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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Ciúme Borderline ou Síndrome de Otelo


"Otelo, o Mouro de Veneza", é uma obra de William Shakespeare que conta a história de um homem que ama demais sua esposa. Mas, consumido pelo ciúme desmedido por ela, ele acaba matando-a e descobrindo depois que ela não o havia traído como ele imaginara. 

Sobre este tipo de ciúme derivado da obra de Shakespeare surgiu o termo Síndrome de Otelo, uma doença onde existe ciúme patológico e paranoico duma pessoa perante por outra.

O ciúme patológico é normalmente baseado em delírios de traição e desejo obsessivo de controle sobre o parceiro.
No caso específico Borderline o ciúme pode ser entendido como o medo de perder uma pessoa amada para um terceiro. A hipótese de abandono nem que seja por algumas horas é insuportável. Remetendo a maior parte das vezes a experiências da sua infância ou adolescência a associação torna-se inevitável ainda que maior parte das vezes seja de forma inconsciente. Ainda que complexo, o sentimento afeta homens e mulheres de todas as idades.

Todos nós temos uma carga genética que determina se somos mais ou menos ciumentos e aprendemos a lidar com isso ainda quando crianças, quando percebemos que não existe somente aquela dupla mãe-bebê, mas também existem outras duplas: mãe-papai, mamãe-irmão, mãe-avó, mãe-trabalho, etc., gerando um forte sentimento de exclusão com o qual todos nós temos de aprender a lidar, também em outras relações, durante toda a vida.
Embora existam pessoas com mais ou menos tendência para serem ciumentas, a verdade é que ninguém está imune, quem diga o contrário estará mentindo (a menos que seja psicopata, claro). E se há algum aspecto da vida em que esse sentimento é mais recorrente, com certeza é na esfera amorosa.
Na relação a dois, o espaço reservado para o ciúme pode abrigar desde o nível saudável até ao doentio. O sentimento é considerado normal quando transitório e baseado em fatos reais ao contrário o ciúme patológico.
É comum encontrar pessoas com a Síndrome de Otelo que observaram pais que brigavam constantemente por ciúme e no caso dos Borderline são é excepção.


Esse tipo de ciúme caracteriza-se por ser exagerado, sem motivo aparente que o provoque, deixando o ciumento absolutamente inseguro e descontrolado. 
Pensamentos e emoções irracionais muitas vezes associado a comportamentos exagerados e violentos, derivados da exacerbada preocupação com a suposta infidelidade do parceiro/a baseada em provas inconsistentes e por vezes imaginárias começam a fazer parte das suas vidas.
Dúvidas se transformam em certezas absolutas para o Borderline levando-o/a a checar celulares, ligar vezes sem conta durante o dia para o parceiro/a, quer saber a quem enviou mensagens, que e-mails recebeu, qual motivo, com quem falou, sobre o quê, onde está, a que horas voltará, insistir para que ambos abram uma conta conjunta no facebook e fecharem as anteriores individuais (ao mesmo tempo para controlar e mostrar aos demais que é ele/a que está no comando) e mais recentemente, como se não bastasse tudo isso ainda tinha de ser inventado o watsupp. rsrs
Estou tentando suavizar o assunto mas trata-se de uma patologia muito séria que pode detonar uma relação. A vida torna-se num verdadeiro inferno.

Este Síndrome está registrado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), envolve emoções como dor, humilhação, raiva, tristeza, inveja, medo e pensamentos de culpa, comparação com o rival, autocomiseração. 

A Síndrome de Otelo envolve reações físico-psicossomáticas como um aperto no peito, sensação de taquicardia, sudorese, dores e reações comportamentais como ansiedade, agressividade, agitação ou até mesmo confusão mental.

Ao contrário do que se fala dando exclusividade desta patologia às mulheres, ambos os sexos sentem ciúmes e os homens estão em maior percentagem. A questão de gênero nesses casos muda na atuação e reação, pautada por causas biológicas e culturais, ou seja, a mulher é quem mais demonstra mas o homem é quem mais reage. 
O homem é naturalmente mais agressivo devido à testosterona e, consequentemente, mais propenso a crimes passionais.
Se este transtorno não for diagnosticado e tratado pode ter um desfecho trágico.
Mais uma vez alerto que esta patologia não está presente em todos os casos TPB. Conforme o tipo de Borderline assim varia a sintomatologia e reações aos diversos aspetos da vida.
Não esqueça jamais que, apesar de tudo o que se possa ter em comum, cada ser é UNO.





Por último terá de acontecer o mais difícil: o Borderline admitir o ciúme patológico e querer se tratar.
Será um caminho árduo mas absolutamente necessário e muito compensador.
Se isso não acontecer, só restará uma decisão de bom senso ao parceiro/a: tomar a decisão que o que o Borderline luta desde que se entende por gente para evitar: o abandono para salvaguardar a sua sanidade ou até mesmo a própria vida.

Limites são mais uma vez necessários... uma e outra vez!
Tudo tem de ter limites na vida... ou não será?

By: L.M. - Blog Apenas Borderline

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