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terça-feira, 26 de agosto de 2014

Não confundir Transtornos de Conduta com TPB

Não sendo muito bonito nem digno este é precisamente o pensamento de alguém com Transtorno de Conduta em relação ao resto do mundo, embora que camuflado a maior parte das vezes sempre e quando o indivíduo necessite do próximo para alguma finalidade ou proveito próprio.



Eu gostaria muito que este artigo conseguisse que se fizesse luz na mente de alguns profissionais, opinião pública e mesmo alguns pacientes diagnosticados como Borderline que ainda podem estar um pouco "confundidos" com o que realmente são sintomas e características do TPB.
Em nenhum Manual de Diagnóstico Mental eu consegui encontrar como dado ou base de estudo nada que ligasse o TPB à falta de consideração pelo próximo, pelos seus desejos, necessidades, insensibilidade com respeito às necessidades alheias, falta de culpa, discernimento e incapacidade de distinguir o bem do mal ou completa falta de remorso como sendo características de um Borderline. Isso não existe e ao ter existido algum dia seria um absurdo e falta de bom senso.
Se necessita duma vez por todas que se faça luz na cabeça de todos, que estas características são próprias de um Transtorno de Conduta que a certa altura começa a ser bem mais visível para aqueles que rodeiam do que para o próprio indivíduo porque isso, efetivamente sempre fez parte do seu self. 

O diagnóstico é bem mais próximo de um Transtorno Anti-Social (não fobia social) do que um TPB... aliás, o que sobra num paciente TPB é a sensibilidade, emoção e necessidade de dar e receber afeto e não a ausência de todos estes fatores.

Normalmente este Transtorno de Conduta faz-se notar desde muito cedo, ainda na fase da infância e se não cuidada convenientemente ela evoluirá pela adolescência até à fase adulta onde será de muito mais difícil tratamento mas de fácil diagnóstico de forma indiscutível.
A pior parte de tudo isso é que o indivíduo com este transtorno de conduta tem completa ausência de culpa e desta forma jamais procurá um médico, terapeuta ou alguém especialista que o possa ajudar e orientar (não por esta causa), sendo assim ele continuará se vendo e caracterizando como uma pessoa de 
humor e inteligência acima do normal.
A perturbação predominante do humor manifesta-se na maior parte das vezes pela irritabilidade, particularmente quando os desejos da pessoa são frustrados e nula resistência a opiniões diferentes das suas. É aí que entra o potencial agressivo e violento do paciente em fase maníaca... a "auto-estima" super inflada obsessiva está quase sempre presente podendo chegar a casos bastante graves derivados da sua pura 
autoconfiança sem crítica até uma acentuada grandiosidade que pode alcançar proporções delirantes. A rebeldia passa a fazer parte do seu self não importando a que preço.

É típico dos pacientes com esse transtorno viverem acusando todo o mundo à sua volta das suas ações. Existe um déficit enorme de auto-estima embora a pessoa tenha sempre a tendência ou necessidade de mostrar ao próximo uma imagem de "invencibilidade".
Os sintomas de ansiedade e depressão são comuns e podem justificar o diagnóstico muitas vezes equivocado destes pacientes.
Normalmente o comportamento anti-social da infância terá continuidade na fase adulta... grave é quando banalizado e caracterizado como sendo "normal" e fazer parte do "comportamento natural de todas as crianças"...
Em que mundo vivemos?


Para começar a se definir um diagnóstico do Transtorno de Conduta, é necessário a ocorrência persistente e repetitiva de mais de 4 características abaixo indicadas:

-  Roubo sem ser visto ou sem confronto direto com a vítima em mais de uma ocasião
-  Fuga de casa durante a noite, pelo menos 2 vezes enquanto vivendo na casa dos pais ou lares adotivos ou 1 vez sem retornar.
-  Mentira e calúnias ao próximo frequentes
-  Envolvimento deliberado em provocações de incêndio.
-  Ausências frequentes à escola ou emprego ou recusa dos mesmos (conforme a idade do indivíduo)
-  Destruição ou danificação deliberada de propriedade alheia ou mesmo na própria casa sem que haja forma ser responsabilizado
-  Crueldade com animais
-  Forçar alguma atividade sexual (com estranhos ou mesmo companheiras/os.)
-  Uso de arma (branca ou de fogo) em mais de uma briga.
-  Início de brigas, desacatos ou confrontos físicos.
-  Roubo com confrontação da vítima
-  Crueldade física ou verbal gratuita com pessoas
- Sentido de indiferença com o próximo dando prioridade sempre às próprias necessidades


