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quinta-feira, 31 de julho de 2014
Dificuldades no tratamento do TPB
Mesmo sendo difícil de admitir, na maioria das vezes, no começo do tratamento a uma pessoa com TPB é bastante complicado e frequentemente invadidos pelas dificuldades de relações interpessoais do paciente.
Fazer o médico fracassar em suas tentativas de ajudar torna-se, com frequência, o foco mais importante, mesmo que inconsciente.
As queixas e reclamações são frequentes e em menos de seis meses a metade dos pacientes que iniciam um tratamento já o terão abandonado. Estima-se que apenas 10% dos pacientes façam um tratamento até o final.
Os tratamentos que apresentam os melhores resultados são aqueles que envolvem psicoterapia, medicação (quando necessária), orientação ou terapias sócio-afetivas e familiares.
Podemos definir as causas desta dificuldade em 4 items:
1 - Os efeitos da medicação são modestos. Não existem medicamentos para mudar o caráter de uma pessoa. Podem ajudar a melhorar algum sintoma ou eventual comorbidade da patologia mas a personalidade ficará igual se não tratada com terapias comportamentais que mais se adaptem ao paciente.
2 - A medicação funciona melhor em um plano de tratamento que inclui suporte à família e estrutura sócio-afetiva do paciente e psicoterapia. Esta combinação de esforços melhora a aderência e confiança no tratamento minimizando o comportamento auto-destrutivo. Na maioria das vezes a condição econômica é deficiente para garantir um tratamento medicamentoso eficiente... pensar em pagar a um psiquiatra e psicoterapeuta mensalmente é loucura para a maioria dos cidadãos brasileiros... então onde vamos parar se não se mudar as mentes dos ditos normais?
Tratamento completo e eficiente no sistema nacional de saúde é necessário e urgente!
3 - Não há estudos que possam dar garantia da segurança de medicamentos mantidos por prazos longos com caráter preventivo, e a medicação por tempo prolongado só deve ser mantida com persistência dos sintomas ou extrema vulnerabilidade.
4 - O TBP permanece como uma síndrome heterogênea e não há tratamento específico e ao que parece até aos dias de hoje, nem muito interesse em conhecer melhor o transtorno. Então neurolépticos, anticonvulsivantes, estabilizadores de humor, antidepressivos e outros agentes farmacológicos podem ser usados segundo a especificidade de cada paciente sendo que na maioria podem ser mais prejudiciais do que benéficos sem um acompanhamento terapêutico adequado.
5 - A grande maioria dos médicos psiquiatras deste país (Brasil) resolveram que acompanhamento psicológico é desnecessário e não faz parte do processo de recuperação dos pacientes.
No resto do mundo psiquiatras e psicólogos trabalham em conjunto para melhor e mais rápida recuperação e sucesso no tratamento do paciente, aqui parece que é crime. Muitos se recusam a sequer admitir a ajuda dum colega... quase esquecia, para a maioria dos psiquiatras, psicólogos e terapeutas não são colegas de trabalho.
O que podemos esperar do futuro?
Esperamos que o crescimento do interesse dos profissionais de saúde mental por este apaixonante e difícil tema possa trazer novas pesquisas e conhecimentos que beneficiem os pacientes com TBP, seus familiares e a comunidade.
Que novos conhecimentos melhorem a compreensão de todos das causas do TBP, indiquem melhores caminhos para os tratamentos, que nos permitam diferenciar os sub-grupos de TBP que melhor reagem aos tratamentos e compreender porque alguns não reagem.
Felizmente hoje o TPB já é bem mais conhecido do que à alguns anos atrás... mas ainda há muito caminho a precorrer!
By: L.M. - Blog Apenas Borderline
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