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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Diagnóstico depois da Maternidade/Paternidade





Tente não REPETIR ERROS,
mesmo que à primeira vista lhe pareçam o melhor para os seus filhos.
Páre, olhe para trás... "seja a mudança que quer ver no mundo"!

O erro mais comum dos pais em geral e, tratando-se de pais Borderline o perigo aumenta, é o mais óbvio de todos: tentar amenizar a dor dos filhos com o carinho privando as crianças de aprender com o próprio sofrimento impedindo que eles errem e aprendam com a experiência que será deles e não as suas. Esta é a base para a não repetição de comportamentos que possa provocar a dor.
Se eles se machucarem lembrem-se sempre que isso faz parte do aprendizado e se tornarão mais fortes desde e sempre que tenham tido um ambiente saudável, estável, de respeito e comunicação em casa.
Eles vão errar com toda a certeza, se machucarão mas seu papel é estar esperando por eles. Se necessário ajudem mas sem direito a sermão posterior. Até porque não adiantará de nada porque todos somos feitos do mesmo material, apenas humanos e assim sendo todos somos imperfeitos.

Tudo bem. Agora vocês vão perguntar: "se  a experiência é tão importante e aprendemos tanto como seguimos repetindo os mesmos erros pela vida?" A resposta é simples: qualquer ser vivo responde positivamente a impulsos agradáveis e procura afastar-se instantaneamente dos fenômenos que o fazem sofrer mas precisamos entender que existem diferenças de percepção e de valores entre as pessoas.
O ser humano tem a tendência de não ler os sinais do Universo por uma razão que não tem explicação. Isso acontece talvez porque sempre queremos ou tentamos encontrar a resposta, ou a explicação, no lugar errado. Às vezes, quando temos apenas de observar, tentamos racionalizar. Outras vezes fazemos ao contrário. Vá alguém entender porquê, verdade?
A maioria dos portadores de TPB demasiadamente protegidos, privados da vida real de alguma forma, tiveram que fazer escolhas de vida precipitadas para fugir a condições impostas por ou para eles que acabaram por não satisfazer os seus ideais.

E aí, vão repetir os mesmos erros mesmo que pensem que é para o bem dos vossos filhos?
Tudo bem que no meio da vossa vida descobriram qual a razão de sempre se terem sentido diferentes, sabendo o que sabem hoje talvez nem tivessem feito a escolha de serem mães e pais Borderline mas a realidade é bem diferente, então o melhor é lidar com a maior naturalidade possível, estando atentos, cuidando de vigiar esse aspeto de longe mas jamais transfiram essa angústia para os seus filhos ou então terão mais um problema para resolver conforme eles forem crescendo.
Muita calma nesta hora. Sem julgar ninguém, muito menos a si mesmo, o que de melhor podemos fazer é continuar na luta pelo aprendizado diário e aprender que errar é um dos caminhos a seguir.

Insistir em uma postura rígida, sem espaço para mudanças e manobras, pode ser visto e sentido pela criança como uma falta de confiança e validação mesmo a sua intensão sendo a inversa. Correndo o risco de atingir um ponto insustentável, mágoas e ressentimentos se acumularão e ninguém gosta de ser rotulado, muito menos previamente e por medo a algo que pode nem se revelar como verdadeiro.
Começara  tentar arranjar outras soluções para o comportamento supostamente suspeito de desajuste de seus filhos também não é solução. Dê tempo ao tempo... eles no seu devido momento buscarão as suas respostas, podem ter a certeza disso.

Para reduzir o risco de terminar um vínculo pais/filhos busque praticar o respeito e a escuta. Procure saber como eles se sentem, fale sobre o que incomoda, ouça da melhor forma uma queixa e observe os sinais passados. Acima de tudo faça uso da maturidade, fazendo da relação uma troca de cuidados.

Tentarei passar aqui algumas dicas para que tudo seja mais fácil... ninguém é melhor que ninguém e cada experiência é únicas mas gostaria muito que um dia, já muito distante, tivessem tido algumas destas atitudes comigo. Desta vez não utilizarei o "E Se" porque tenho a certeza que tudo teria sido bem diferente.
Podem dizer que os filhos dos indivíduos com TPB têm 75% de probabilidades de ser Borderlines também. mas estou segura que o transtorno só se manifestará se alguns pontos forem descuidados.

O mais importante de tudo é deixarem eles com a liberdade de serem e fazerem o que querem das suas vidas. Não queiram nem tentem cumprir objetivos  realizações encima da vida deles. Cada vida é única assim como cada ser. Deixem eles fazer as suas descobertas, escolherem os caminhos deles, viverem em paz e harmonia.
A vossa missão é proteger e cuidar enquanto eles não começam a dar os primeiros passos no molde da sua personalidade... depois não vos restará mais do que abençoar cada passo deles com a certeza que sempre agirão de acordo com a sua formação pessoal e caráter. De nada servirão palavras se não forem acompanhadas por atos coincidentes e isso é um valor que deve ser aprendido e passado através de gerações.

