algumas deficiências nutricionais como a anemia e deficiência de vitaminas do complexo B.
Para evitar a anemia é importante o consumo de alimentos de origem animal, eles são as melhores fontes de ferro. Apenas uma vez por semana consuma um bife de fígado de 100 gramas. Caso o sabor não agrade uma dica pode ser a de adicionar fígado de galinha no feijão. Ele também é rico em ferro tem sabor mais suave, e quando cozido junto com o feijão seu sabor desaparece.
As vitaminas do complexo B estão presentes em todos os alimentos. Uma dieta equilibrada contendo todos os grupos de alimentos fornece a quantidade adequada dessas vitaminas.
Por outro lado, hábitos como uma dieta equilibrada, consumo de vitaminas - especialmente Omega 3, magnésio, vitamina B - e a redução ou mesmo eliminação de cafeína e diminuição das quantidades de açúcar inferidas, parecem minimizar a intensidade e a frequência das oscilações de humor para quem sofre de transtorno bipolar.
Estas são apenas algumas maneiras de como fazer boas escolhas à mesa pode contribuir para o tratamento do transtorno bipolar.
Grata pela preferência.
Voltem sempre!!
By: L.M. - Blog Apenas Borderline
Os transtornos do humor, como depressão e transtorno bipolar, afetam milhões de pessoas em todo o mundo e, sem sombra de dúvida, alguns familiares e amigos também são afetados de alguma forma.
Se um ente querido tem o transtorno de humor, você também pode se sentir desamparado, oprimido, confuso e sem esperanças, ou ainda você pode se sentir magoado, irritado, frustrado e com ressentimentos.
Você também pode vir a ter sentimentos de culpa, solidão, ou sentimentos de tristeza, cansaço, medo, etc.
Todos esses sentimentos são normais... se você ama alguém desse jeitinho é normal que se sinta assim porque com certeza desejaria que essa pessoa estivesse bem, fosse saudável, sorrisse a seu lado, mas se isso não está apenas nas suas mãos saiba que você pode ajudar de alguma forma:
O Que Você Precisa Saber
- A doença de um ente querido, não é culpa sua e nem dele.
- Você não pode curar o seu familiar, mas pode lhe oferecer apoio, compreensão e esperança.
- Cada pessoa apresenta o transtorno de humor de uma forma diferente, com sintomas também diferentes. Isto é, varia de pessoa para pessoa.
- A melhor maneira de você saber sobre o que o seu familiar portador do transtorno bipolar necessita, o ideal é perguntar diretamente para ele e buscar mais conhecimentos acerca da doença.
O Que Você Precisa Saber:
Informação: contatos do psiquiatra, terapeuta do familiar portador, o seu hospital local para atendimento, e sobre os membros da família de confiança que podem ajudar em uma crise/episódio e os amigos de contato.
(Incluindo os números de emergência médica, caso seja necessário)
Se você é ou não é uma pessoa autorizada a falar com o psiquiatra do seu ente querido, sobre o tratamento, e se isso não puder acontecer, o que fazer para receber a autorização.
Quais são as instruções especiais para os tratamentos e medicamentos que o seu familiar recebe, quais as dosagens, e quaisquer mudanças necessárias na dieta ou da atividade de vida diária.
Quais são os sinais mais prováveis de aviso de que um episódio maníaco ou depressivo se aproxima (tais como palavras ou comportamentos), e o que você pode fazer para ajudar nestes momentos.
Que tipo de ajuda pode oferecer diariamente, como apoiar nas tarefas domésticas ou ajudar com as compras.
Peça esclarecimentos de coisas que você não entende, de forma tranquila, educada e firme para a equipe de saúde, para cuidadores. Como também escrever as coisas para se lembrar.
O que dizer para ajudar
- Você não está sozinho/a nessa. Conte comigo.
- Entendo que é uma doença real, que traz pensamentos e sentimentos.
- Você pode não acreditar agora, mas a maneira como você se sente mudará.
- Talvez eu não consiga entender exatamente como você se sente, mas eu te amo e quero lhe ajudar.
- Quando você pensar em desistir, pense que em apenas um dia, hora ou minuto, você poderá aproveitar o sucesso.
