Tudo sobre Transtorno de Personalidade Borderline ou Limítrofe, suas POSSÍVEIS Comorbidades e Personalidade Borderline como Comorbidade
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quinta-feira, 28 de agosto de 2014
Borderline e Restrição Alimentar como Comorbidade
Comida
Bebida é água,
Comida é pasto.
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comida,
A gente comida, diversão e arte.
A gente não quer só comida,
A gente quer saída para qualquer parte.
A gente não quer só comida,
A gente quer bebida, diversão, balé.
A gente não quer só comida,
A gente quer a vida como a vida quer.
Bebida é água,
Comida é pasto.
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?
A gente não quer só comer,
A gente quer comer e quer fazer amor.
A gente não quer só comer,
A gente quer prazer pra aliviar a dor.
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer dinheiro e felicidade.
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer inteiro e não pela metade.
(Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto – Titãs)
--*--
Este tipo de Comorbidade que se refere à Restrição Alimentar costuma ser encontrada na classe de Borderline de Fronteira Tranquila e é a maior parte das vezes diagnosticada tardiamente porque não assume a maioria dos requisitos para ser reconhecido qualquer tipo de Transtorno Alimentar. Este tipo de recusa alimentar mal é percebido conscientemente pelo próprio paciente até ter desfecho trágico porque ele não se apercebe que está deixando a comida de lado, emagrecendo, definhando e dando lugar a outras coisas que para eles é bem mais importante como é o caso de sobreviver e seguir a vida em frente sem necessitar de pedir ajuda a ninguém.
Normalmente vão usando roupas largas (por defeito ou por feitio) para eles mesmos se continuarem enganando e enganarem os olhares menos atentos que, no caso, são a maioria porque eles se escondem a todo o custo.
Quando têm necessidade de acompanhamento médico ou hospitalar são feitos exames a tudo e mais alguma coisa até conseguirem chegar ao fundo do problema porque, por característica, jamais mostram a sua tristeza, dor e decepção com o que os rodeia e os agride, apenas querem ficar na sua depressão ensurdecedora invisível para estranhos e a desesperança existencial que parece engolir-los a cada dia.
A falta de características de desespero e dor nos pacientes Borderline de Fronteira Tranquila fazem com que muitos sintomas passem desapercebidos e só se diagnostiquem quando normalmente é tarde demais... a restrição alimentar é um deles.
O isolamento em si mesmos, apesar da maioria poder ter uma vida "social normal" faz com que pareça nada estar a acontecer mas um vulcão está dentro de cada um deles e prestes a explodir a qualquer momento, mesmo sem eles mesmos estarem conscientes disso. O isolamento com o exterior, fora as obrigações mais básicas de sobrevivência (como trabalhar, tomar banho, dormir, pagar as despesas no final do mês e pouco mais), começam a fazer parte das suas rotinas e a alimentação não é uma forma de sobrevivência a considerar por eles com toda a certeza.
Eles são autênticos mestres do disfarce em esconder os problemas emocionais até deles mesmos. É facilmente entendível como alguém que não viva com eles pode ser facilmente ludibriado... mas e quando vira um caso médico? Até que ponto episódios destes podem passar desapercebidos apenas porque não satisfazem as características normais de Anorexia nervosa ou Bulimia?
Ou porque a pessoa já é uma adulta e as recusas alimentares se encaixam apenas nas crianças e adolescentes? Tem uma pessoa que dar importância à imagem corporal para deixar de se alimentar?
Para explicar um pouco melhor, de uma forma muito breve, vou esclarecer aqui alguns conceitos que estes Borderline de Fronteira Tranquila jamais se encaixarão:
As características essenciais da Anorexia Nervosa são a recusa do paciente a manter um peso corporal na faixa normal mínima associado à um temor intenso de ganhar peso. Na realidade, trata-se de uma perturbação significativa na percepção do esquema corporal, ou seja, da auto-percepção da forma e/ou do tamanho do corpo e, assim sendo, a recusa alimentar é apenas uma consequência dessa distorção doentia do esquema corporal.
O termo Anorexia pode não ser de todo correto, tendo em vista que não há uma verdadeira perda do apetite mas sim, uma recusa em se alimentar. A Anorexia Nervosa é então, um transtorno alimentar caracterizado por limitação da ingestão de alimentos, devido à obsessão de magreza e o medo mórbido de ganhar peso.
Normalmente a pessoa anoréxica mantém um peso corporal abaixo de um nível normal mínimo para sua idade e altura. Quando a Anorexia Nervosa se desenvolve em numa pessoa durante a infância ou início da adolescência, pode haver fracasso em fazer os ganhos de peso esperados, embora possa haver ganho na altura.
Nos casos mais graves o paciente adota métodos adicionais de perda de peso, os quais incluem auto-indução de vômito, uso indevido de laxantes ou diuréticos e prática de exercícios intensos ou excessivos.
As pessoas com este transtorno têm muito medo de ganhar peso ou ficar gordos e este medo geralmente não é aliviado pela perda de peso. Na verdade, a preocupação com o ganho ponderal freqüentemente aumenta à medida que o peso real diminui.
A vivência e a importância do peso e da forma corporal, como dissemos, são distorcidas nesses pacientes. Alguns deles acham que têm um excesso de peso global, independentemente dos resultados contrários da balança. Outros percebem que estão magros, mas ainda assim se preocupam com o fato de certas partes de seu corpo, particularmente abdômen, nádegas e coxas, estarem "muito gordas".
Assim que a hipótese da Anorexia ou Anorexia Nervosa fica posta de parte... e a Bulimia é descartada logo desde o início.
Nada disto fará sentido nunca para um Borderline de Fronteira Tranquila e eles fazem questão de o manifestar de imediato porque simplesmente não se identificam com nenhum dos sintomas de base dos Transtornos Alimentares e também não se importam com nada. Apenas não comem porque não é uma prioridades deles, não sentem fome, não olham para si mesmos, não vivem... apenas existem. Conseguem ver claramente a diferença entre as patologias?A coisa começa a ficar um pouco mais grave quando as pacientes do sexo feminino começam a apresentar supressão das menstruações (amenorreia). Isso ocorre devido aos níveis anormalmente baixos na secreção de estrógenos que, por sua vez, devem-se a uma redução da secreção de hormônio folículo-estimulante (FSH) e hormônio luteinizante(LH) pela pituitária. Essa ocorrência indica séria disfunção fisiológica.
A amenorreia em geral é uma consequência da perda de peso mas e com certeza estes pacientes terão mais facilidade que os anoréticos ou bulímicos em a contrair porque o Borderline de Fronteira Tranquila apenas não se alimenta... pode passar 1 dia com uma maçã ou um iogurte. Se por acaso esquecer alguma destas coisas na geladeira não fará falta... qualquer copo de água ou café puro quando der sede fará o mesmo efeito para eles. E o impressionante é que conseguem funcionar até ao dia de exaustão que pode levar meses consecutivos.
Quando o paciente busca auxílio por conta própria, geralmente é pela fadiga e por causa do sofrimento subjacente às sequelas físicas e psicológicas da inanição. Raramente um Borderline de Fronteira Tranquila se aperceberá conscientemente da perda de peso em si, apenas quando é forçado a encarar a realidade e existirá sempre uma negação ou um tanto faz em relação a tudo o que continue a poder viver "sem", vivendo no automático sem problemas de maior. E não é, com certeza, porque se olham ao espelho e lhes parece que estão gordos mas simplesmente porque não se olham ao espelho!