Como já falei em alguns artigos anteriores, também esta patologia tem vários graus como todas as outras existentes:

Grau 1 ou leve - Quando o indivíduo não tem mais sintomas no Transtorno de Conduta do que os minimamente exigidos para o diagnóstico e os mesmos não transtornam a vida dos que estão á sua volta.

Grau 2 ou moderado - Quando os sintomas  aumentam de número exigidos para o diagnostico leve e começam a afetar a vida e bem-estar dos demais.

Grau 3 ou grave - mais de metade das características de diagnóstico estão presentes e definitivamente e os problemas de conduta causam danos importantes na vida dos demais tais como lesões corporais, roubos, ameaças físicas ou verbais ameaçando a integridade e equilíbrio das vítimas, fuga ou ameaças de fugas da própria casa, vandalismo, etc.

Grau 4 ou muito grave: Existência, além das características acima referidas, de episódios maníacos e outros transtornos como comorbidade. Estes episódios de perturbação de humor (nem sempre identificados pelos mais próximos porque o indivíduo parecem estar na sua fase melhor da vida) normalmente podem-se distinguir pelos seguintes sintomas:

- Auto-estima exacerbada ou delírio de invencibilidade
- Fala descontrolada sem ter necessidade de escutar os outros
- Pouca ou nenhuma necessidade de sono
- Formação de ideias sem nexo
- Pensamento acelerado sobre concretização de projetos
- Necessidade de agredir o próximo sem a menor culpa ou propósito, apenas porque se acha sinceramente o dono da palavra e da razão
- Agitação psico-motora com necessidade de verificar e superar sempre os seus limites


Se o humor da pessoa for normalmente mais irritável do que expansivo, a fala pode ser marcada por queixas contra o mundo, comentários hostis ou tiradas coléricas. Um aumento do impulso, fantasias e comportamento sexual em geral está presente. Expansividade, otimismo injustificado, grandiosidade e fraco julgamento frequentemente levam o paciente com episódio maníaco envolver-se imprudentemente em atividades prazerosas tais como surtos de compras, abuso em estupefacientes (drogas, álcool ou excesso de medicação), direção imprudente, investimentos financeiros sem nexo e comportamento sexual incomum para a pessoa, apesar das possíveis conseqüências dolorosas destas atividades.
O comprometimento resultante da perturbação pode ser suficientemente severo para causar acentuado prejuízo no funcionamento ou para exigir a hospitalização, com o fim de proteger o indivíduo das consequências negativas das ações resultantes do fraco julgamento. 
Essas consequências envolvem atividades ilegais, perda do emprego, condições financeiras baixas ou inexistentes devido ao seu comportamento descompensado e irresponsável, comportamentos agressivos e propensão fraca ou nula para desenvolver relacionamentos afetivos (com família, amigos ou relacionamentos amorosos). Eles podem até ter início mas no momento que as suas necessidades não forem correspondidas todos serão vistos como alvos "a abater" como se fossem eles os causadores de todo o infortúnio da sua vida.

E aí, entenderam a diferença?
Mau "caratismo" pode ser um sintoma de um determinado tipo de transtorno mas com toda a certeza não será o Transtorno de Personalidade Borderline.
Muito foco aí e não se tentem esconder atrás de algum transtorno para justificar as vossas atitudes menos dignas... a não ser que você tenha algum tipo de Transtorno de Conduta (mas que é tratável se você quiser) ou seja Psicopata!
Você é?
Nada como ir a um bom especialista, não esconder nada sobre você (o sigilo profissional é absolutamente obrigatório a menos que você esteja colocando a sua vida ou a de outra pessoa em perigo eminente) para que o diagnóstico possa ser bem feito e o tratamento dê resultado... isto é, caso você esteja interessado/a em mudar!

By: L.M. - Blog Apenas Borderline

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