- Você é importante para mim. Sua vida é importante para mim.
- Diga-me o que posso fazer agora para lhe ajudar.
- Nós vamos passar por isso juntos.
O que você deve evitar dizer:
- É tudo sua imaginação.
- Todos nós temos momentos como este.
- Você vai ficar bem. Pare de se preocupar.
- Olhe para o lado positivo.
- Você tem tantas coisas para viver. Por que você quer morrer?
- Eu não posso fazer nada sobre a sua situação.
- Deixe isso.
- Pare de agir como um louco.
- E você? Não deveria estar melhor agora?
O que fazer se alguém está em crise
Algumas pessoas são estabilizadas rapidamente após o início do tratamento medicamentoso, outros levam mais tempo e precisam tentar vários tratamentos, drogas ou combinações de drogas antes de se sentir melhor. A psicoterapia pode ser útil para ajudar controlar e entender os sintomas no momento.
Se o seu amigo ou familiar enfrenta desafios no tratamento, apoio e paciência são necessários mais do que nunca. A educação pode ajudá-lo tanto para encontrar opções disponíveis e como ajudá-lo a decidir se você precisa de uma segunda opinião. Ajude o seu ente querido para tomar os medicamentos como foram orientados, e não assumir que a pessoa não está seguindo o plano de tratamento só porque você não está se sentindo 100% melhor.
Existe Esperança
Como amigo ou parente de alguém que está lutando com transtorno bipolar ou depressão, o seu apoio é uma parte importante no processo de melhoria e recuperação. Não perca a esperança! O tratamento para o transtorno de humor funciona, e a maioria das pessoas portadoras podem voltar a levar vidas produtivas e estáveis. Continue trabalhando com seu ente querido, juntamente com os provedores de cuidados de saúde para encontrar os tratamentos que funcionam, e sempre lembrar ao seu parente ou amigo portador que ele tem o seu apoio.
Receita Especial "da Casa":
Se não souber o que falar no momento ou não tiver a certeza, faça o que todo o doente deseja que você faça naquela hora:
Cale a boca e o abrace! :P
Fonte: http://www.dbsalliance.org/site/PageServerpagename=esp_about_helping
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É bastante difícil o diagnóstico de transtorno de personalidade como comorbidade do Transtorno Afetivo Bipolar, particularmente durante as fases de depressão ou de hipomania/mania. Por outro lado, sua identificação tem importantes implicações em termos de prognóstico. Assim sendo, recomenda-se que essa dúvida seja esclarecida quando o TAB estiver controlado, se possível contando com informações de familiares.
Os transtornos de personalidade mais encontrados em comorbidade com o TAB são os do cluster B, principalmente os transtornos borderline e histriônico. Nesses pacientes e em outros com traços de personalidade mal adaptativa, a avaliação dos sintomas de TAB é difícil e, não raramente, seus sintomas podem ser subestimados.
O diagnóstico de um transtorno psiquiátrico já é difícil em muitas ocasiões. O que dizer então do diagnóstico de uma comorbidade? Além disso, não é tarefa isenta de riscos. O primeiro deles diz respeito a se fazer um segundo diagnóstico quando, na verdade, o que o paciente apresenta não é outro transtorno e sim manifestações do próprio Transtorno Bipolar que mimetizam outro quadro. Nunca é demais lembrar que não existem comorbidades de sintomas, mas sim de doenças ou transtornos.
O segundo risco envolve o não-reconhecimento de um segundo (ou terceiro) transtorno que o paciente apresente conjuntamente com o Trastorno Bipolar. Em outras palavras, uma coisa é o diagnóstico diferencial (Esse paciente tem TAB ou outro transtorno?) e outra são os diagnósticos associados, as comorbidades.
Como sempre, quem paga o preço por um engano do médico assistente é o paciente. E esse preço pode ser elevado. A não-identificação de uma comorbidade implicará resposta parcial ao tratamento (na melhor das hipóteses) com consequente maior morbidade e maior chance de complicações. Em contrapartida, a confusão de manifestações do TAB com sintomas de outros transtornos psiquiátricos poderá resultar em excessos terapêuticos.