Pode ser muito frequente que em alguma ocasião em que tenham de se alimentar em frente a alguém os seus bolsos, mochilas ou bolsas cheguem a casa recheados de "espécimes" a serem despejados no lixo sem demora... então ninguém se aperceberá de nada se realmente não estiver vendo e apenas olhando para o que está à sua frente.
Só um grande observador, especialista no assunto ou experiente (quem tenha passado pelo mesmo problema na pele) será capaz de ver o que está acontecendo antes de que o paciente tenha de ser internado à força.
Como a regra do 8 ou 80 não pode escapar nem aqui, eles terão com toda a certeza um dia em que passarão numa sorveteria e levarão para casa um sorvete de 1 quilo para comer vendo o seu filme preferido ou apenas lendo um livro... mas será uma exceção com poucas repetições... tantas quantos os ataques de raiva e ódio que muito raramente vêm ao de cimo para se manifestar.
Em resumo do ponto de vista psicológico, seja a restrição alimentar, a anorexia nervosa ou a bulimia, representam uma tentativa de solução ou disfarce de conflitos internos, mas que além de não solucionar os conflitos, acaba por criar mais problemas relativos à perda excessiva de peso.
O alimento está associado a carinho, a cessação de um desconforto desde as primeiras horas de vida da criança. Por isso, os distúrbios alimentares apresentam bases psicológicas que denotam conflitos afetivos associados à busca por alguma coisa, por exemplo: por um afeto inatingível, pelo preenchimento de um vazio interior, por segurança, por autoconfiança, aspectos que levam às sensações primárias de contato com a figura da mãe, na verdade da "mãe boa", aquela que alimenta, que nutre, que acolhe e protege.
Outras vezes, o alimento está associado aos sentimentos e emoções carregadas de conteúdos negativos, tais culpas infundadas, remorsos, raivas, ódios, frustrações e depressões e, nesses estados a pessoa usa o alimento para compensar tais desafetos, isto por não se sentir à vontade em expressá-los, e, acaba usando seu corpo como instrumento de sua própria vingança.
Mas observa-se na prática clínica, o quanto os distúrbios alimentares podem estar associados a negação da sexualidade, sendo que nas mulheres isso sugere até um desejo em se parecer com a parte dominante das relações ou situações envolventes de toda a sua vida por uma enorme necessidade de poder e controle.
Algumas alterações características como baixa auto-estima (emocional e poucas vezes física), rigidez no comportamento, distorções óbvias cognitivas, necessidade de manter controle completo sobre sua vida, falta de confiança podem anteceder o desenvolvimento deste quadro clínico nos Borderline de Fronteira Tranquila mas nunca podemos esquecer que distúrbios alimentares acarretam tanto sintomas físicos quanto psíquicos em todos os tipos de enfermidades então devemos sempre estar atentos!!
Um tratamento precisa ter sempre as duas vertentes de intervenção (mente e corpo) senão jamais terá sucesso!
Apenas nomearei aqui alguns tipos de terapia em que se verificaram excelentes resultados no melhoramento e até cura deste tipo de transtorno alimentar... os procedimentos médicos quando se chega a um peso abaixo dos 30kgs num adulto já todos sabem qual será:
Terapia Gestalt: a situação Here & Now do paciente é tomada como ponto de partida. Se no momento o paciente está aborrecido com o cachorro, este passa a ser o foco inicial. O tom da voz, gestos e postura corporal do paciente ao narrar fatos fornecem informações mais importantes que a pergunta sobre a última refeição. Aqui por mais estranho que pareça não importa a pergunta mas o terapeuta e a sua especialidade ao analisar todos os movimentos corporais, expressões faciais, tons de voz e reações às perguntas.Nada ficará por analisar embora tenha vezes que pareça meio louco.rsrs (mas não o é!)
Psicanálise: Terapia que toma como ponto de partida um conflito inconsciente como causa do transtorno. Quem não come talvez esteja com receio da vida adulta, por ter vivenciado adultos como seres brutais. À medida que sentimentos como esse tornam-se conscientes ao longo de anos de tratamento, é possível que se abrandem as conseqüências de vivências traumáticas e que o paciente se abra a novas experiências.
Terapia Sistêmica: de acordo com a compreensão sistêmica o ser humano é uma parte da rede de relações de seu ambiente. Sintomas de doenças são a expressão de determinados modelos relacionais. A filha, por exemplo, recusa o alimento por recusar a própria mãe, mas não tem meios para manifestar esse sentimento. As intervenções terapêuticas têm por meta tornar claros esses modelos e com isso ampliar as possibilidades de ação dos envolvidos.
Terapia Comportamental: método que contém um espectro de técnicas fundadas sobre leis de aprendizagem, conhecimentos provenientes da psicologia experimental e social e conhecimentos médicos sobre o corpo. Passo a passo os pacientes com distúrbios alimentares aprendem a fazer aquilo de que têm medo: comer com regularidade e defrontar-se com sua imagem no espelho.
Espero que tenha conseguido trazer alguma luz no fundo do túnel de alguém e que essa pessoa consiga tomar consciência de que o que está passando acontece com uma pequena maioria de pessoas (apenas 8% dos pacientes Borderline são de Fronteira Tranquila) mas pode ser a principal causa de morte... uma morte muito sofrida onde os órgãos vão começando a falhar um por um lentamente. Então olhe um pouco mais para si, por si e só depois para os outros... e acima de tudo procure ajuda imediata!
By: L.M. - Blog Apenas Borderline
terça-feira, 26 de agosto de 2014
Não confundir Transtornos de Conduta com TPB
Não sendo muito bonito nem digno este é precisamente o pensamento de alguém com Transtorno de Conduta em relação ao resto do mundo, embora que camuflado a maior parte das vezes sempre e quando o indivíduo necessite do próximo para alguma finalidade ou proveito próprio.
Eu gostaria muito que este artigo conseguisse que se fizesse luz na mente de alguns profissionais, opinião pública e mesmo alguns pacientes diagnosticados como Borderline que ainda podem estar um pouco "confundidos" com o que realmente são sintomas e características do TPB.
Em nenhum Manual de Diagnóstico Mental eu consegui encontrar como dado ou base de estudo nada que ligasse o TPB à falta de consideração pelo próximo, pelos seus desejos, necessidades, insensibilidade com respeito às necessidades alheias, falta de culpa, discernimento e incapacidade de distinguir o bem do mal ou completa falta de remorso como sendo características de um Borderline. Isso não existe e ao ter existido algum dia seria um absurdo e falta de bom senso.
Se necessita duma vez por todas que se faça luz na cabeça de todos, que estas características são próprias de um Transtorno de Conduta que a certa altura começa a ser bem mais visível para aqueles que rodeiam do que para o próprio indivíduo porque isso, efetivamente sempre fez parte do seu self.
O diagnóstico é bem mais próximo de um Transtorno Anti-Social (não fobia social) do que um TPB... aliás, o que sobra num paciente TPB é a sensibilidade, emoção e necessidade de dar e receber afeto e não a ausência de todos estes fatores.
Normalmente este Transtorno de Conduta faz-se notar desde muito cedo, ainda na fase da infância e se não cuidada convenientemente ela evoluirá pela adolescência até à fase adulta onde será de muito mais difícil tratamento mas de fácil diagnóstico de forma indiscutível.
A pior parte de tudo isso é que o indivíduo com este transtorno de conduta tem completa ausência de culpa e desta forma jamais procurá um médico, terapeuta ou alguém especialista que o possa ajudar e orientar (não por esta causa), sendo assim ele continuará se vendo e caracterizando como uma pessoa de humor e inteligência acima do normal.