Vamos então ás dicas:
1- Não respeitar as suas escolhas
Nada mais incomoda tanto uma pessoa quanto a falta de respeito e as crianças não fogem à regra. Se o respeito acaba, é inevitável que o Amor sofra um abalo enorme, pois o amor exige respeito e compreensão. Os pais devem entender que eles podem ter meia dúzia ou uma dezena de filhos, mas cada um seguirá caminhos diferentes, fará escolhas diferentes e optará por valores, princípios ou costumes diferentes.
Não respeitar essas decisões resulta em desequilibrar qualquer sentimento de paz já nutrido. E expressando respeito, o laço se fortalece e o amor se solidifica.

2- Críticas destrutivas X construtivas
Às vezes, os pais, talvez pelo sentimento de proteção que possuem, pronunciam palavras que machucam, e em vez de serem palavras aconselhadoras, surtem um efeito muito negativo.
É preciso saber conversar, orientar, sem ofensas ou discriminações.
A orientação, validação e principalmente a imposição de regras e limites são essenciais para a formação de toda a criança mas sempre na base do respeito, comunicação e carinho.

3- Falsas acusações
Outro ponto bastante negativo é levantar falsas acusações sem conhecer os verdadeiros motivos. Suspeitar é algo, mas ter certeza é totalmente diferente. reparem que estamos falando de crianças com fortes probabilidades de, no mais mínimo descuido comportamental exterior, virem a desenvolver o transtorno Borderline mas, mesmo sem o transtorno a maioria terá com toda a certeza as emoções ao rubro e uma menção de falta de confiança nelas pode causar muitos prejuízos imediatos e no futuro.
Levantar acusações é fomentar a discórdia, "Ah, porque você fez isso", "Você fez aquilo" é remoer assuntos passados, é querer reviver os momentos, é como se ficasse algo inacabado. Busque ser justo e amoroso sempre, se houver algum tipo de desentendimento, o melhor é conversar sem rancor.

4- Fofocar para parentes
É muito feio e chato, quando um problema surge e os pais correm para espalhar o "problema", vira uma bola de neve. Quando o filho chega em determinado evento, todos olham para ele como se fosse um ET, o único ser ao cimo da terra que comete erros (quer os tenha cometido ou não). No fim da adolescência ou princípio da fase adulta costumam vir outras pérolas como é o caso dos inevitáveis: "não se importa com a família de sangue", "abandonou os pais e irmãos", "o ingrato", e chega a um ponto em que o filho sente-se constrangido, porque aquela não é a realidade e para evitar confusão, afasta-se sem dar explicações.
Se houver algum problema familiar, evite falar para outros da família ou quem quer que não seja da sua inteira confiança. tentem sempre conversar entre si, sem envolver mais ninguém além das pessoas em questão.

5- Chantagens emocionais
Outras vezes, os pais dão sugestões para o filho mudar, sugestões egoístas, como: "Desse jeito, você não ganha nada", "Assim, você só está perdendo, seus outros irmãos têm tudo e você não", etc.
As pessoas não são objetos e ninguém deve ser comprado, o Amor é construtivo, não o contrário.

6- Intolerância religiosa
Ora aqui uma coisa que eu tive de aprender a lidar desde que cheguei a este país.rsrs Em nenhuma parte do mundo eu tive de ter esta preocupação em relação a como a religião pode realmente constituir um problema na vida das famílias e na vida sociedade em geral. Mas enfim, todos temos de nos ambientar á realidade que vivemos... ao Agora, então vamos lá:
Não aceitar a religião, doutrina ou forma de vida que seus filhos venham a optar, destratando-os, chamando-os de loucos, "fanáticos". etc, não vai ajudar em nada. Aliás, no caso de Borderlines só vai piorar. Eles são buscadores da verdade por natureza... a sua verdade. Então não abuse da paciência deles por favor. Usar termos baixos pela escolha religiosa ou não, que fizeram é zombar e quebrar mais uma vez o vínculo fraterno.
Respeitando e aceitando as suas escolhas você criará um clima de paz e união... SEMPRE... o respeito é e será sempre a base de todo o relacionamento humano seja ele qual seja.

7- Buscar perdão e reincidir nos mesmos erros
Aquele que pediu perdão foi perdoado, e passado um tempo, comete novamente os mesmos erros, de verdade, parece nunca ter sido sincero. Aquele que busca perdão por um erro cometido, depois de receber, não volta lá para magoar de novo, reabrir a ferida. O perdão é a riqueza da alma, mas repetir os mesmos erros é não valorizar esse perdão. na verdade é zombar com o que comete a caridade de perdoar. A distância vai se sentindo cada vez mais e chegará o dia que a sua palavra nada mais importará.