Em vista do que foi apresentado, é importante, quando se faz o diagnóstico de TAB, que se investigue a presença de transtornos de ansiedade. A suspeita dessa comorbidade deve ser ainda maior nos pacientes que não estejam respondendo satisfatoriamente ao tratamento e/ou tenham problemas relacionados com abuso de álcool ou drogas, visto que essa é a complicação mais comum nesses casos.
A comorbidade em pacientes com TAB, muito mais regra que exceção, é um fato e não um artefato devido a questões metodológicas dos estudos epidemiológicos como se chegou a pensar. Trata-se de fenômeno clínico dos mais relevantes com implicações em termos de diagnóstico, manejo clínico e prognóstico. Recomenda-se que sempre se mantenha presente sua possibilidade, para que seja possível sua identificação precoce em pacientes com TAB. Esse cuidado é particularmente indicado nos casos de resposta insatisfatória ao tratamento ou naqueles com apresentação mais complexa, quando então a anamnese detalhada deve ser complementada por informações dadas pelos familiares.
O tratamento do paciente bipolar com comorbidade quase sempre envolve a utilização de um estabilizador do humor, quer seja como medicação primária ou como profilático quando se faz necessário o uso de antidepressivos – em pacientes com TP, TOC, TAS ou transtornos alimentares.
Com base nos dados de literatura não é possível dizer que um estabilizador de humor seja melhor que outro em pacientes com transtorno bipolar em comorbidade com outros transtornos.
Os benzodiazepínicos podem ser úteis como coadjuvantes na medicação para esses pacientes, bem como também o emprego de técnicas de psicoterapia cognitivo comportamental e terapias de grupo.
Por fim, mais uma vez fica o alerta aos pacientes de que é importante a confiança e clareza total com os seus terapeutas ou os riscos de diagnósticos errados e, consequentemente, tratamentos que não dão certo serão uma realidade a pagar e com consequências graves.
Sejam claros, persistentes... se necessário não tenham vergonha de pegar num papel e caneta e escrever o que sentem para não se esquecerem no momento das consultas mas jamais escondam nada.
Profissionais de saúde existem para caminhar ao vosso lado e vos dar a mão, não para serem vossos inimigos!
Fontes: (75 Sanches, R.F.; Assunção, S.; Hetem, L.A.B. Rev. Psiq. Clín. 32, supl 1; 71-77, 2005)
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O Transtorno Bipolar I é caracterizado pela presença de história de Episódios de Mania (ou euforia), com ou sem história de episódios depressivos major. A recorrência é indicada por uma alteração na polaridade do episódio ou por intervalo de dois meses livre de sintomas maníacos.
A taxa de suicídio é de cerca de 10 a 15% nesta doença, mas a ideação suicida é mais prevalente nas fases depressivas. Está associada em muitos doentes a história de problemas pelo uso de álcool ou de outras substâncias, essencialmente naqueles com início precoce do Transtorno Bipolar I.
Estima-se que 10 a 15% dos adolescentes com Episódios Depressivos Major recorrentes irão desenvolver Transtorno Bipolar I.
A incidência é aproximadamente igual nos homens e nas mulheres, contudo nos homens é mais provável que o primeiro episódio seja maniaco enquanto nas mulheres será um episódio depressivo major e estes episódios ocorrem em maior frequência que os episódios de mania (no homem a frequência é semelhante).
Uma frequência de 4 ou mais episódios de alteração de humor por ano, ciclos rápidos, está associada a um pior prognóstico.
A existência de perturbações de humor em familiares biológicos em primeiro e segundo grau está associada a uma maior incidência no transtorno bipolar assim como numa idade de início mais precoce.
O Transtorno Bipolar II exige um ou mais Episódios de Depressão Major e pelo menos um Episódio de Hipomania. A presença de um episódio maníaco exclui o diagnóstico de Transtorno Bipolar II.
Os sintomas causam mal-estar clinicamente significativo ou deficiência no funcionamento social, ocupacional ou em qualquer outra área importante. A informação de pessoas próximas do doente é importante pois estes não se consideram afetados nem se recordam de outros episódios de hipomania.