A perturbação predominante do humor manifesta-se na maior parte das vezes pela irritabilidade, particularmente quando os desejos da pessoa são frustrados e nula resistência a opiniões diferentes das suas. É aí que entra o potencial agressivo e violento do paciente em fase maníaca... a "auto-estima" super inflada obsessiva está quase sempre presente podendo chegar a casos bastante graves derivados da sua pura autoconfiança sem crítica até uma acentuada grandiosidade que pode alcançar proporções delirantes. A rebeldia passa a fazer parte do seu self não importando a que preço.
É típico dos pacientes com esse transtorno viverem acusando todo o mundo à sua volta das suas ações. Existe um déficit enorme de auto-estima embora a pessoa tenha sempre a tendência ou necessidade de mostrar ao próximo uma imagem de "invencibilidade".
Os sintomas de ansiedade e depressão são comuns e podem justificar o diagnóstico muitas vezes equivocado destes pacientes. Normalmente o comportamento anti-social da infância terá continuidade na fase adulta... grave é quando banalizado e caracterizado como sendo "normal" e fazer parte do "comportamento natural de todas as crianças"...
Em que mundo vivemos?
Para começar a se definir um diagnóstico do Transtorno de Conduta, é necessário a ocorrência persistente e repetitiva de mais de 4 características abaixo indicadas:
- Roubo sem ser visto ou sem confronto direto com a vítima em mais de uma ocasião
- Fuga de casa durante a noite, pelo menos 2 vezes enquanto vivendo na casa dos pais ou lares adotivos ou 1 vez sem retornar.
- Mentira e calúnias ao próximo frequentes
- Envolvimento deliberado em provocações de incêndio.
- Ausências frequentes à escola ou emprego ou recusa dos mesmos (conforme a idade do indivíduo)
- Destruição ou danificação deliberada de propriedade alheia ou mesmo na própria casa sem que haja forma ser responsabilizado
- Crueldade com animais
- Forçar alguma atividade sexual (com estranhos ou mesmo companheiras/os.)
- Uso de arma (branca ou de fogo) em mais de uma briga.
- Início de brigas, desacatos ou confrontos físicos.
- Roubo com confrontação da vítima
- Crueldade física ou verbal gratuita com pessoas
- Sentido de indiferença com o próximo dando prioridade sempre às próprias necessidades
Como já falei em alguns artigos anteriores, também esta patologia tem vários graus como todas as outras existentes:
Grau 1 ou leve - Quando o indivíduo não tem mais sintomas no Transtorno de Conduta do que os minimamente exigidos para o diagnóstico e os mesmos não transtornam a vida dos que estão á sua volta.
Grau 2 ou moderado - Quando os sintomas aumentam de número exigidos para o diagnostico leve e começam a afetar a vida e bem-estar dos demais.
Grau 3 ou grave - mais de metade das características de diagnóstico estão presentes e definitivamente e os problemas de conduta causam danos importantes na vida dos demais tais como lesões corporais, roubos, ameaças físicas ou verbais ameaçando a integridade e equilíbrio das vítimas, fuga ou ameaças de fugas da própria casa, vandalismo, etc.
Grau 4 ou muito grave: Existência, além das características acima referidas, de episódios maníacos e outros transtornos como comorbidade. Estes episódios de perturbação de humor (nem sempre identificados pelos mais próximos porque o indivíduo parecem estar na sua fase melhor da vida) normalmente podem-se distinguir pelos seguintes sintomas:
- Auto-estima exacerbada ou delírio de invencibilidade
- Fala descontrolada sem ter necessidade de escutar os outros
- Pouca ou nenhuma necessidade de sono
- Formação de ideias sem nexo
- Pensamento acelerado sobre concretização de projetos
- Necessidade de agredir o próximo sem a menor culpa ou propósito, apenas porque se acha sinceramente o dono da palavra e da razão
- Agitação psico-motora com necessidade de verificar e superar sempre os seus limites
Se o humor da pessoa for normalmente mais irritável do que expansivo, a fala pode ser marcada por queixas contra o mundo, comentários hostis ou tiradas coléricas. Um aumento do impulso, fantasias e comportamento sexual em geral está presente. Expansividade, otimismo injustificado, grandiosidade e fraco julgamento frequentemente levam o paciente com episódio maníaco envolver-se imprudentemente em atividades prazerosas tais como surtos de compras, abuso em estupefacientes (drogas, álcool ou excesso de medicação), direção imprudente, investimentos financeiros sem nexo e comportamento sexual incomum para a pessoa, apesar das possíveis conseqüências dolorosas destas atividades.
O comprometimento resultante da perturbação pode ser suficientemente severo para causar acentuado prejuízo no funcionamento ou para exigir a hospitalização, com o fim de proteger o indivíduo das consequências negativas das ações resultantes do fraco julgamento.
Essas consequências envolvem atividades ilegais, perda do emprego, condições financeiras baixas ou inexistentes devido ao seu comportamento descompensado e irresponsável, comportamentos agressivos e propensão fraca ou nula para desenvolver relacionamentos afetivos (com família, amigos ou relacionamentos amorosos). Eles podem até ter início mas no momento que as suas necessidades não forem correspondidas todos serão vistos como alvos "a abater" como se fossem eles os causadores de todo o infortúnio da sua vida.
E aí, entenderam a diferença?
Mau "caratismo" pode ser um sintoma de um determinado tipo de transtorno mas com toda a certeza não será o Transtorno de Personalidade Borderline.
Muito foco aí e não se tentem esconder atrás de algum transtorno para justificar as vossas atitudes menos dignas... a não ser que você tenha algum tipo de Transtorno de Conduta (mas que é tratável se você quiser) ou seja Psicopata!
Você é?
Nada como ir a um bom especialista, não esconder nada sobre você (o sigilo profissional é absolutamente obrigatório a menos que você esteja colocando a sua vida ou a de outra pessoa em perigo eminente) para que o diagnóstico possa ser bem feito e o tratamento dê resultado... isto é, caso você esteja interessado/a em mudar!
By: L.M. - Blog Apenas Borderline
Eu gostaria muito que este artigo conseguisse que se fizesse luz na mente de alguns profissionais, opinião pública e mesmo alguns pacientes diagnosticados como Borderline que ainda podem estar um pouco "confundidos" com o que realmente são sintomas e características do TPB.
Em nenhum Manual de Diagnóstico Mental eu consegui encontrar como dado ou base de estudo nada que ligasse o TPB à falta de consideração pelo próximo, pelos seus desejos, necessidades, insensibilidade com respeito às necessidades alheias, falta de culpa, discernimento e incapacidade de distinguir o bem do mal ou completa falta de remorso como sendo características de um Borderline. Isso não existe e ao ter existido algum dia seria um absurdo e falta de bom senso.
Se necessita duma vez por todas que se faça luz na cabeça de todos, que estas características são próprias de um Transtorno de Conduta que a certa altura começa a ser bem mais visível para aqueles que rodeiam do que para o próprio indivíduo porque isso, efetivamente sempre fez parte do seu self.
O diagnóstico é bem mais próximo de um Transtorno Anti-Social (não fobia social) do que um TPB... aliás, o que sobra num paciente TPB é a sensibilidade, emoção e necessidade de dar e receber afeto e não a ausência de todos estes fatores.
Normalmente este Transtorno de Conduta faz-se notar desde muito cedo, ainda na fase da infância e se não cuidada convenientemente ela evoluirá pela adolescência até à fase adulta onde será de muito mais difícil tratamento mas de fácil diagnóstico de forma indiscutível.
