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segunda-feira, 8 de junho de 2015

O caso de Diana - Transtorno de Personalidade Borderline/Limítrofe


Diana Miller, 25 anos, ingressou na unidade de tratamento de longo prazo de um hospital psiquiátrico após uma séria tentativa de suicídio. Sozinha, em sua enorme casa no subúrbio, com seus pais em viagem de férias, deprimida e desesperadamente solitária, preparou um coquetel de Valium e uísque, bebeu-o e, a seguir, telefonou para sua psiquiatra.

Diana foi uma criança dócil com um boletim escolar mediano até os 12 anos, quando seu temperamento, que até então fora alegre e extrovertido, mudou drasticamente: ela tornou-se exigente, amarga e rebelde, mudando abruptamente de uma euforia estonteante para choro e depressão. Juntou-se a uma turma desregrada, tornou-se promíscua, abusou de maconha e alucinógenos e fugiu de casa aos 15 anos com um rapaz de 17. Duas semanas depois, após despistar o investigador particular contratado pelos pais, ambos retornaram. Ela reingressou na escola, a qual abandonou para sempre no começo do segundo grau. 

Seus relacionamentos com homens eram tempestuoso, cheios de paixão, saudade insuportável e discussões violentas. Ela ansiava por excitação e embriagava-se, dançava desvairadamente em cima das mesas em discotecas, saía com homens desconhecidos e, às vezes, mantinha relações sexuais em seus automóveis. Quando recusava suas investidas sexuais, às vezes era jogada na rua. Após um desses incidentes, aos 17 anos, fez sua primeira tentativa de suicídio cortando os pulsos severamente, ocasionando sua primeira hospitalização.

Após a primeira hospitalização, Diana foi encaminhada a um terapeuta para uma psicoterapia intensiva e dinâmica, duas vezes por semana, para a qual demonstrou pouca aptidão. Ela preenchia a maior parte de suas sessões com uma ladainha de queixas contra sua família, da qual esperava “100% de atenção”. Telefonava para o terapeuta várias vezes ao dia, falando sobre uma ou outra “crise”.Durante seu longo período de tratamento mal-sucedido, pontuado por diversas hospitalizações breves, teve muitos sintomas. Ela temia até mesmo ir ao consultório de seu médico sem a companhia de um dos pais. Estava deprimida, com preocupações suicidas e falta de esperanças. Bebia em excesso e usava até 40mg/dia de Valium, tinha episódios de comer compulsivo, seguidos de dietas drásticas para voltar ao peso normal. Tornou-se obcecada com calorias e com a necessidade de cortar seus alimentos de determinada maneira e dispô-los no prato de uma forma específica. Caso sua mãe deixasse de obedecer a uma dessas regras, tinha ataques de raiva, algumas vezes tão extremos que quebrava pratos e precisava ser fisicamente contida pelo pai.

Diana jamais trabalhou, exceto por alguns meses como recepcionista na firma de seu pai. Ela jamais teve qualquer ideia do que fazer de sua vida, além de estar com “um homem romântico”. Jamais teve amizades com mulheres, e sua única fonte de consolo é seu cão. Ela frequentemente é “devorada viva” pelo tédio.
Os esforços de seu terapeuta para estabelecer limites tiveram pouco efeito. Ela recusou-se a comparecer aos Alcoólicos Anônimos ou a um programa ou centro de reabilitação ocupacional, considerando-os “abaixo” dela. Ao invés disso, permaneceu em casa, tornou-se mais deprimida e agorafóbica e aumentou seu uso de Valium para 80mg/dia. Uma séria tentativa de suicídio levou-a à sua atual (sétima) hospitalização.

Classificação, Casos e Pesquisa – Transtorno BorderlineStéfano Johann
Disponível em: <www.ufrgs.br/psicopatologia/borderline_stefano.doc>

Acesso 08/06/2015

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