O suicídio ocorre na fase de Depressão Major e atinge uma taxa de 10 a 15%.
Se houver referência de episódios maníacos, o diagnóstico deverá ser alterado para Doença Bipolar I, o que se verifica em 5 a 15% dos doentes num período de 5 anos.
Tal como na doença Bipolar I, a história de perturbações de humor na família, está associada a uma maior incidência no Transtorno Bipolar II.
Existe também o Transtorno Bipolar sem outra especificação que inclui as perturbações com características bipolares que não preenchem os critérios para nenhuma das Perturbações Bipolares. Existe uma alternância muito rápida entre os sintomas maniacos e os sintomas depressivos (apenas dias) que não podem ser classificados como Episódio Maníaco ou Episódio Depressivo Major.
A Ciclotimia é caracterizada por pelo menos dois anos com numerosos períodos de sintomas hipomaníacos que não preenchem critérios para Episódio Maníaco e numerosos períodos de sintomas depressivos que não preenchem critérios para Transtorno Depressivo Major.
Dada a sua evolução crônica e flutuante, não há períodos ausentes de sintomas superiores a dois meses. Durante os dois primeiros anos da doença, não poderá verificar-se Episódios de Depressão Major, Mania ou Mistos.
Os sintomas causam mal-estar clinicamente significativo ou deficiência no funcionamento social, ocupacional ou qualquer outra área importante, sendo o doente considerado imprevisível, inconsciente ou não merecedor de confiança.
A sua incidência é semelhante em ambos os gêneros e a prevalência é estimada em 0,4 a 1%.
É mais comum quando se verifica uma história de Transtorno Bipolar I ou II nos parentes de primeiro grau.
Importante referir que todas as perturbações são distintas daquelas com os mesmos sintomas induzidas por outros estados patológicos ou por substâncias. Quando o início das perturbações ocorrem na idade adulta, dever-se-á suspeitar desta relação. É importante realçar que o diagnóstico do Transtorno Bipolar não implica necessariamente uma história de depressão.
Os critérios de diagnóstico para o transtorno bipolar I requerem apenas um Episódio de Mania. De facto, algumas investigações suportam a existência de Mania Unipolar.
Karkowski & Kendler demonstram que 25-33% de uma amostra de doentes com doença bipolar sem tratamento não apresentaram alguma vez Episódios de Depressão Major.
Adicionalmente, Solomon et al, 2003, demonstrou sete casos de doentes com mania sem episódios depressivos durante 20 anos de follow-up.
Devemos ainda ter em conta que pelo facto dos doentes deprimidos procurarem tratamento mais facilmente que os doentes maníacos, a prevalência da Mania Unipolar está subdiagnosticada.
Em outra oportunidade falaremos mais sobre este tipo de mania.
Grata pela preferência.
Voltem sempre!
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Ninguém procura um especialista de saúde mental de ânimo leve, quer seja ele um psicólogo, terapeuta ou psiquiatra. No caso da procura de um psiquiatra a coisa complica mais um pouco porque já vem o pensamento automático e o preconceito “psiquiatra coisa para louco”, “ele vai me dopar”, “vou ficar dependente de remédios”, “depois que entrar nessa não saio mais”, etc.
Vejo diariamente como é difícil esse percurso, da procura do especialista à aceitação de um tratamento ou mesmo, dependente do caso, à ideia da cura de um transtorno ou sintoma do foro psiquiátrico, e sei o quanto é importante que o paciente dê sentido a tudo isso. Mas o fato é que tratamento também depende dele, ele precisa dar significados para o que está sentindo, precisa compreender seu problema e ajudar o especialista que o trata a desatar os nós que o prendem ao sofrimento. Não é um caminho fácil mas é possível se todos trabalharem de mãos dadas e se esforçarem pelo mesmo objetivo: o sucesso e uma vida digna e estável para o paciente.