A pior parte de tudo isso é que o indivíduo com este transtorno de conduta tem completa ausência de culpa e desta forma jamais procurá um médico, terapeuta ou alguém especialista que o possa ajudar e orientar (não por esta causa), sendo assim ele continuará se vendo e caracterizando como uma pessoa de humor e inteligência acima do normal.
A perturbação predominante do humor manifesta-se na maior parte das vezes pela irritabilidade, particularmente quando os desejos da pessoa são frustrados e nula resistência a opiniões diferentes das suas. É aí que entra o potencial agressivo e violento do paciente em fase maníaca... a "auto-estima" super inflada obsessiva está quase sempre presente podendo chegar a casos bastante graves derivados da sua pura autoconfiança sem crítica até uma acentuada grandiosidade que pode alcançar proporções delirantes. A rebeldia passa a fazer parte do seu self não importando a que preço.
É típico dos pacientes com esse transtorno viverem acusando todo o mundo à sua volta das suas ações. Existe um déficit enorme de auto-estima embora a pessoa tenha sempre a tendência ou necessidade de mostrar ao próximo uma imagem de "invencibilidade".
Os sintomas de ansiedade e depressão são comuns e podem justificar o diagnóstico muitas vezes equivocado destes pacientes. Normalmente o comportamento anti-social da infância terá continuidade na fase adulta... grave é quando banalizado e caracterizado como sendo "normal" e fazer parte do "comportamento natural de todas as crianças"...
Em que mundo vivemos?
Para começar a se definir um diagnóstico do Transtorno de Conduta, é necessário a ocorrência persistente e repetitiva de mais de 4 características abaixo indicadas:
- Roubo sem ser visto ou sem confronto direto com a vítima em mais de uma ocasião
- Fuga de casa durante a noite, pelo menos 2 vezes enquanto vivendo na casa dos pais ou lares adotivos ou 1 vez sem retornar.
- Mentira e calúnias ao próximo frequentes
- Envolvimento deliberado em provocações de incêndio.
- Ausências frequentes à escola ou emprego ou recusa dos mesmos (conforme a idade do indivíduo)
- Destruição ou danificação deliberada de propriedade alheia ou mesmo na própria casa sem que haja forma ser responsabilizado
- Crueldade com animais
- Forçar alguma atividade sexual (com estranhos ou mesmo companheiras/os.)
- Uso de arma (branca ou de fogo) em mais de uma briga.
- Início de brigas, desacatos ou confrontos físicos.
- Roubo com confrontação da vítima
- Crueldade física ou verbal gratuita com pessoas
- Sentido de indiferença com o próximo dando prioridade sempre às próprias necessidades
Como já falei em alguns artigos anteriores, também esta patologia tem vários graus como todas as outras existentes:
Grau 1 ou leve - Quando o indivíduo não tem mais sintomas no Transtorno de Conduta do que os minimamente exigidos para o diagnóstico e os mesmos não transtornam a vida dos que estão á sua volta.
Grau 2 ou moderado - Quando os sintomas aumentam de número exigidos para o diagnostico leve e começam a afetar a vida e bem-estar dos demais.
Grau 3 ou grave - mais de metade das características de diagnóstico estão presentes e definitivamente e os problemas de conduta causam danos importantes na vida dos demais tais como lesões corporais, roubos, ameaças físicas ou verbais ameaçando a integridade e equilíbrio das vítimas, fuga ou ameaças de fugas da própria casa, vandalismo, etc.
Grau 4 ou muito grave: Existência, além das características acima referidas, de episódios maníacos e outros transtornos como comorbidade. Estes episódios de perturbação de humor (nem sempre identificados pelos mais próximos porque o indivíduo parecem estar na sua fase melhor da vida) normalmente podem-se distinguir pelos seguintes sintomas:
- Auto-estima exacerbada ou delírio de invencibilidade
- Fala descontrolada sem ter necessidade de escutar os outros
- Pouca ou nenhuma necessidade de sono
- Formação de ideias sem nexo
- Pensamento acelerado sobre concretização de projetos
- Necessidade de agredir o próximo sem a menor culpa ou propósito, apenas porque se acha sinceramente o dono da palavra e da razão
- Agitação psico-motora com necessidade de verificar e superar sempre os seus limites
Se o humor da pessoa for normalmente mais irritável do que expansivo, a fala pode ser marcada por queixas contra o mundo, comentários hostis ou tiradas coléricas. Um aumento do impulso, fantasias e comportamento sexual em geral está presente. Expansividade, otimismo injustificado, grandiosidade e fraco julgamento frequentemente levam o paciente com episódio maníaco envolver-se imprudentemente em atividades prazerosas tais como surtos de compras, abuso em estupefacientes (drogas, álcool ou excesso de medicação), direção imprudente, investimentos financeiros sem nexo e comportamento sexual incomum para a pessoa, apesar das possíveis conseqüências dolorosas destas atividades.
O comprometimento resultante da perturbação pode ser suficientemente severo para causar acentuado prejuízo no funcionamento ou para exigir a hospitalização, com o fim de proteger o indivíduo das consequências negativas das ações resultantes do fraco julgamento.
Essas consequências envolvem atividades ilegais, perda do emprego, condições financeiras baixas ou inexistentes devido ao seu comportamento descompensado e irresponsável, comportamentos agressivos e propensão fraca ou nula para desenvolver relacionamentos afetivos (com família, amigos ou relacionamentos amorosos). Eles podem até ter início mas no momento que as suas necessidades não forem correspondidas todos serão vistos como alvos "a abater" como se fossem eles os causadores de todo o infortúnio da sua vida.
E aí, entenderam a diferença?
Mau "caratismo" pode ser um sintoma de um determinado tipo de transtorno mas com toda a certeza não será o Transtorno de Personalidade Borderline.
Muito foco aí e não se tentem esconder atrás de algum transtorno para justificar as vossas atitudes menos dignas... a não ser que você tenha algum tipo de Transtorno de Conduta (mas que é tratável se você quiser) ou seja Psicopata!
Você é?
Nada como ir a um bom especialista, não esconder nada sobre você (o sigilo profissional é absolutamente obrigatório a menos que você esteja colocando a sua vida ou a de outra pessoa em perigo eminente) para que o diagnóstico possa ser bem feito e o tratamento dê resultado... isto é, caso você esteja interessado/a em mudar!
By: L.M. - Blog Apenas Borderline
THE BLACK BOX (Legendado PT)
Não resisti em disponibilizar no blog "Apenas Borderline" este seriado fantástico sobre bipolaridade. Na minha opinião um dos melhores que vi até hoje.E como o TPB é uma das mais comuns comorbidades do transtorno bipolar e muitas vezes confundida com ele, nada como ver esta série e quiçá poder comparar uma das mais básicas diferenças entre as duas patologias: a mania que não existe num paciente Borderline seja ele que tipo for.
O paciente Borderline poderá muito ocasionalmente experimentar estados de euforia mas sempre terá de ter por detrás um rastrilho, ou seja, alguma substância desinibidora ou deturpadora de sentidos... o paciente bipolar precisa apenas de não se medicar para não controlar este sintoma da bipolaridade.