8- Empreender uma situação para prejudicar o filho
Pais e mães, não façam isso, por mais que não concordem com o estilo de vida que seus filhos vivam. Não tentem prejudicá-los usando outras pessoas, ou situações estimulando ou atrapalhando os planos que eles têm.
A vida é deles. Se não quer ajudar, por obséquio, não atrapalhe.

9- Cobranças
Até certo ponto você pode cobrar, mas deixe sempre o espaço aberto para o livre-arbítrio de cada um. É importante que você demonstre preocupação e tente orientar da melhor forma, mas, às vezes, cobranças demais em vez de ajudar prejudicam.
A melhor forma sempre é um diálogo com Amor e tolerância. Se algumas coisas são muito difíceis de lidar ou aceitar, tenha paciência, porque "A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira."
Não pode querer receber abraços de um mico que você está puxando o rabo.

10 - Falar como se o filho não estivesse presente
Uma das queixas mais frequentes de filhos (mais especificamente de crianças) quando eu tratei de crianças era a dos pais falarem com pessoas, sabendo que eles estavam do lado mas sempre agiam como se eles fossem surdos ou retardados.
Minha gente, as crianças além de (normalmente) terem uma audição apuradíssima (sendo Borderlines a condição aumenta consideravelmente) eles também são espertíssimos. Assim que quando você pensar que eles não estão entendendo o que estão dizendo saibam que sim, eles estão.
Além do mais estão furiosos por vocês estarem falando deles com alguém que muitas das vezes eles nem conhecem. Vocês estão devassando a privacidade deles mesmo tendo a melhor das intenções. procurem ser mais recatados e se quiserem falar de algo falem com gente de confiança, sempre com eles presentes e olhando nos olhos deles ou, melhor ainda, acalmem os vossos corações com eles mesmos.
Aposto que isso acontecia com vocês repetidamente... então porque repetem?

11 - Nunca os responsabilize por algo que não é da sua competência
Jamais se desculpe colocando no seu filho responsabilidades que são suas e apenas suas. Você tem a responsabilidade de cuidar dele e não ele de você! Os adultos têm a terrível mania de quando estão discutindo com alguém ou querem por exemplo tomar uma decisão que possa dar errado, se realmente isso acontece culpabilizar os filhos por não ter arriscado, em prol da segurança econômica ou social, em algo que com toda a certeza seria benéfico para todos.
Metam uma coisa no vosso pensamento: crianças necessitam paz, amor, carinho, compreensão e respeito... não de cobranças injustas e culpas alheias.
Até porque elas não pediram para nascer... e se pediram não foi neste plano.

12 - Esteja atento aos sinais
Observe atentamente todos os sinais que podem revelar comportamentos de TPB mas de longe, sem constranger a criança nem falar diretamente no assunto. Se fizer  contrário, em vez de você estar prevenindo você pode estar influenciando um comportamento desajustado sempre e quando o jovem ou criança esteja insatisfeita ou for contrariada.
Obviamente não estou falando apenas da auto-mutilação mas igualmente do isolamento, comportamento fóbico social, estados de agressividade desmedida e sem sentido, tentativas de tapar demasiado o corpo mesmo em épocas de calor intenso, etc...
Se a resposta for negativa é importante nunca descuidar a vigilância mesmo de longe... se notar algum sinal converse com ela e procure um terapeuta o mais rapidamente possível.

13 - Não descuide sinais por "certezas que" são só suas
Por último não posso deixar de falar, embora possa chocar a alguns dos leitores, da necessidade de vigiar o corpo dos vossos filhos, não só pelo caso de eles se terem mutilado mas igualmente pelos casos de tentativas de abuso.
Lembrem-se igualmente sempre que a desculpa de que eles não vão para nenhum lugar desconhecido sem vocês não é viável: a maior parte dos abusos cometidos contra crianças e adolescentes acontecem dentro do circulo familiar ou amigos chegados. Só desta forma o abusador tem a possibilidade e certeza de poder controlar a vítima.

Eu penso que não esqueci de nada. Este assunto sempre mexe de alguma forma com a sensibilidade de todos (eu acho)... mas se faltar eu voltarei para acrescentar e retificar.

Mais uma vez espero que todos os pais com TPB (mães e pais em transtorno, em remissão ou apenas Borderline) tenham se colocado não só no papel de pais mas também no papel de filhos que ainda são ou já foram um dia.
A minha intenção, além de informar, é passar a mensagem de que tudo pode ser diferente se apenas tentarmos.
Ninguém diz que vai ser diferente, apenas que tem grandes chances de não ser igual.
Ninguém tem o direito de condenar o outro a uma sentença sem primeiro dar a chance de defesa... é assim e sempre será em tudo na vida!

Excelente caminhada para vocês e os vossos filhos.
Seja como seja, será sempre a escolha deles, nunca a vossa!

By: L.M. - Blog Apenas Borderline

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