Já falei inúmeras vezes que um tratamento terapêutico é absolutamente necessário no acompanhamento de um paciente psiquiátrico. Apenas remédios não vão resolver. E isto é fácil de entender, quer sejam pacientes com transtornos de personalidade ou clínicos (biológicos) visto que ambos, independentemente de que transtorno padeçam, tiveram uma vida dificultada por muitos aspectos difíceis de controlar devido à sua condição. Então hábitos foram adquiridos, ideias foram interiorizadas, formas de ser e estar na vida menos saudáveis foram adotadas e é nesse aspeto que a medicação nada vai mudar. Sintomas como a irritabilidade, ansiedade, impulsividade, depressão etc serão aliviados mas se o indivíduo não mudar a forma de estar na vida, de pensar corretamente sobre cada detalhe que precisa ser mudado para viver em equilíbrio com eles mesmos, o caminho irá ser bastante mais árduo e provavelmente sem muitas mudanças ou sucesso.
O tratamento é um conjunto de fatores a serem corrigidos então não descuidem nenhum dos passos.
É óbvio que haverá momentos em que você irá fraquejar por algum motivo (até hoje não conheci ninguém que não o tenha feito ou pensado em fazer) mas o importante é nunca perder o foco e pensar que se deu certo para muitos também poderá dar para você. E com certeza se fizer tudo certo e for persistente assim será.
Entendam igualmente que, na maioria dos casos, o tratamento não funciona de forma automática. Não se trata de medicação e tratamentos para a dor de cabeça ou de um dente. A coisa é bem mais séria e complicada que isso e, consoante a sua idade vá aumentando e as crises sejam cada vez mais frequentes sem qualquer tratamento ou medicação errada, o caso fica mais resistente mas a batalha é sua e só você pode ser o guerreiro nela, então dê o melhor de você. Procure ajuda, se fortaleça mas jamais desista.
Ajude também, no caso do tratamento medicamentoso, o seu psiquiatra a perceber que as coisas estão ou não estão funcionando para você. Isso é muito importante! No caso de intolerância de algum medicamento ou contra-indicação menos agradável é importante a comunicação para que se possam contornar os efeitos ou então para que os sintomas se tornem mais toleráveis ou até por vezes a saber quando tem de mudar um medicamento e ajustar-lo ao seu caso. Repito uma vez mais que especialistas da saúde mental não possuem uma bola de cristal e vocês não vão se consultar por terem um dente cariado mas por problemas de ordem mental que se não forem especificados eles não poderão adivinhar e fazer o seu trabalho corretamente. A solução será adaptar a medicação e as suas dosagens a cada paciente e não desistir. Pense sempre que ao desistir de um tratamento que é necessário para o seu bom funcionamento e bem estar estará desistindo de si mesmo!
É absolutamente essencial para o sucesso de qualquer tratamento que o paciente tenha a consciência que o sucesso passa pelo autoconhecimento, ou seja, começarem a se conhecer e a se observarem a si mesmos como se o estivessem fazendo com outra pessoa... imaginem um primeiro encontro com alguém... então observem, se olhem por dentro, tentem de entender, queiram aprender mais sobre vocês mesmos. Comecem também a entender o que pertence à vossa personalidade e o que faz parte do transtorno. Não coloquem tudo no mesmo saco nem pretendam ser quem vocês não são porque aí perderão a vossa essência. O que vocês têm de tratar é o que vos traz transtorno quer seja à vossa vida ou à dos que você mais ama, o resto faz parte de vocês. Só assim vocês podem tomar as rédeas da vossa vida sem que a doença tome conta do vosso quotidiano.
Desejo o melhor para todos.
Grata pela vossa preferência.
Voltem sempre!
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O Transtorno Bipolar é caracterizado por alterações de humor que se manifestam como episódios depressivos, maníacos, hipomaníacos ou mistos. O Transtorno Bipolar Tipo I, considerado clássico, apresenta fases de depressão e de mania de forma bem distinta e abrange 1% da população. Entretanto, a alternância desses quadros não obedece a padrões ou intervalos definidos em grande parte dos pacientes. Levando-se em conta os casos mais brandos, a prevalência do Transtorno Bipolar pode chegar a 8% da população, segundo estimativas da Associação Brasileira de Distúrbio Bipolar. É importante lembrar que 50% dos portadores apresentam pelo menos um familiar afetado pela doença.