No caso desta série Catherine Preto é uma neurologista e cientista famosa que secretamente tem transtorno bipolar; a única pessoa que sabe é a sua psiquiatra, Dr. Helen Hartramph, que esteve com Catherine desde a sua primeira pausa e tem sido uma figura materna para Catherine desde que sua mãe, que também sofria de transtorno bipolar, suicídio cometido.Se querem saber mais vejam a série... eu sei que vão gostar!
http://www.seriesvideobb.com/2014/05/assistir-black-box-1-temporada-online.html
By: L.M. - Blog Apenas Borderline
domingo, 24 de agosto de 2014
Abuso Sexual e TPBorderline
Estas práticas geralmente são impostas às crianças ou adolescentes, através de violência física, ameaças, ou em alguns casos, induzindo-as, convencendo-as. Não é difícil convencer uma criança de tenra idade de que o que está acontecendo é normal... crianças vão construindo a sua noção de certo ou errado conforme crescem e são expostas a situações e depois quando as comparam com a realidade social.O problema é que até então estas crianças costumam estar o bastante isoladas do meio exterior e quando chega a hora de terem de começar a sair do casulo (por exemplo do dia que têm de começar a frequentar a escolinha) e depois as ameaças e chantagens aparecem.
No abuso sexual, a criança é despertada para o sexo precocemente, de maneira deturpada, traumática, ficando com marcas para o resto da vida, podendo desenvolver comportamentos patológicos como aversão a parceiros do mesmo sexo do abusador ou, por outra, promiscuidade e uma sexualidade descontrolada, entre outros.
A criança ao ser abusada sexualmente é desrespeitada como ser humano, tem seus Direitos violados, e piora quando as estatísticas falam da ´possibilidade destes abusos acontecerem dentro do seu próprio ambiente familiar ou afetivo. "Família" é suposto proteger uma criança e não de a condenarem a uma vida desgraçada.As marcas do abuso sexual podem ser físicas ou psicológicas. Quando as físicas não são notórias de início provavelmente vão aparecendo com o tempo e os distúrbios de comportamento começam a aparecer... e é aqui que começamos a falar mais diretamente do TPB - Transtorno de Personalidade Borderine.Aqui podemos considerar o exemplo da automutilação mas disso falaremos mais noutro dia duma forma mais cuidada.
Neste momento tive de conter os meus dedos e mandar que não seguissem o meu pensamento. É aqui que eu vejo o quanto consegui progredir e tenho a certeza absoluta que um transtorno Borderline tem cura sim! de ouro modo a impulsividade tomaria conta da escrita e não conseguiria passar nada de produtivo no meu texto.
Você que acha tão alucinado um Bordelrine que, por exemplo, pratique cutting ou que seja agressivo quando enfrenta uma situação de estresse ou choque, você que o acha frio quando ele te quer abandonar (ou mesmo abandona) porque cansou de esperar por dias ou momentos melhores ou ainda que vive desconfiando de quem está a seu lado por não conseguir confiar em ninguém... você... sim, você... só pense no que seria de você se isto tivesse acontecido consigo!?
É fácil: só tem de se tornar humano e colocar-se no lugar do próximo!Nem todo o mundo nasce em berço de ouro!!! E defino berço de ouro como um lar onde uma mãe e pai se amam e te amam incondicionalmente, te protegem e não descuidam de um ser indefeso em nenhum sentido.O julgamento sem conhecimento prévio é muito fácil e igualmente muito cruel.
Gostava de alertar também para mais uns aspetos sobre o abuso sexual: este pode acontecer de várias formas e com ou sem contato físico.
O abusador geralmente ao praticar o abuso sexual toca fisicamente a vítima, mas pode haver abuso sexual sem o toque físico... e imaginem, que inocência a minha (sarcasmo, claro), mesmo que a criança consinta será abuso!
Ainda hoje existe a terrível e absurda ideia de que uma criança menor de idade, ainda sem capacidade de decisão ou definição de personalidade alguma, tem a capacidade de decidir algo deste tipo. Piora quando uma criança masculina é abusada por um adulto do sexo feminino. Aí o absurdo dobra! O ser humano e a sociedade está impregnada de um machismo tal que deixam de importar valores éticos, morais, respeito, dignidade... Se uma criança menor de idade é abusada por uma mulher adulta então ele passa a ser um garanhão e ela deixa de ser abusadora.
O fato real aqui é que as consequências psicológicas irão ser absolutamente as mesmas! O cérebro duma criança não tem sexo, apenas idade e as experiências a que é sujeita.
O abusador pode tocar a vítima sob forma de carícias, beijos, toques nas diversas partes do corpo consideradas erógenas ou sexuais, relações sexuais tanto vaginais, anais, orais ou mesmo submeter a vítima a praticar uma espécie de exibicionismo de forma alternada com ele. Também existem os voyeurs que resolvem perseguir as vitimas por onde elas andem na esperança de encontrar algo que os excite.
Alguns abusadores vêem fitas e revistas pornográficas com suas vítimas, alegando que precisam "ensiná-las", despertando sua sexualidade de uma forma precoce e deturpada. Às vezes, nestes casos, o abusador chega a manter contatos mais íntimos, sob a desculpa que "está apenas ensinando", à vítima.
Não é absolutamente nada difícil encontrar casos de gravidez decorrentes deste tipo de abusos e também hoje em dia também não será raro a transmissão de doenças sexuais transmissíveis como o caso da AIDS.
Os adultos abusadores na maioria das vezes são parentes de sangue da criança ou adolescente: (pai, irmãos, avós, tios, primos, etc), parentes por afinidade:padrasto, esposo da tia, etc.), amigos próximos ou membros de comunidades ou simplesmente responsáveis pelos mesmos: (tutor, padrinho, etc).
Se você foi, está sendo ou tem conhecimento de alguma vítima de abuso sexual, precisam falar a respeito com quem pode ajudar.Podem evitar consequências muito graves: gravidez, AIDS, ou até a morte. Gravidez na adolescência, além de um crime, é sempre uma gravidez com riscos. Um abusador para não ser descoberto pode praticar desatinos. Se você é ou foi abusado(a), procure ajuda.
Nunca é demasiado tarde!
Infelizmente há muitos casos de mães omissas: fingem não ver o que seus maridos ou companheiros praticam com seus (suas) filhos(as).
Assim que a vez que for apontar o dedo a um Borderline pense primeiro!Pode ter acontecido com alguém que você conhece ou mesmo poder vir a acontecer a alguém muito próximo a si... quem sabe até aos seus filhos!? Estas coisas não acontecem só "na porta ao lado" por infelicidade!
Os Borderline por serem indivíduos que não apresentam segurança nas diversas relações interpessoais, acredita-se também em comprometimento nas relações sexuais.
Tendo em vista que o indivíduo é considerado um ser biopsicossocial, entende-se que uma dificuldade em alguma dessas áreas pode comprometer seu desempenho social, emocional ou biológico, interferindo também em suas relações afetivas e/ou sexuais.
Existem três formas que eles podem lidar com esses e outros fatos traumáticos:
- re-experimentação dos fenômenos (lembranças intrusas, sonhos traumáticos, jogos repetitivos, comportamento de reconstituição, angústia nas lembranças traumáticas);
- evitação psicológica (fuga de sentimentos, pensamentos, locais e situações, interesse reduzido em atividades habituais, sentimento de estar sozinho, âmbito emocional restrito,transtorno de memória, perda de habilidades já adquiridas, alteração na orientação com respeito ao futuro);
- e estado de ansiedade aumentada (transtorno do sono, impulsividade, raiva, dificuldade de concentração, hipervigilância, resposta exagerada de sobressalto e resposta autônoma a lembranças traumáticas).
