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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Borderline e a Importância do vinculo materno no desenvolvimento da criança


Educar um filho é a maior de todas as artes... mas nem todo o mundo nasceu artista!!
A tarefa não é fácil, pois os cuidados com a criança se mostram constantes e permanentes, tornando-se a chave principal para a saúde de toda e qualquer criança, mesmo depois dela alcançar um certo grau de desenvolvimento e independência... mas sempre ouvi dizer que não tem asas não deveria querer aprender a voar.

A importância dos pais fornecerem uma base segura a partir da qual uma criança ou um adolescente pode explorar o mundo exterior e a ele retornar, certos de que serão bem-vindos, nutridos física e emocionalmente, confortados se houver um sofrimento e encorajados se estiverem ameaçados. Quando isso acontece reforça-se que, se tudo está bem, há satisfação e um senso de segurança, mas, se esta relação é comprometida, existe ciúme, ansiedade e raiva. Se ocorre uma ruptura, há dor e depressão. Nesse caso de privação materna em que a criança é afastada de sua mãe, seja este afastamento de ordem física ou emocional, muitas são as consequências, tanto de ordem física, quanto intelectual e social, podendo, inclusive protagonizar o aparecimento de enfermidades físicas e mentais.
Os efeitos perniciosos da privação variam de acordo com o grau da mesma. A privação traz consigo a angústia, uma exagerada necessidade de amor, fortes sentimentos de vingança e, em conseqüência, culpa e depressão.


Se uma pessoa teve a sorte de crescer em um bom lar comum, ao lado de pais afetivos dos quais pôde contar com apoio incondicional, conforto e proteção, consegue desenvolver estruturas psíquicas suficientemente fortes e seguras para enfrentar as dificuldades da vida cotidiana. Numa situação inversa, ou seja, se esta mesma pessoa vem a crescer em circunstâncias diferentes, seu núcleo de confiança estará esvaziado, ficando prejudicadas as relações com outros semelhantes, havendo, pois, prejuízos nas demais funções de seu desenvolvimento.

A evolução normal ou patológica da criança define-se em consequência do relacionamento normal ou à separação-individuação da criança em relação à mãe.

A origem da enfermidade mental estaria nas dificuldades encontradas pela criança provocadas por: defeitos inatos, incapacidade do ego para neutralizar as pulsões agressivas no estabelecimento do vínculo com a mãe; defeitos na relação mãe-filho: seja por patologia materna ou pela ausência real do par simbiótico e/ou traumas: doenças, acidentes, hospitalizações ou outros eventos que alterem a estabilidade emocional com a mãe ou a auto-imagem do indivíduo.
A intensidade e a precocidade dessas situações podem provocar importantes falhas no desenvolvimento infantil e, embora muitos autores definam diagnósticos de personalidade somente após o período evolutivo da adolescência, penso que são importantes os critérios com os quais é possível identificar, do ponto de vista estrutural, organizações psíquicas já mesmo na infância.

Os distúrbios graves de personalidade de tipo Borderline ou pré-psicótico são exemplos de diagnósticos possíveis em crianças. 

O elemento dinâmico central deste tipo de funcionamento mental em crianças são as manifestações depressivas contra as quais se acionam mecanismos defensivos psicóticos para lidar com angústias depressivas muito violentas, geralmente originárias das intensas privações objetais nos primeiros anos de vida.
Nesta luta contra a depressão que, na verdade, denuncia sérias dificuldades na integração dos objetos bons e maus internalizados que ora gratificam, ora frustam, a criança utiliza mecanismos defensivos cujas manifestações clínicas apontam para um polimorfismo sintomático característico da organização limítrofe.


A variedade dessas apresentações é tanta que, na maioria das vezes, diversos sintomas aparecem concomitantemente na criança: distúrbios do sono, da alimentação, da linguagem, da aprendizagem escolar e do comportamento. A instabilidade psicomotora, nesses casos, pode ser compreendida como um estado reacional a uma situação traumatizante ou ansiogênica para a criança; uma resposta a uma angústia permanente, em particular quando dominam mecanismos mentais persecutórios projetivos; ou uma defesa maníaca face às angústias depressivas.


Estas constatações diagnósticas e prognósticas corroboram a importância do papel materno, não só nos primeiros meses de vida, mas ao longo de todo desenvolvimento infantil, adolescente e até adulto do paciente, contribuindo para a estruturação sadia do aparelho psíquico do indivíduo. Se este apel falhar ou apresentar comprometimentos, terá de ser reparado e reforçado mediante a intervenção psicológica, bem como pela participação de outros profissionais.


By: L.M. - Blog Apenas Borderline

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