Indivíduos com Transtorno Bipolar passam, em geral, aproximadamente dois terços do tempo na fase depressiva e os sintomas, que incluem tristeza prolongada, perda de energia, letargia e idéias de suicídio, geralmente são mais debilitantes que os de euforia. Já na fase maníaca (eufórica), os os indivíduos apresentam aumento da energia e atividade, inquietação, humor eufórico, irritabilidade extrema, pensamento acelerado e sensação de autoestima elevada chegando, em certas ocasiões, a sentirem que podem tudo e são invencíveis.
Falando agora sobre combinações de medicamentos que reduzem recaídas, numa análise de dois grandes estudos clínicos foi demonstrado que a combinação de quetiapina com estabilizador de humor reduziu em 70% o risco de pacientes com transtorno bipolar estáveis sofrerem recaídas, em comparação com pacientes que receberam somente o estabilizador de humor. Além disso, 50,4% das pessoas que tomaram o estabilizador de humor isoladamente registraram um episódio de mania ou depressão, contra apenas 19,3% dos que ingeriram também a quetiapina.Esses resultados foram apresentados no Congresso da Sociedade Internacional de Transtorno Bipolar, realizada em Delhi, na Índia, e evidenciam o potencial da quetiapina como terapia de manutenção para evitar que pacientes com transtorno bipolar tenham recaídas. A análise envolveu 1.334 pacientes estáveis que foram divididos em dois grupos para receber o tratamento de manutenção com Seroquel (quetiapina) somado a um estabilizador de humor ou placebo combinado a um estabilizador de humor durante 104 semanas.
Considerada uma das promessas para o tratamento do transtorno bipolar, a quetiapina aguarda aprovação pelo FDA e pela ANVISA como terapia de manutenção para pacientes com transtorno bipolar.
O medicamento já é aprovado no Brasil para tratar os episódios de mania e de depressão em pacientes bipolares, sem associação com outros medicamentos, isto é, em monoterapia. Trata-se do único antipsicótico moderno (atípico) com esta aprovação.
“A quetiapina já comprovou eficácia para tratar o paciente bipolar durante uma crise depressiva e de mania, sendo aprovada para tais utilizações. Agora, novos estudos buscam comprovar que o medicamento também pode ser administrado como terapia de manutenção para evitar que pacientes estáveis tenham recaídas”, explica José Eduardo Neves, psiquiatra.
O tratamento do transtorno bipolar apresenta grandes desafios para os médicos. Primeiro porque muitos pacientes bipolares são confundidos com depressivos unipolares e tratados inadequadamente. Uma das razões que dificultam o diagnóstico é que os portadores de transtorno bipolar passam aproximadamente dois terços do tempo no quadro depressivo. Pesquisas apontam que 69% recebem o diagnóstico incorreto e demoram até 10 anos para descobrir que são bipolares.
Os antidepressivos não são aprovados pelo FDA para tratar depressão em pacientes bipolares, uma vez que podem induzir quadros de euforia (mania). Quando administrados isoladamente, os antidepressivos podem desencadear um episódio de mania em 49% dos pacientes bipolares.Já os estabilizadores de humor são administrados tanto nas fases de mania quanto de depressão bipolar, apesar de seus benefícios serem mais evidentes para o controle da euforia. Entretanto, um estudo publicado no American Journal of Psychiatry mostrou que o estabilizador de humor mais usado registra redução progressiva da adesão ao tratamento.
Neste contexto, a quetiapina juntamente com o estabilizador de humor aparece como uma nova alternativa para atender aos pacientes durante as crises de depressão e de euforia e, no futuro, como terapia de manutenção.
Fica claro aqui que deverão sempre consultar os vossos psiquiatras. Esta publicação apenas pretende dar informação àqueles que buscam entender mais sobre as várias opções de tratamento e manutenção do mesmo em casos de bipolaridade apesar das mesmas serem de fontes de respeito e confiáveis no meio psiquiátrico.
Aconselho igualmente, mais uma vez a sempre serem o mais sinceros possíveis com os vossos profissionais de saúde mental pois só dessa forma eles poderão fazer o seu trabalho de forma correta e com maior precisão e rapidez de diagnóstico.
Mais uma vez grata pela preferência.
Voltem sempre!