Ter vivido um trauma físico e psicológico faz com que a vítima questionesua capacidade de defender-se. Ela aprende a odiar seu corpo porque ele
a faz lembrar de más experiências. Ela tem respostas dissociadas,
apresenta dificuldade de intimidade e é emocionalmente distante.Ela aprende que não pode controlar seu corpo e que outra pessoa pode tocá-la sem o seu consentimento. Ela não confia na sua memória, nos seus pensamentos e no seu senso de realidade. Essas consequências afetam
não só a vítima, mas também a sociedade em geral porque uma criança
traumatizada torna-se eventualmente um adulto que pode adotar
comportamentos agressivos ou passivos para resolver as situações e o
estresse.
As vítimas de crimes sexuais podem desenvolver desvios sexuais, tais
como vaginismo, exibicionismo, homossexualismo, voyeurismo, dentre outros... por isso vamos atuar na prevenção, informação e, essencialmente, na não condenação de patologias vítimas deste tipo de doentes mentais graves a que se dá o nome de abusadores sexuais!
Borderline não é uma doença... é um transtorno de Personalidade!
Eu acho que ficou clara uma das razões desse distúrbio e porque os pacientes Borderline devem ser respeitados... para você não?
By: L.M. - Blog Apenas Borderline
SERIADOS ONLINE - SESSÃO DE TERAPIA e muito mais
O Blog Apenas Borderline tem a partir deste momento alguns seriados online para vocês poderem assistir algumas das melhores séries com Transtornos Psicológicos.
Assistam online, todas as temporadas de LIE TO ME, BRAEAKING BAD, UNDER THE DOME, MONK e a imperdível SESSÃO DE TERAPIA (versão brasileira) já na terceira temporada.Basta acessar a esta página e no final dela assistir onde e quando você quiser o seu seriado de eleição.Como sempre, este blog estará em constante atualização, assim que não percam as novidades de artigos, seriados e brevemente filmes e documentários sobre TPB.
By: L.M. - Blog Apenas Borderline
sábado, 23 de agosto de 2014
SAP - Síndrome de Alienação Parental
Síndrome de Alienação Parental (SAP)
Richard A. Gardner. M.D.
Departamento de Psiquiatria Infantil da Faculdade de Medicina e Cirurgia da
Universidade de Columbia, New York, New York, EUA.
A Síndrome de Alienação Parental (SAP) é um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das instruções de um genitor (o que faz a “lavagem cerebral, programação, doutrinação”) e contribuições da própria criança para caluniar o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou a negligência parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação de Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade da criança não é aplicável.É importante notar que a doutrinação de uma criança através da SAP é uma forma de abuso – abuso emocional - porque pode razoavelmente conduzir ao enfraquecimento progressivo da ligação psicológica entre a criança e um genitor amoroso. Em muitos casos pode conduzir à destruição total dessa ligação, com alienação por toda a vida. Em alguns casos, então, pode ser mesmo pior do que outras formas de abuso - por exemplo: abusos físicos, abusos sexuais e negligência. Um genitor que demonstre tal comportamento repreensível tem uma disfuncionalidade parental séria, contudo suas alegações são a de que é um genitor exemplar. Tipicamente, têm tanta persistência no seu intento de destruir o vínculo entre a criança e o genitor alienado, que se torna cego às conseqüências psicológicas formidáveis provocadas na criança, decorrentes de suas instruções de SAP – não apenas no presente, em que estão operando essa doutrinação, mas também no futuro..."
"...Similarmente, a SAP é caracterizada por um conjunto de sintomas que aparecem na criança geralmente juntos, especialmente nos tipos moderado e severo. Esses incluem:
1. Uma campanha denegritória contra o genitor alienado.
2. Racionalizações fracas, absurdas ou frívolas para a depreciação.
3. Falta de ambivalência.
4. O fenômeno do “pensador independente”.
5. Apoio automático ao genitor alienador no conflito parental.
6. Ausência de culpa sobre a crueldade a e/ou a exploração contra o genitor
alienado.
7. A presença de encenações ‘encomendadas’.
8. Propagação da animosidade aos amigos e/ou à família extensa do genitor
alienado. "
"Diagnósticos aplicáveis a pais alienadores:
301.83 Transtorno de personalidade borderline (TPB)
Apresenta caracteristicamente um padrão invasivo de instabilidade dos
relacionamentos inter-pessoais, auto-imagem e afetos, marcado por acentuada impulsividade começando no início da idade adulta, estando presente em uma variedade de contextos, sendo indicado por cinco (ou mais) dos seguintes sintomas:
1. esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado
2. padrão de relacionamentos inter-pessoais instáveis e intensos, caracterizados pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização.
3. distúrbio de identidade: auto-imagem ou self acentuada e persistentemente instável
4. impulsividade em pelo menos em duas áreas potencialmente prejudiciais a si próprio (por exemplo, gasto, sexo inseguro, abuso de substância, direção
imprudente, comer em excesso).
5. comportamentos ou gestos suicidas e comportamentos auto-mutilantes recorrentes.
6. instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor (por
exemplo: disforia episódica intensa, irritabilidade ou ansiedade, durando
geralmente algumas horas e apenas raramente mais do que alguns dias)
7. sentimentos crônicos de vazio
8. raiva intensa e inadequada, ou dificuldade de controlar sua raiva (por exemplo: freqüentes explosões temperamentais, raiva constante, brigas corporais freqüentes)
9. ideação paranoide ou sintomas dissociativos graves e transitórios, associados a situações de extremo stress, mas sem gravidade suficiente para indicarem um diagnóstico adicional.
Alguns alienadores podem exibir alguns destes sintomas antes da separação.
Entretanto, em conseqüência do stress da separação, os sintomas podem progredir até o ponto em que o diagnóstico seja aplicável. É provável que o critério (1) seja exibido logo após a separação, porque a dissolução marital é associada geralmente a sentimentos reais de abandono. O critério (2) é frequentemente apresentado quando há um deslocamento dramático da idealização do cônjuge à sua desvalorização extrema. A campanha denegritória é o melhor exemplo desta manifestação do TPB.
O critério (4) pode manifestar-se por gastos excessivos, especialmente quando tais gastos causam stress e sofrimento significativos ao genitor alienado. Depois da separação, genitores alienadores podem satisfazer o critério (6) com afetividade instável, irritabilidade e disforia episódica intensa. Embora tais reações sejam comuns entre a maioria das pessoas envolvidas em um divórcio, em especial nos divórcios litigiosos, pacientes com TPB exibem esses sintomas em grau muito maior. Os sentimentos crônicos de vazio (critério [7]) vão além daqueles que geralmente são
sentidos pelas pessoas que passam por uma separação. O critério (8) é extremamente comum entre programadores da SAP. Os discursos inflamados de raiva contra o genitor alienado servem como um modelo para a criança e contribuem para o desenvolvimento da campanha denegritória. A paranoia relacionada ao stress e uma intensificação da desconfiança usual exibida pelas pessoas envolvidas no litígio pode alcançar o ponto em que o critério (9) seja satisfeito.
O examinador deve listar quais dos sintomas estão presentes e comentar: “Cinco critérios precisam ser satisfeitos para o diagnóstico do TPB. A Senhora X satisfaz quatro. Embora isso não a qualifique para o diagnóstico neste momento, está em risco elevado de seu desenvolvimento”. Além disso, quando se lista os diagnósticos no fim do relatório, pode-se incluir o diagnóstico do DSM-IV e adicionar entre parênteses: “incipiente.” ..."
--*--
Caros leitores, isto é apenas um pequeno trecho de um documento completo que tenho em meu poder em formato PDF.
Quem estiver interessado em ler na totalidade o seu conteúdo é favor contactar comigo que será enviado para o seu email.
“Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou o adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ou estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este". A lei surgiu da urgência de se conferir maiores poderes aos juízes, a fim de se preservar direitos fundamentais da criança e do adolescente, vítimas de abusos causados por seus responsáveis, punindo ou inibindo eventuais descumprimentos dos deveres inerentes à autoridade dos pais ou decorrente da tutela ou da guarda do menor.
Ainda segundo a lei é considerado alienação parental: realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; dificultar o exercício da autoridade parental; dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós; apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou o adolescente; dificultar o contato da criança ou adolescente com genitor."...
Nunca é demais informar e esclarecer neste blog tudo o que diz respeito a pacientes TPB e as várias formas de lidar com as mais diversas situações.
Tal como em todas as patologias (como doenças respiratórias, cardíacas, renais, hepáticas, etc) o TPB também tem vários estágios da doença (já foi esclarecido devidamente por mim numas postagens anteriores) variando de leve, médio, grave e muito grave e no caso do TPB a coisa ainda se complica mais um pouco porque existem 4 tipos e um subtipo de pacientes Borderline assim que isto é apenas um alerta para os casos em que se tem de proteger em primeiro lugar as crianças e só depois tudo o resto.
Se lerem o artigo completo em PDF verão que estas crianças são afetadas por variadíssimas pessoas e transtornos e, felizmente ou infelizmente, não são só os pacientes com TPB mais graves e com caráter duvidoso (coisa que não é característica borderline) os vilões da festa.
Aliás, tem muita gente fazendo-se passar por "normal" que tem as mesmas atitudes que os pacientes psiquiátricos e nem por isso são rotuladas e muito menos punidas.
TPB não se apanha na rua que nem resfriado, é sempre efeito de uma causa na maioria das vezes encontrada no seio da própria família... assim que, se vocês são Borderline e sabem a fundo do que se trata verão que nada têm a se escandalizar... provavelmente vocês serão igualmente vítimas deste transtorno inicial ou como comorbidade.
Se você pertence à "classe dos normais" então parabéns. Como diz uma colega minha "a sua vida é uma merda mas para os outros você tem que mostrar que nada afeta e que é a pessoa mais feliz do mundo e a única sem problemas á face da terra". (desculpem o palavrão mas tem vezes que eu não mando nos meus dedos então fica difícil conter a digitação)
Os Borderline são só um pouco mais sinceros que vocês mas de resto somos feitos todos do mesmo material: carne e osso para todos os gostos.
Felizmente as pessoas têm oportunidade de escolherem o que querem para as suas vidas, evoluírem, se necessário se tratarem e mostrarem para a sociedade que é informando de forma construtiva e fazendo o melhor que todos podemos por nós e pelos demais que o mundo poderá se tornar a cada dia um lugar melhor onde viver.
Tinha de fazer esta postagem e hoje chegou o dia.
Espero não ter ferido muitas susceptibilidades e que entendam que é necessário o esclarecimento, tanto dos bons aspetos como dos menos bons.
Um último conselho:
Você pode ser Borderline e ser um ser extraordinário mas também existem aqueles que não o são (tal como todos os seres do planeta sem exceção) e no fundo eu sei que você sabe disso. Então não tome as dores de ninguém.
O que importa aqui é o caráter da pessoa não o meio onde ela vive e muito menos um rótulo que ela tenha ou tenha tido um dia.
Somos todos pessoas, não garrafas de refrigerante!!
By.: L.M. - Apenas Bordelrine
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Impulsividade e TPB
A impulsividade do paciente Borderline parece estar relacionada à desesperança, sensação de não se encaixar no mundo, impotência e de vazio de sentido na vida quase em todos os indivíduos. A crença de estar sem apoio e a falta de esperança no futuro levam ao desespero, aos atos impulsivos e a situações de risco.
O comportamento impulsivo comum praticamente a todos os pacientes com TPB manifesta-se por meio de mecanismos de defesa como repressão, tentativas de abolir ameaças que possam fugir ao seu "controle" e autodestruição/autopunição.
Intervenções externas, antes da assimilação de que o que sempre sentiram até então se deve a um sintoma causado pela doença, pouco podem fazer pelo paciente pois não toleram a presença de outras pessoas em seus espaços.
Neste estado os Borderline desenvolvem o que pode chamar uma defesa hipomaníaca contra a depressão, levando-os a uma convicção de que conseguirão lidar com tudo sozinhos e que não necessitam de ninguém para a sua recuperação. Não se trata de surtos narcisistas mas de medo de confiarem novamente no mundo em geral e serem desiludidos.
Também o medo de que mais uma vez não sejam capazes de concluir algo os desencoraja de partilhar o seu maior desejo de melhorar por medo a ter de enfrentar mais uma possível frustração e serem "punidos" pela intolerância alheia e desconhecimento da patologia e todo o processo longo e árduo de uma remissão e estabilização do indivíduo.
Pacientes Borderline podem ser os maiores atores durante uma vida, transmitindo a mensagem de que tudo está bem até ao dia que tudo muda sem aviso. Dum momento para o outro o dia se faz noite e tudo desmorona duma vez só.
É aí que os surtos acontecem e diagnósticos começam a "aparecer" de todos os lados como peixes debaixo das pedras até chegarem ao diagnóstico acertado: Transtorno de Personalidade Borderline.
Como diagnóstico base ou comorbidade o TPB vai ser sempre uma luta... demorada, tolerante e com muita necessidade de coragem, foco e determinação.
Nos critérios para o diagnóstico do TPB, como forma de sintomatologia de impulsividade e/ou obsessão, o indivíduo precisa ter pelo menos, mais de 4 sintomas dos abaixo referidos:
- Abuso de substâncias (drogas ilícitas, medicamentos, tabaco, álcool, etc)
- Excesso de organização ou completo desinteresse pela mesma (muitas das vezes em períodos de alternância)
- Condução arriscada
- Auto-mutilação
- Gastos excessivos ou compras de forma compulsiva (com ou sem condição financeira para tal)
- Vício em jogos de azar
- Compulsão alimentar
- Recusar alimentação
- Comportamento sexual arriscado
- Gritos ou ameaças de machucar os outros
- Explosões de forma física (quebrar coisas, socar ou pontapear portas, paredes ou o que encontrar à frente)
- Surtos de isolamento sócio-afetivos
Depois de identificados os sintomas mais explícitos vamos então buscar as causas sócio-afetivas, culturas, neuro e psicobiológicas e buscar respostas e um tratamento indicado para o paciente.
Das causas mais comuns já todos estamos quase que cansados de ouvir falar. Resta dar uma olhada aos fatores neurobiológicos para entendermos o que se passa de diferente dentro dos cérebros e como isso pode ser significativo quando se fala da Impulsividade nos pacientes Borderline.
Quanto à Impulsividade a hipótese de que existam diferentes tipos de comportamento impulsivo está de acordo com estudos neurobiológicos (PATTIJ; VANDERSCHUREN, 2008), neuropsicológicos (BECHARA; LINDEN, 2005) e psicológicos (STANFORD et al., 2009).
O modelo de Barratt divide a impulsividade em três subtipos principais:
- Impulsividade motora (IM), caracterizada pelo agir sem pensar;
- Impulsividade atencional (IA), caracterizada pela falta de concentração
- Impulsividade por não planejamento (INP), caracterizada por uma orientação voltada para o presente e não para o futuro (PATTON et al., 1995).