Fonte: American Journal of Psychiatry
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Os transtornos do humor são diferenciados entre Depressão Unipolar e Transtorno Bipolar dependendo do tipo de alteração do humor, severidade e evolução da patologia. O maior fator de distinção entre os dois é a presença de mania ou hipomania em alguma altura do seu curso clínico. Pacientes com transtorno bipolar GERALMENTE apresentam-se inicialmente com depressão e no curso da sua doença podem estar neste estado cerca de 3 vezes mais do que no estado de Mania ou Hipomania. Na ausência dos sintomas de mania, é difícil de diferenciar entre doença bipolar ou depressão unipolar... mas elas existem.
E o que têm a ver os transtornos de humor com a personalidade borderline?Muito, porque a depressão unipolar é uma das características principais do Transtorno de Personalidade Borderline mais notada na sua maioria do tempo. Também porque, sendo o Transtorno de Personalidade Borderline o diagnóstico principal, jamais o individuo terá episódios de mania ou hipomania. Se se verificar a Personalidade Borderline com o TAB será sempre a personalidade como comorbidade do transtorno de humor e nunca o contrário.
Vamos então definir o que são as três coisas de que tanto falam e que tanto distingue o Transtorno de Personalidade Borderline do Transtorno de Humor Bipolar, embora ambos tenham como sintomas transtornos de humor como é o caso da Depressão Unipolar no TPB e a Depressão Bipolar, Mania e Hipomania no transtorno afetivo Bipolar. Mas da Depressão Bipolar falaremos numa outra oportunidade.
A própria classificação atual definida pelo DSM considera que a Depressão Unipolar e a Doença Bipolar são transtornos qualitativamente diferentes no que diz respeito à sua etiologia e à sintomatologia. Será importante esclarecer os conceitos de Episódio Depressivo Major, Mania e Hipomania que ajudarão posteriormente a estabelecer os vários diagnósticos dos transtornos de humor.
É importante salientar que a Depressão Major é um sintoma do Transtorno de Personalidade Borderline mas não a define por excelência. Pacientes com este tipo de transtorno podem ter episódios de melhoria e apresentarem comportamentos normais sem por isso terem de estar em hipomania ou mania, aliás, isso não se verifica já que não apresentam os critérios para os colocar nestes quadros.
O Episódio de Depressão Major exige um período de pelo menos duas semanas, durante a maior parte do dia, quase todos os dias, de humor depressivo ou perda de interesse. Apresenta ainda as características enunciadas nas definições que irei apresentar me baseando nos critérios do DSM. Tipicamente, se não for tratado, tem uma duração de quatro meses ou mais.
Critérios DSM-IV para Episódio de Depressão Major
A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estão presentes durante um período de 2 semanas e representam uma alteração ao funcionamento normal do indivíduo:
- humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por uma descrição subjetiva (por ex: sente-se triste ou vazio) ou observação feita por outros (por ex: choro compulsivo e persistente).
- interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias.
- perda ou ganho de peso sem estar em dieta ou diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias.
- insônia ou hipersônia quase todos os dias.
- agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias.
- fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
- sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser delirante), quase todos os dias.
- capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias.
- pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), idealização ou tentativa de suicídio.
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
C. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex: drogas ilícitas ou medicamentos) ou de uma condição médica geral ou específica (por ex: tratamento de câncer, reumatismo, diabetes, etc).
D. Os sintomas não são melhor explicados por questões de luto ou perdas, persistem por mais de 2 meses ou são caracterizados por acentuado prejuízo funcional, preocupação mórbida com desvalia, ideação suicida, sintomas psicóticos ou retardo psicomotor.
O Episódio de Mania é definido pela elevação aumentada e persistente do humor, expansivo e irritável durante pelo menos uma semana, a menos que exista internação. Deverá verificar-se ainda pelo menos 3 dos critérios referidos no ponto B da seguinte descrição:
Critérios DSM-IV para Episódio de Mania
A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável, durando pelo menos 1 semana (ou qualquer duração, se a internação é necessária).