O aspecto multidimensional da impulsividade aponta para uma possível diversidade de mecanismos biológicos subjacentes ao fenótipo e não apenas para um substrato único (EVENDEN, 1999).
Estudos realizados na população clínica apontam para circuitos do córtex pré-frontal como responsáveis pelo controle do comportamento impulsivo (BECHARA et al., 2000; BECHARA; LINDEN, 2005).
O córtex pré-frontal conecta-se a todas as áreas de associação do córtex e ao sistema límbico e encontra envolvido pelo menos nas funções de:
- escolha, monitoração e modificação de opções e estratégias comportamentais mais adequadas a um objetivo;
- manutenção da atenção
- controle do comportamento emocional (em conjunto com o hipotálamo e o
sistema límbico) (MACHADO, 2007).
Bechara e Van der Linden (2005) propõem que a impulsividade segue três padrões distintos funcionalmente e estruturalmente:
- O primeiro tipo de impulsividade, IM, está associado a déficits na inibição de respostas;
- O segundo tipo, a impulsividade cognitiva por dificuldades de atenção / memória operacional, está associada a dificuldades na inibição de informações irrelevantes da memória operacional e da atenção;
- O terceiro tipo, a impulsividade cognitiva por dificuldades de tomada de decisões, que consiste na dificuldade de adiar gratificações, sendo orientada pelo presente sem levar em consideração as possíveis conseqüências em longo prazo. Malloy-Diniz et al. (2007) encontraram uma relação entre o modelo de Bechara o modelo de Barratt.
Neste estudo os autores relacionaram a IM e a impulsividade cognitiva por dificuldade de atenção/memória do modelo de Bechara com a IM e Ia do modelo de Barratt respectivamente. Também relacionaram a impulsividade cognitiva por dificuldade de tomada de decisão de Bechara com a INP de Barratt.
Três circuitos pré-frontais estão envolvidos com os diferentes tipos de impulsividade:
- o circuito dorsolateral
- o circuito orbitofrontal
- o do cíngulo anterior (BECHARA; LINDEN, 2005; MALLOY-DINIZ, 2008).
Comprometimentos no circuito dorsolateral do córtex pré-frontal podem ocasionar aumento da IM e da impulsividade por falta de atenção.
Comprometimentos no circuito orbitofrontal lateral estão associados a comportamentos de risco e à alteração da personalidade, com redução da observação das normas sociais, infantilização, dependência de reforço e, também, uma redução da tolerância à frustração que leva a dificuldades na capacidade de tomadas de decisões adequadas devido à incapacidade de antecipar as consequências das escolhas.
Este circuito se relaciona à INP. Finalmente o circuito do cíngulo, que está relacionado à motivação, monitorização de comportamentos, controle executivo da atenção, e seleção e monitoração de respostas.
O estudo de polimorfismos genéticos relacionados ao sistema dopaminérgico e serotoninérgico oferece resultados promissores para a compreensão da impulsividade como endofenótipo em diferentes quadros psiquiátricos.
Por exemplo, o polimorfismo do gene do transportador de serotonina (5HTTLPR) tem sido frequentemente relacionado ao comportamento impulsivo em indivíduos que tentam suicídio (principalmente os que tentam de forma violenta) (TURECKI, 2005). Este polimorfismo consiste na inserção/deleção de 44 pares de base na região promotora do gene do transportador de serotonina, resultando em dois alelos possíveis: um alelo longo (inserção dos 44 pares de base) e um alelo curto (deleção dos 19 44 pares de base). O alelo curto tem sido relacionado a uma diminuição da atividade serotoninérgica, comparado ao alelo curto.
Existem diversos estudos relacionando a presença do alelo curto a um aumento da quantidade de tentativas de suicídio, a letalidade das tentativas de suicídio e também a um aumento da impulsividade (TURECKI, 2005).
A impulsividade, neste caso, pode figurar como um fenótipo intermediário entre a diminuição da atividade serotoninérgica e as tentativas de suicídio.
Entre outros polimorfismos genéticos relacionados à neurotransmissão que têm sido apontados como relacionados com a impulsividade e com as tentativas de suicídio podemos citar os polimorfismos dos genes TPH1, localizado no braço curto do cromossomo 11, e TPH2, localizado no cromossomo 12, responsáveis pela produção da enzima triptofano
hidroxilase, envolvido na síntese da serotonina.
Ambos expressam no sistema nervoso central em intensidades diferentes dependendo da região cerebral (COURTET et al., 2005; GALFALVY et al., 2009). De Luca (2007) encontrou associação entre suicídio e uma variação haplotípica em um locus do gene CRHR2 (corticotropin-releasing hormone receptor 2) em uma pesquisa com pacientes bipolares.
O hormônio hormônio liberador de corticotrofina é um regulador da via hipotalâmica-pituitário-adrenal (HPA).
Alterações na HPA têm sido relacionadas à impulsividade, agressividade e comportamento suicida.
1. Pessoas com deficiência na capacidade de tomada de decisões podem ter maior propensão a se envolverem em relacionamentos problemáticos sendo incapazes de resolver os problemas à medida em que ocorrem.
2. Eventos estressantes e aparentemente insolúveis aumenta o risco de depressão e de ideação suicida nas pessoas vulneráveis. A dificuldade nas relações interpessoais reduz a capacidade de proteção dos familiares.
3. A capacidade reduzida para tomada de decisões adequadas acaba por aumentar o risco da escolha do suicídio como alternativa em uma situação complexa e estressante.
Os resultados destes estudos apontam para prejuízos na capacidade de tomada de decisões como um traço neuropsicológico para a vulnerabilidade para o comportamento suicida.
Os resultados obtidos apontaram para a forte influência do transtorno de personalidade borderline como um dos fatores que influenciam o comportamento suicida juntamente com a impulsividade do subtipo por não planejamento.
Neste estudo chegamos então a dois resultados principais:
Criamos um protocolo de medida laboratorial da impulsividade e seus subcomponentes, e desenvolvemos um modelo estatístico de predição do número de tentativas de suicídio através da presença ou não da comorbidade com transtorno de personalidade borderline e da medida da INP.
Os passos seguintes a serem tomados são uma avaliação mais aprofundada dos instrumentos, CPT-II e IGT, utilizados como medida comportamental da impulsividade e sua relação com o modelo de Barratt. Para isso serão comparados seus resultados com resultados obtidos com a escala de autorrelato BIS-11. Também é interessante replicar este estudo em uma população com transtorno de personalidade borderline sem transtorno bipolar para posterior comparação com os resultados obtidos aqui na população bipolar e tentar compreender melhor a relação entre os transtornos de personalidade borderline e bipolar com a impulsividade.
Os resultados obtidos estão em concordância com outros estudos que avaliaram a tomada de decisão em tentadores de suicídio (JOLLANT et al., 2007), a relação entre o comportamento suicida e avaliação neuropsicológica em pacientes bipolares do tipo I (MALLOY-DINIZ et al., 2009) e o aumento da impulsividade associada à gravidade do histórico de tentativas de suicídio em pacientes bipolares (SWANN et al., 2005).
Vale a pena de vez em quando dar uma olhada nestes estudos para ajudarmos os pacientes que provavelmente mais sofrem no caso dos Transtornos Afetivos e Emocionais com maior probabilidade de suicídio no mundo inteiro: Portadores de TPB e Bipolares com Personalidade Borderline.
Afinal estamos todos juntos nesta causa... ou deveríamos.
Apenas uma opinião... "só sei que nada sei"!
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By: L.M. - Apenas Borderline
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