B. Durante o período de perturbação do humor, três (ou mais) dos seguintes sintomas persistiram (quatro, se o humor é apenas irritável) e estiveram presentes num grau significativo:
- auto-estima aumentada ou grandiosidade
- necessidade de sono diminuída
- mais comunicativo do que o habitual ou necessidade de falar ou se expressar de alguma forma
- fuga de idéias
- distratibilidade (a atenção é desviada com excessiva facilidade para estímulos externos insignificantes ou irrelevantes)
- aumento da atividade dirigida a objetivos (socialmente, no trabalho, na escola ou sexualmente) ou agitação psicomotora
- envolvimento excessivo em atividades prazerosas e comportamentos potencialmente inconsequentes (por ex: envolvimento em surtos incontidos de compras, indiscrições sexuais, tendência ao consumo de drogas ilícitas ou recreativas, etc)
C. Os sintomas não satisfazem os critérios para Episódio Misto
D. A perturbação do humor é suficientemente severa para causar prejuízo acentuado no funcionamento ocupacional, nas atividades sociais ou relacionamentos habituais com outros, ou para exigir a internação, como um meio de evitar danos a si mesmo e a outros, ou existem aspectos psicóticos.
E. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex: uma droga ilícita, um medicamento ou outro tratamento) ou de uma condição médica geral ou específica (por ex: tratamento de câncer, reumatismo, diabetes, etc).
Nota: Episódios tipo maníacos nitidamente causados por um tratamento antidepressivo somático (por ex: medicamentos, terapia eletroconvulsiva, fototerapia) não devem contar para um diagnóstico de Transtorno Bipolar I.
A Hipomania tem uma apresentação clínica menos severa que a Mania, duração inferior (quatro dias) e geralmente não acarreta distúrbios sociais significativos nem necessita de internação. Não são vistos como negativos pelo doente pois a atividade, energia e produtividade estão até acrescidas. Por este motivo, os episódios de Hipomania não são reportados pelo paciente.
Critérios DSM-IV para Episódio Hipomaníaco
A. Um período distinto de humor persistentemente elevado, expansivo ou irritável, durando todo o tempo ao longo de pelo menos 4 dias, nitidamente diferente do humor habitual não deprimido.
B. Durante o período da perturbação do humor, três (ou mais) dos seguintes sintomas persistiram (quatro se o humor é apenas irritável) e estiveram presentes em um grau significativo:
- auto-estima aumentada ou grandiosidade
- necessidade de sono diminuída
- mais falador do que o habitual ou necessidade aumentada por se exprimir
- fuga de ideias ou experiência subjectiva aceleração de pensamento
- distração e foco diminuído
- aumento da atividade dirigida a objetivos (socialmente, no trabalho, na escola ou sexualmente) ou agitação psicomotora
- envolvimento excessivo em atividades prazerosas com alto potencial de se tornarem inconsequentes.
C. O episódio está associado com uma inequívoca alteração no funcionamento do indivíduo, que não é sua característica habitual quando está assintomático.
D. A perturbação do humor e a alteração no funcionamento são perceptíveis a maior parte das vezes apenas por terceiros mesmo que o indivíduo já tenha alguma consciência da sua patologia.
E. O episódio não é suficientemente severo para causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou ocupacional, ou para exigir a internação, nem existem aspectos psicóticos.
F. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex: drogas ilícitas, medicamentos, ou outros tratamentos) ou de uma condição médica geral ou específica (por ex: tratamento de câncer, reumatismo, diabetes, etc).
Nota: Os episódios tipo hipomaníacos nitidamente causados por um tratamento antidepressivo somático (por ex., medicamentos, terapia eletroconvulsiva e fototerapia) não devem contar para um diagnóstico de Transtorno Bipolar II.
Espero ter conseguido ser o mais clara e objetiva possível e desta forma conseguir esclarecer algumas dúvidas.
Como é habitual constatar-se haver frequentemente traços, personalidade ou mesmo transtornos de personalidade borderline em casos de bipolaridade, irei falar mais deste tema nas próximas publicações, tentando definir cada um destes tipos de bipolaridade e como eles se caracterizam de forma separada.
Grata pela preferência.
Voltem sempre.
By: L. M. - Blog Apenas Borderline